Foi preciso muita força para vencer esse 5° Período. Nada faz sentido...
domingo, 30 de junho de 2024
sábado, 29 de junho de 2024
quinta-feira, 27 de junho de 2024
segunda-feira, 24 de junho de 2024
5 meses sem "Jack"
"Os que partem para o Além costumam deixar uma saudade duradoura, alimentando sempre uma paixão inextinguível."
(Da personagem Plotina, livro 50 anos depois, Emmanuel/Chico Xavier).
Jack, Jack... Hoje completam 5 meses sem você... Como seguir?❣️Sigo forte✨
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Lembra de dizer...
Miracema, NossoLarSayonara, junho de 2024.
Queria começar escrevendo Meu Amor, mas você sempre dizia que gostava de ouvir seu nome saindo da minha boca, então vou começar assim:
Janaina, (ouça)
Tenho vivido dias muito difíceis. Parece que entrei num pesadelo sem fim; já consegui fazer uma lista de sensações, mas agora não é o momento para discorrê-las. O motivo desta "carta" é outro. O fato é que tenho feito muita força e muito exercício para me manter fazendo "força". Dentre esses exercícios, assisto palestras. Gosto da Mayse Braga, da Comunhão Espírita de Brasília. Ontem assisti sobre o poder do amor e, num determinado momento ela disse que esta nossa encarnação (no caso, sempre a última vivida) é a mais importante; nossos mentores e anjos guardiães apostam muito em nós, acreditando que vamos conseguir cumprir o planejado e quando lá chegarmos teremos boas histórias para contar... Não de perfeição, mas de superação.
Então, pensei em você... Sim, Janaina, você tem boas histórias para contar... Quando te convidarem a sentar na roda e falar de sua última estadia aqui, lembra de contar que você foi somente professora de sala de aula (que tem um peso bem maior) por 38 anos e que despertou afeto em muitos alunos. Que os amou e respeitou mais que transferiu conhecimentos. Que foi "encantadora", "incrível", "humana", "justa" (nunca conheci outra pessoa com tanta visão do justo). Que todo ano você era convidada para ser paraninfa ou amiga da turma na formatura, inclusive no seu 38° ano de magistério.
Lembra de dizer que você não foi apenas uma querida professora, mas que esteve comigo por 22 anos e foi leal, companheira, amiga e amor... Lembra de dizer que você pulava a grade de proteção da varanda para subir no caramanchão unicamente para colher rosas brancas, para atender à minha vontade, me proporcionar alegria... Lembra de contar que você parou de fumar antes de completar um mês que nos conhecemos, porque não queria que meu cabelo ficasse com cheiro de cigarro (e nunca teve nenhuma recaída)... Lembra de dizer que parou de tomar suas 4 latinhas de Skol em 2005, quando decidimos fazer dieta com o Dr. Renato e nunca mais tomou qualquer bebida que tivesse álcool... (Você dizia que, mais tarde, se as crianças viessem a fumar ou beber, não seria pela força do seu exemplo). Lembra, também, de dizer que você parou de comer carne vermelha e frango no réveillon de 2016 para 2017 e que você foi vencendo a si mesma...
Lembra de contar que você aprendeu a amar os animais de tal modo como se já os tivesse amado e convivido a vida inteira (ah, Billiezinha!). E cuidou e tratou feridas, resgatou, atravessou asfalto na escuridão atrás de um miado, banhou, limpou, mais uma vez e outra vez também... E levou a passear, e levou ao veterinário e deu remédio pacientemente e também pacientemente ministrou seringas de alimento na boca, a cada meia hora, para restabelecer a saúde, para fazer reviver. Lembre de dizer que pagou 150 reais a um veterinário para ver um gatinho semi morto, porque era domingo, porque tinha sido atropelado, porque não queria deixar o Nícolas triste. E voltou com o gato e ensinou às crianças que todo ser merece um sepultamento digno. Lição inesquecível para eles... Lembra de contar que você queria enterrar todos os animais mortos que encontrava pelo caminho e que assim o fez por muitas vezes, num esforço sobre humano para cavar buracos tão profundos (até que eu te desanuviei um pouco com a história dos urubus, os faxineiros naturais, que também precisam se alimentar. Não havia como recolher todos os animais pelo caminho)... Lembra de dizer que você nunca teve nojo de nenhum deles, nem de limpar a boca do Billy, que está sempre cheirando a carniça (eu não consigo ainda). Lembra de contar que você tirava cascas de feridas, pulgas, carrapatos... E me ensinou que limpar o xixi do Félix mil vezes também é uma forma de amar.
