De "A insustentável leveza do ser"
Milan Kundera
Quarta parte: A alma e o corpo
- "Coisa curiosa, dizemos palavrões da manhã à noite, mas se ouvimos no rádio uma pessoa conhecida e respeitada pontuar frases com "estou me cagando", ficamos um pouco decepcionados".
- "As pessoas nunca perdem a ocasião de falar mal dos amigos".
- "Quando uma conversa entre amigos diante de um copo de vinho é divulgada pelo rádio, uma coisa fica evidente: o mundo transformou-se num campo de concentração".
- "O campo de concentração é a liquidação total da vida privada".
- "As perguntas realmente sérias são aquelas - e somente aquelas - que uma criança pode formular. Só as perguntas mais ingênuas são realmente perguntas sérias. São as interrogações para as quais não existe resposta. Uma pergunta sem resposta é um obstáculo que não pode ser transposto. Em outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras de nossa existência".
- "O que é o flerte? Pode-se dizer que é um comportamento que deve dar a entender que uma aproximação sexual é possível, sem que essa eventualidade possa ser entendida como uma certeza. Em outras palavras, o flerte é uma promessa de coito, mas uma promessa sem garantia".
- "Desde criança via no livro a marca de uma fraternidade secreta".
- "O que excita a alma é justamente ser traída pelo corpo, que age contra a sua vontade..."
- "...é mais ou menos assim o instante em que nasce o amor: a mulher não resiste à voz que chama sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz".
- "Muitas vezes nos refugiamos no futuro para escapar do sofrimento. Imaginamos uma linha na pista do tempo, e pensamos que a partir dessa linha o sofrimento deixará de existir".
- "... os amores são como os impérios: desaparecendo a ideia sobre a qual foram construídos, morrem junto com ela".
- "Queria sentar-se em sua margem e olhar a água, pois a visão da água fluindo acalma e cura. O rio corre de século em século, e as histórias dos homens se desenrolam na margem".
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