sexta-feira, 28 de junho de 2019

30 anos da Municipalização do Ensino em Santo Antônio de Pádua - Encontro da 1ª turma de professores / Parte II

O calendário marcava o ano de 1989 e o poeta já previa tudo, quando escreveu "De tudo o que há na Terra, não há nada em lugar algum que vá crescer sem vocês chegarem.”
E chegamos à Educação Paduana! Era manhã de 20 de junho, na sala do prefeito da época, Renato de Alvim Padilha, onde tudo teve início.
Na ocasião, a secretária de Educação, professora Lenize Altina Rezende Marconi, organizada e vanguardista, tudo registrado em sua certidão de nascimento, recepcionava todos os aprovados do primeiro Concurso Público Municipal na área educacional.
No final do ano anterior, burburinhos movimentavam as esquinas de nossa Pádua: “Tudo ‘carta marcada’!” “Este convênio de Municipalização jamais será assinado!” “Este prefeito já começou a provocar balbúrdia!" “Tudo está tão bom nas mãos do Estado, pra que mexer?..."
Educadores que somos, acreditadores na esperança que somos... nada nos abalava. Estudamos, fizemos cursos, preparamo-nos...Acreditamos! Cada um à sua maneira, mas todos acreditamos que seria o início de uma nova era educacional em terras pioneiras de Frei Flórido.
Com aquele papelzinho azul celestial às mãos – nosso memorandum, parecia que portávamos um bilhete premiado de mega-sena acumulado. Cada um com sua intensidade, porém, todos na mesma sintonia – felicidade plena.
A partir daquele momento, nosso torrão natal passaria a receber uma educação das mãos de jovens professores que empunhariam a bandeira educacional bem próxima aos olhos do gestor municipal. Seria o ato de educar embalado nos braços daqueles que almejavam uma educação com a vontade e a certeza de nossa terra.
Escolas escolhidas... estradas de chão batido nos esperando a serem percorridas, mochilas pesadas ...recheadas de esperança e sonho... Novos cheiros, outros olhares... Marcas indeléveis seriam deixadas, muitas vezes, na poeira dos caminhos, sobre o orvalho adormecido na grama... Porteiras seriam abertas frequentemente, touros bravos pelos trajetos seriam acalmados com a presença dos jovens destemidos, o dia a dia paduano testemunharia tudo isso ....
Caminhão que transportava leite, charrete, Kombi, caronas, bicicletas, botijas de gás, classes multisseriadas, sacolas com mantimentos... começaram a fazer parte do cotidiano de todos nós.
Tudo era novo dentro de antigas construções quase esquecidas, todavia, promoviam a educação - arma poderosa sempre. Escolas ansiosas para receber novos olhares educacionais, nova roupagem, novos perfumes... queriam receber o novo como quem gosta de sentir o perfume de livro e cadernos novos, rosa que acabou de desabrochar... cheiro de manhã em beira de praia com brisa suave.
Naquela época, os alunos de nossa Pádua também traziam nos olhos e no coração a vontade de receber uma educação produzida por novas mãos e o novo jeito de manusear o giz e o apagador. Aguardavam o novo, o destemido, o presente diferenciado, o futuro certo...! 
Precisávamos de direcionamento seguro. A Quadra de Esportes do CERGA -Colégio Estadual Rui Guimarães de Almeida - foi palco de nosso primeiro encontro, nossa primeira jornada pedagógica promovida pelo CEN – Centro Educacional de Niterói, na época dirigida por uma professora (esqueci-me do nome) mas era alta, loira, com voz potente e que nos convencia de que estávamos no caminho certo ao ler e trabalhar conosco a crônica “ Eu sei, mas não devia” de Marina Colassanti. Muitas outras jornadas e encontros ocorreriam durante o transcorrer destes 30 anos.
Daquele primeiro momento, ainda trazemos, na memória, a “Canção dos Dedinhos”, depois consagrada na voz da apresentadora Eliana, a música do Sapo “ Foi, foi, não foi, foi não foi...”  A “ Dinâmica dos Nós”, dinâmica essa que muito marcou a todos, pois necessitava de que os participantes se ajudassem, a fim de que os nós fossem desfeitos. Ali, começamos a perceber que muitos nós surgiriam em nossa trajetória, mas que era necessária a união, o respeito, a doação... para que fossem afrouxados e, posteriormente, eliminados. Ali aprendemos que os laços provocam a união, sem eliminar a liberdade, mas os nós apertam, sufocam, oprimem. Trazemos também nitidamente, em nossa memória, os quatro grupos distribuídos no espaço da quadra em que cada um recebeu um compartimento, contendo inúmeros objetos e que com eles transformassem e exibissem um espetáculo aos presentes. De forma brilhante, todos os grupos cumpriram o que foi solicitado. Ficou explícito que a educação estava sendo entregue a pessoas com grande vontade de realizar um trabalho educacional respaldado na qualidade e na eficiência.
E ali começamos! Cada um a seu modo, cada uma à sua maneira, no entanto, todos com a mesma verdade, o mesmo foco e a mesma vontade.
Tânia Marques e Vera Modesto empunharam-se de suas mochilas, aprenderam a encurtar distâncias, a dividir empecilhos e chegaram à E.M. Acácio Gomes de Souza.
Tércia Faria encontrou o ombro amigo da merendeira Ângela e as duas, no fusquinha bege do Sr. Edyr Souza, embrenharam-se na poeira do Morro Grande e chegaram à E.M. Caxixe, levando consigo educação ornada de muito talento.
A E.M. Fazenda Boa Esperança foi escolhida por aquela que obteve o 1º lugar no Concurso, professora Maria Aparecida Pereira Parreira Filha e, hoje, também grande colaboradora para a realização deste evento. A todo momento da organização, a festa saía por seus poros.
Professora Flávia Regina Ferreira André fez a sua escolha para E.M. Fazenda Boa Vista e, há anos, vem educando gerações no distrito de Santa Cruz. Já até comentam à boca miúda que deveria receber um busto na praça dessa localidade por tamanha dedicação a um mesmo local de trabalho.
A E.M. Florismundo Decnop se enfeitou para receber a professora Rosa Maria Magalhães e, com sua meiguice, transformou suor, poeira e dificuldade em educação de qualidade.
De carona em carona, numa ex-casa de meeiro transformada em pequena grande escola, os professores Marcilio Parreira e Maria Gorethi Barro Cretton sacudiram e inovaram a E.M. Fortaleza Lajinha. A Curva Perigosa da estrada de Pádua X Miracema foi testemunha de tudo isso e ficava muito envaidecida com tudo o que via.