Lembra de dizer que era você quem cuidava das plantas e flores por aqui - e eu estou sentindo uma falta danada disso. Que você estava se dedicando a aprender a lidar com elas.
Lembra de contar que, na medida do possível, você realizou todos os meus pequenos desejos. Foi parceira, amiga, esteve presente em todos os momentos importantes da minha vida, nas formaturas dos filhos, nos aniversários que eu sempre gostei de comemorar. Sim, aniversários e formaturas sempre foram meus eventos favoritos.
Acrescente o quanto você cuidou - zelou mesmo, com amor - da nossa casa. Cada parafuso apertado, cuidado, organizado. Todos os relógios funcionando, tudo em seu devido lugar. Apresente suas mãos que pintaram muros e paredes e banquinhos e bicicletas... Que envernizaram portas, baús, móveis... Que instalaram rodinhas em quase toda a mobília, para facilitar o manuseio na limpeza. Suas mãos que pintaram vasos, que podaram, que lavaram telhado e varreram e varreram e varreram...
Ah, meu amor, conte também sua história como filha. Você deve se honrar dela. Cada cuidado, zelo, defesa, tem muito valor.
Lembra de contar que nos últimos dois anos você estudou a Doutrina Espírita e que, religiosamente, estivemos toda sexta-feira e todo sábado no Paz e Harmonia. Mas conte que você conheceu Jesus antes disso. Que ao longo dos anos você conheceu Jesus cada vez que deixava uma quentinha paga no restaurante para quem não podia pagar... Cada vez que pagava um lanche... Que comprava salgados inteiros para os cães em situação de rua... Lembra de contar que "Jesus" nos visitava todo dia 15 e era sempre você quem descia para amarrar a Cesta Básica na garupa da bicicleta... Lembra também daquele dia que você comprou água mineral para molhar as plantas murchas no Bahamas de Muriaé porque ficou com pena de vê-las tão descuidadas... Eu e você sabemos... Mas Jesus sabe muito mais.
Lembra de dizer que você foi íntegra, honesta, parceira (reclamona às vezes)... Meu Deus, quanta coisa para contar! Mas eu sei que na roda de conversa você não terá coragem de dizer tudo isso, ou pelo menos, dessa maneira... Então, eu rogo ao Senhor que cada palavra aqui registrada ganhe vida, criando também asas para chegar até você e sua roda de conversa. E então todos saberão a linda vida que você cultivou aqui e da qual posso testemunhar... Dr. Bezerra de Menezes diz que o amor não tem um ponto final, porque o amor é vida e a vida é eterna... Tão matemático isso! Uma transitividade da lógica.
Conforme eu for lembrando, anotarei aqui, nas Dobras do Tempo.
Não tenha vergonha de contar a sua boa história.
Eu te amo e os dias seguem tristes sem você. Minha alegria é triste, como a do poeta. Vamos aproveitar esse up grade forçado na nossa evolução para colocarmos em dia tudo o que precisa ser corrigido, aparado, aprendido. No íntimo, sinto que algo ainda está reservado para nós. Nossos planos eram a casa e a capelinha na Colina dos Sonhos de Cininho, mas isso foi adiado. Até quando? Não sei... Confio. Aprendo mais uma vez a esperar... A espera tem sido a pauta do meu viver. Mas sei que Jesus está cuidando disso; de Sua boca emanam místicas virtudes e Suas promessas hão de se cumprir. "Nossas renúncias hão de ser o sal da Terra e o Sol de um novo dia!"
Sinto sua falta todo dia, o dia todo.
Sigo sua,
Alessandra
Natal de 2010, no discurso da troca de presentes |
Uma pequena jóia em sua mão, porque com você as coisas foram feitas para durar... |