domingo, 31 de maio de 2020

Motivos para agradecer e ser feliz - a lista de Maio

Em meio a essa loucura de pandemia, quando nos sentimos levados a uma realidade paralela, parece meio desproporcional comemorar, festejar, fazer qualquer coisa que não seja apenas o trivial para sobreviver. Uma atitude a mais pareceria desrespeito às milhares de vítimas e seus familiares. Hoje, podemos contabilizar quase 30.000 amores de alguém que já se foram, só aqui no Brasil. Costumo fazer uma analogia, dizendo que é como se uma Miracema tivesse "desaparecido" do mapa do nosso país. Dói. Não há como ficar confortável. E, para complicar, esse presidente que faz tudo parecer mil vezes pior. Ele representa a encarnação de tudo o que NÃO deve ser feito em uma pandemia. Tripudia, sapateia sobre a dor alheia. Tempos muito difíceis! Refugiamo-nos nas orações diárias, no conforto dos amores e amigos, virtualmente. Elegemos nosso lar como santuário de nossas preces e doces esperanças de dias melhores. Porque, em nosso universo particular, há sim, muita preocupação, demandas, saúde frágil... No entanto, nesse mesmo maio uma pequena reflexão se converteu em uma frase, para o nosso amigo imaginário Watson: 

Lá no dia 19 de maio...

Não, meu caro, Watson, não vivemos de desistências... A gente descansa na persistência!

E por assim vivermos, nossa lista de gratidão prossegue... E assim foi dividida:

CULINÁRIA
  • sopa terapêutica.
  • bolo churros feitos por Daniel (de canela com leite condensado), por duas vezes.
  • muuuuuitas panquecas, sempre com a ajuda do Dandan. Veja o lado bom de ter o filho no ninho durante a pandemia.
  • torta de palmito feita pela Janaina no Dia das Mães. Com direito a jogo da velha para enfeitar. Linda e deliciosa.
  • muitas gordices maravilhosas... porque ficar em casa nos obriga a cozinhar mais e comer mais também rsrsrsrs.

FLORES
  • todo dia é dia de flor em nosso Solar. A catleia floriu mais uma vez e outras tantas orquídeas encontram-se grávidas. Realmente pulverizar a água do arroz fez uma grande diferença.
  • As patas-de-vaca da calçada continuam em flor.
  • A congea começa a engalanar-se, timidamente. Seu auge é agosto.
  • Janaina prossegue na limpeza, poda, adubação, colocando um vasinho aqui, outro ali... cultivando rosas... 
  • fizemos dois canteiros no quintal. Renovamos o canteiro da calçada. Agora, aguardar a ação do tempo.





OBRA
Num primeiro momento hesitamos se faríamos ou não o previsto para 2020: calha, barra na parede e piso no quintal. No entanto, como fizemos os consórcios para abril e maio - e como o Zé já é nosso pedreiro de confiança - decidimos realizar a obra, mantendo os cuidados necessários ao bem-estar de todos. Então, em 2 sábados e 9 dias foram construídos:
  • a calha do telhado (lá em abril ainda).
  • a casinha do gás de granito.
  • barra de filetado em toda a área do quintal e no canteiro da calçada.
  • piso na varanda e quintal.
  • reparo e pintura no muro.
  • pintura parcial do quintal.



















SAVE THE DATE:
  • Dia das Mães.
  • 55 anos da Janaina.
  • 18 anos não são 18 dias... (já diria minha avó).

FORMAS E REFORMAS E MIMOS:
  • Almofadas novas para o sofá da sala de TV.
  • Cortina de linhão para o quarto.
  • Pintura da escrivaninha da Dona Flávia. Ah, fiquei feliz demais!
  • Pintura da mesinha de bar. Conosco desde 2003, foi a companheira da Marina nos 4 anos de Viçosa.
  • A curva do vento recebeu atenção especial da Prefeitura e as ruas, embora continuem sem pavimentação, foram limpas, alargadas, niveladas.
  • Gorethi fez uma almofada linda para Janaina, pelo aniversário.
  • Ganhei as 4 caixinhas que queria para o inventário consagrado.
  • E ainda deu tempo da Janaina reformar o arranhador dos gatos, criar porta-vasos... e eu forrei gavetas... 
  • E ainda tivemos muitas aulas virtuais, reuniões, videoconferências, home office todos os dias!




Gratidão Senhor,  não vivemos de desistências... A gente descansa na persistência!

sábado, 30 de maio de 2020

Tudo na vida tem uma história...