E.M. Itupeva se engalanou e, toda faceira, acolheu o trio educacional: Cilimar Azeredo, Maria Imaculada Pereira e Rosa Maria Vicente. Fizeram um trabalho irretocável com estas sempre sendo caçoadas por aquele.
Professora Rosalina Terra Azevedo pôs os pés na estrada ao encontro da E.M. Otávio Dennys. Tudo muito novo para a nova professora nova, mas tudo cercado de muita certeza, vontade e responsabilidade.
A E.M. Elvira Leite, depois da chegada dela, nunca mais foi a mesma. A professora Marineide Magalhães Macedo misturou a cor de seus cabelos à cor dos raios de sol e foi cumprir sua missão: promover educação de qualidade por entre os campos da localidade onde se situava a escola escolhida.
Ainda muito menina, mas já demonstrando enorme competência no que realizava em seu tempo escolar, a professora Alessandra Barros Cretton, com ou sem botija de gás, chegou à escola E.M. Honório Silvestre, a fim de realizar uma educação respeitada por nossa Pádua.
Professora Adenize Oliveira da Silva prendeu os seus cachos, disfarçou o luto, vestiu roupa de grife com cheiro de vitrine, escolheu a E.M. Sítio Santa Bárbara para semear o melhor que possuía: vontade, ternura, certeza... em nome de uma nova educação que surgia em nossa Santo Antônio de Pádua.
A E.M. Valão do Novato ganhou contornos de crescimento e vanguardismo com a chegada das professoras Rosane Ribeiro e Therezinha Cássia Robert Rodrigues. Foram mais que professoras. Foram construtoras de novos caminhos para aquela localidade.
A professora Ivana Moreno de Oliveira Franco, com sua meninice total, escolheu a E.M. João Vinhosa e lá deixou a sua marca de educadora altaneira, determinada e eficiente. O distrito de Monte Alegre recebeu o que chamamos de educação diferenciada.
Naquela época, a secretaria de educação estava sendo reformulada e necessitava de cabeças pensantes que ajudassem o caminhar dos novos professores. Ficaram à disposição para contribuir, nessa missão, as professoras Cláudia Gonçalves Pereira, Janaína Meira Ferreira e Maria do Carmo EirasS. Todas muito competentes, muito auxiliaram na construção dos 30 anos da Municipalização do ensino de nossa Pádua com todo o suporte necessário para que o novo se erguesse sobre pilares firmes e fortes.
E o berçário das estrelas educacionais sempre esteve em mãos cuidadosas, eficazes e dinâmicas. Cada uma à sua maneira implantou o seu ritmo de trabalho e a colheita sempre a mais farta possível.
Professora Lenize Altina Rezende Marconi foi a precursora. Sempre muito atenta aos detalhes, implantou um ritmo acelerado de renovação, trazendo o Projeto Crescer, a fim de que os novos professores conseguissem se aperfeiçoar e novos caminhos de sucesso pudessem ser trilhados. 
Professora Néa Jardim de Azevedo, com a sua meiguice, continuou o trabalho iniciado pela sua antecessora com muita bravura e credibilidade. Ao lado, sempre teve o apoio do incansável professor Antônio Thomaz de Oliveira. Foram poucos anos, mas o suficiente para que o seu nome ficasse eternizado entre os que acreditam no ato de educar. Sempre foi a amante perfeita das letras, do abraço acolhedor e da palavra de incentivo. Sr Antônio também nunca ficou para trás. Grande conhecedor das leis e decretos, deixou a sua marca registrada nestes nossos 30 anos.
Professora Selene Maria de Oliveira, sempre com sua pasta marrom, trazia consigo a responsabilidade de manter firme a Educação Paduana que vinha deixando marcas no tempo e no espaço. Teve o prazer de comemorar os 10 anos de Municipalização. Mais tarde, retornou ao cargo porque os gestores da época conheciam a competência que lhe é peculiar.
