sexta-feira, 4 de março de 2016

A vida pode ser feita de aproveitamentos...

Em 1996 recebi meu Fundo de Garantia do período em que fui Celetista (CLT) na Prefeitura de Santo Antônio de Pádua. Algo em torno de 900 reais, que na época, com o real valorizado, representava um bom dinheiro. Resolvi investir num guarda-roupa. 
Parênteses: (Passei toda a minha infância sem ter um guarda-roupa no meu quarto. Para fazer jus ao ditado "em casa de ferreiro o espeto é de pau", meu pai, marceneiro de profissão, nunca se preocupou em providenciar essa mobília para nosso dormitório. Eu compartilhava o quarto com minha irmã e as roupas (de sair) colocava no armário de mamãe. Mais tarde, já efetiva em dois concursos, comprei um novinho em sociedade com minha irmã - e por conta daquele pacto - fiquei com ele de herança. Seu destino foi o quarto de Marina, todo forrado caprichosamente pela mãe de primeira viagem)
Saí pelas lojas de Pádua atrás de um bom guarda-roupa, daqueles que "duram a vida toda". Encontrei um Rudnick, com duplex embutido, 6 portas, 2,96 m de comprimento. Um luxo! Lembro-me que entrei na primeira loja e a vendedora  - ao ver meu interesse apenas por aquele modelo - deve ter achado muito para meu padrão, pois fez questão, o tempo todo, de frisar que tinha outros mais baratos... Ah, se ela soubesse que eu poderia comprá-lo à vista... teria engordado a comissão naquele mês. Fui na loja concorrente (que também vendia a marca, mas não tinha esse modelo), fiz a  oferta e, em pouco mais de 15 dias, ele reinava na maior parede do meu quarto. Eis aí a questão. Por conta de seu tamanho, nunca pude ter a cama no centro do quarto. Em todas as casas em que morei, a preocupação primeira era conferir se a parede do quarto tinha, no mínimo, 3 metros.
Com a casa nova resolvi inverter a ordem das prioridades e, dessa vez, a cama usaria a maior parede, para ficar no centro do quarto, com os criados-mudos. O que fazer com o guarda-roupa da "vida toda"? Resistiu bravamente a todas as mudanças, continuava em perfeito estado e, com exceção do brilho intenso, poderíamos dizer que era quase um clássico. Confesso que foi muito difícil entrar na loja e encomendar outro menor... Mas venceu a decisão pela cama...
Como aprendi com minha mãe a arte dos aproveitamentos, fui atrás de um bom marceneiro e resolvi transformá-lo nos armários para os banheiros e a cozinha. E como existem outras Marthas por aí - e neste caso se chamava Sebastião - tudo foi aproveitado na transformação. O resultado? Perfeito. Acho que dura mais uns vinte anos... ou quem sabe me acompanha a vida toda?

Marina e seus registros...
O guarda-roupa ao fundo.

Renan lendo jornal comigo na cama...
O guarda-roupa ao fundo.

A arte da transformação

A vida e seus aproveitamentos...

Memórias...

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