... essa mesa também!
Quando eu era criança havia uma senhora, chamada Dona Flávia, que morava na fazenda do meu tio-avô Clarindo de Barros. Pessoa muito querida no lugar. Casa sempre cheia de gente... Lembro-me que sempre íamos lá... Era uma casa alta do chão, com uma escada de madeira que dava acesso a uma varanda, também de madeira. (Debaixo dessa varanda, no terreiro batido e limpo "de brilhar" ficava uma talha de barro cheia d'água e uma caneca de alumínio). Toda de assoalho de tábuas largas, tinha uma sala grande, como as casas de antigamente. Mas nós ficávamos mesmo era na cozinha, bancos compridos de madeira, fogão à lenha sempre aceso... 24 horas aquelas brasas acesas... Café servido nas canequinhas de ágata... Havia um quartinho pequeno que saía para a cozinha (talvez uma despensa, nos áureos tempos da casa) e ela nos levava ali para as benzeduras... Sinal da cruz, galhinhos nos ombros pra lá e pra cá... orações... E de lá saíamos a correr no terreiro e rir dos gracejos da Elzira, sua filha surda-muda, mas que falava mais que os dois cotovelos juntos... 
Quando ela fez 80 anos, meu tio fez uma grande festa para o seu aniversário. Era 04 de julho, confirmou minha mãe, que tem uma memória prodigiosa para lembranças... Foi uma festa julina, com direito a fogueira de verdade, um bolo imenso, e todos os convidados dançando quadrilha... Tinha muita gente... No terreiro formou-se uma grande roda... Nada ensaiado previamente... As pessoas iam chegando e se juntando umas às outras e, quando viam, já estavam no ritmo do sanfoneiro (acho que era o Sr. Moacyr, outro vizinho). Eu devia ter uns 10, 11 anos...
O tempo seguiu seu curso e as visitas começaram a ficar mais escassas... Envolvida com os estudos (na cidade), não sobrava muito tempo para as visitações descompromissadas da infância. Até que um dia, chegou a notícia que D. Flávia havia falecido. Como boa filha, fui acompanhar minha mãe ao velório. Já contava com uns 17, 18 anos... A casa continuava do mesmo jeito. O que tinha mudado era o meu olhar e a minha percepção das coisas e da vida ali vivida. Tudo muito simples, mas exalava em cada canto muita religiosidade. Como era de costume, a urna ficava centralizada na sala de visitas e aqueles que chegavam ficavam um tempo em condolências e orações, e depois espalhavam-se pela casa e seu entorno. Assim também fizemos e, num determinado momento me vi arrastada pela minha mãe e a Lourdes (uma das filhas da D. Flávia) para um quarto anexo. Encostei-me na janela (talvez para tomar um ar) e alheia à conversação das duas, comecei a observar o ambiente. Tudo era madeira ao redor de mim: chão, móveis, telhado... Um oratório na parede com aquele paninho branco bordado... os santos de devoção... velas apagadas... E... uma mesa! Tipo escrivaninha... Branca, muito gasta pelo tempo. Faltava-lhe uma gaveta e o tampo apresentava sinais de cupim. Mas ela tinha um quê de especial: os pés torneados, uma base (talvez para apoiar os pés) em curva sinuosa, aquele acabamento do tampo "mais altinho", bem peculiar. Fiquei imaginando de quem teria sido... Qual marceneiro fez aquela obra? Quantos já teriam sentado para escrever cartas, fazer contas...Que história tinha aquela linda escrivaninha? Ali, ela parecia apenas um objeto encostado numa parede para apoiar as lamparinas ou velas. Nenhum adorno. Em meio a tantas conjecturas - que eu prefiro chamar de reflexões - "pulou" de minha boca a seguinte pergunta: "Lourdes, o que vocês vão fazer com essa mesinha?" Antes mesmo dela manifestar a surpresa pela pergunta com um "não sei" quase inaudível, eu emendei: "porque se ninguém quiser, eu quero!" Confesso que não me lembro mais se a conversa se estendeu ou se com essa frase eu também coloquei um ponto final. Fomos embora... Tempos depois cheguei no sítio e o papai falou: "a Lourdes mandou falar para você ir lá buscar a mesa". Eu já nem me lembrava do fato, mas fiquei muito feliz e pedi que ele pegasse para mim. Como bom marceneiro, refez o tampo e as gavetas na marcenaria onde trabalhava - na própria fazenda do Clarindo de Barros (que nesse tempo também já havia partido) e a levou para mim... Coloquei-a no quarto do sítio assim mesmo, com seus remendos, sem pintura. Em 2000 levei-a para morar comigo. Papai fez uma moldura para espelho, para acompanhá-la, e eu mandei fazer uma pátina amarela. Ficou linda na nossa sala e nos acompanhou em algumas mudanças... Porém, como bem disse um amigo certa vez... "quem mora de aluguel não pode ter piano", em alguns apartamentos não havia espaço para tantos móveis e eu tinha que priorizar. E ela voltou para o sítio... Dessa vez, ficou na sala, com a mesma função de quando a conheci: aparador... de copos, garrafas d'água, pacotes de biscoito e potinhos de danoninho que ali se acumulavam com a presença dos netos.
Nesse período de quarentena, voltei o meu olhar novamente para a escrivaninha, quase tão gasta quanto no dia em que a conheci. Como sou sua guardiã e agora posso até ter um piano, tratei de mandar reformá-la (dessa vez somente o tampo foi trocado) e fazer uma pintura especial. Fiquei com a ideia original do branco (porque foi assim que a conheci), no entanto, mais uma vez "pulou" o azul quando o rapaz pediu para confirmar a cor. Azul era o armário da minha avó... Azul é minha cor favorita... Ontem, ela voltou para minha companhia. Não sei se será sua morada definitiva... (nada é definitivo, não é mesmo?). Por ora, está ali entre os dois quartos, guardando lembranças. Mas tenho planos para ela... Não vai ficar imóvel, sem vida... Quero as arranhaduras do tempo, os quebradinhos... Comigo, já se vão uns 30 anos... Quanto tempo terá ficado com a Dona Flávia? Não sei... Mas quando essa pandemia passar, pretendo visitar a Lourdes, mostrar as fotos e, quem sabe, descobrir mais sobre as memórias dessa linda escrivaninha? Que ela possa sobreviver a mim e encantar outros olhares para continuar sua história...