Professora Celina Heloísa Lavaquial de Castro, hoje, descansa por entre as estrelas, já que na Terra também foi uma estrela na Educação. Maestrina convicta, fazia da música a sua arma de combate. Quem não se lembra daquele 7 de setembro em que a secretária, nos dias anteriores, foi a todas as Unidades Escolares Municipais, ensinou músicas alusivas à data festiva e, num grande coral, no Ginásio Poliesportivo Renato de Alvim Padilha, alunos, professores e autoridades em geral homenagearam a nossa Pátria Amada Brasil.
 Professora Vera Lúcia Kezen Camilo Jorge. Foram 12 anos de total dedicação à educação paduana. Projetos, incentivos, inovações... Nossa educação alcança o ápice, o pódio, com o 1º lugar no IDEB. Presença da Rede Globo, prêmios diversos... Nascimento da Escola VIVA. Reuniões no teatro, desfiles escolares, Giroletras, Festival Paduano do Folclore... muito trabalho e dedicação, para Santo Antônio de Pádua ser respeitada em todo território nacional. Tudo valeu a pena! “E o dinheiro certamente chegará e sempre haverá tempo entre a meia-noite e às duas da madrugada."
 Professora e arquiteta Maria Cristhina de Souza Machado, com seu  carinho e competência também muito somou para que a educação de nossa cidade se mantivesse sempre entre as melhores. Foram quase cinco anos incansáveis, dedicados à melhoria educacional para os nossos alunos. Sempre prestativa, acolhia com muita facilidade a todos que a procuravam na sede da secretaria. 
Professora Andréa Aparecida Eiras de Oliveira Ferreira, primeira secretária de educação pertencente à própria rede municipal de ensino. Ao assumir o cargo, logo demonstrou que seu dinamismo envolveria a todos os que compõem a secretaria assumida como gestora. Rapidamente, procurou deixar explicitamente a vontade do querer e do fazer e contagiou os que ao seu lado caminha.
Desde muito cedo, conheceu os empecilhos que surgem nos caminhos da vida. Sempre muito verdadeira, determinada e altruísta. Há um ano à frente da secretaria, vem exibindo um trabalho transparente, determinado e cheio de vontade.
Registramos os nossos mais sinceros agradecimentos à professora Valéria Kezen (diretora do NEC no ano da Municipalização), Maria Helena Arantes (colaboradora incansável na época da Municipalização, no setor de Merenda Escolar) aos ex- prefeitos: Renato de Alvim (in memoriam), Luís Fernando Padilha Leite, Frederico de Alvim Padilha (in memoriam), Dr. Juarez do Amaral (in memoriam), José Renato Fonseca Padilha e ao atual Josias Quintal de Oliveira por sempre acreditarem na educação como a maior e melhor mola propulsora de nossa querida Santo Antônio de Pádua.
A todos que de forma direta e/ou indireta nos ajudaram na construção desta história de 30 anos, colaborando para que a nossa mochila ficasse mais pesada de todos os sonhos possíveis, fica registrado o nosso mais fraterno Muito Obrigado.
O que foi feito, amigos,

Foi feito com tudo o que a gente sonhou

O que foi feito em nossa história 

Foi feito com muito amor
Quiséramos encontrar aquele verso menino
Que escrevemos no transcorrer destes 30 anos
Falo com muita saudade, de tudo...

Da poeira batida, da voz cansada, da carona perdida.
Do filho febril deixado com a vizinha, do cheiro do capim molhado
Da cartilha Carrossel, do acreditar sempre...
Falo que fizemos!

Mas, se muito vale o que foi feito,

Mais vale o que ainda faremos, 

A nossa história fala por nós. 
E o que fizemos
Foi por amor e respeito à educação de nossa Pádua.

Falamos, às vezes,  sem tristeza; outras, com muita.

Mas falamos... está na verve do professor

Foi nos cobrando que
Crescemos construindo.
E cresceremos ainda mais. Eu acredito!
Outros outubros virão
Outras manhãs, plenas de sol ou não
Mas , certamente, virão.
Hoje, a turma toda reunida,
É celebração!
É festa!

É vida!

E o que foi feito por nós

Precisa ser respeitado e aplaudido, porque
Nestes 30 anos, fomos luta e esperança!

Professor Marcilio Parreira dos Reis


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