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Maioridade

Em tempos de pandemia do coronavírus

Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo
Levará você de mim

Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste

Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
(Tom Jobim)

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Um anjo me disse (e eu acreditei nele).

Miracema, 21 de maio de 2020.

Minha cara Alessandra,

Quando alguém acorda 8h30min da manhã, já recebendo a gentileza de uma xícara de café e notícias alvissareiras e, ao contrário do que se espera, devolve com pessimismo e ingratidão, algo está errado...
Quando alguém decide mexer sozinho nas plantas, fazer as arrumações pós-obra, sem pedir opinião ou algum tipo de ajuda, algo está errado...
Quando alguém ignora que já deu meio-dia, uma hora, uma e meia e despreza o esforço de quem ficou na cozinha preparando - por pelo menos duas horas - o arroz, o feijão, macarronada, angu, mostarda refogada, saladinha de palmito e tomate, banana frita, tudo bem temperado, tudo feito com muito carinho... e, ao menos, por respeito ou educação, dá uma parada e aproveita a companhia do almoço, algo está errado...
Quando alguém sequer toma um copo d`água por horas a fio, porque não pode interromper o seu "propósito", algo está errado...
Quando alguém, depois de tudo isso, ainda se diz feliz com o que está fazendo, há realmente algo de muito errado.
Mas não é com você, Alessandra! Seja ciente disso.
Mas há um erro talvez...
Dar importância demais àquilo (ou a quem) ainda não alcançou essa importância. E sofrer por isso! O egoísmo torna cego e árido o coração. E o coração é a caixa dos sentimentos...
Na estrada da vida a companhia do silêncio sempre é a melhor companhia. Depois dele, a compreensão. Esta última, ameniza as decepções. E, não se preocupe, a tal poesia do olhar nunca se apaga. Ao contrário, quanto mais sofre ingratidão, mais ela brilha. Até ao ponto de se transformar em dois faróis a iluminarem a amarga noite da desilusão.
Aí, minha cara, é só passagem...
Aqui, uma imensidão de estrelas oferece abrigo e recanto, aos corações sequiosos de trabalho e paz!
Não temas!

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Janaina faz 55!

Sempre vai ter bolo!

E velinhas...

Em tempos de pandemia, máscara personalizada
(presente de Renan e Elysa)

domingo, 10 de maio de 2020

Dia das Mães com minha mãe e dois filhotes no ninho

Nosso 10 de maio foi mesmo um dia muito feliz!
Fomos almoçar com a mamãe (mas ela não quis tirar foto porque o cabelo está sem pintar). Por conta da quarentena, Daniel está em casa (depois de 6 lonnnngos anos longe de casa no Dia das Mães). Renan levou Elysa (a namorada). Se Grace não estivesse "presa" em Niterói, estaríamos todos juntos... Janaina plantou rosas no canteiro (que recebeu o filetado na parede) e foi renovado como jardim. E se animou a fazer uma torta de palmito, com direito a um lindo jogo da velha. Ah... E eu ganhei as caixinhas do inventário que eu tanto queria... E bolo red velvet também. Um dia especial!