segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Bem-vindo, agosto, com todo o amor de Ana Jácomo

Anjinha Felícia

O amor desbasta o ego. 
Enxuga excessos. 
Delata as mínguas. 
Transforma as mágoas. 
Destrona arrogâncias e idealizações. 
Desmancha certezas e tece oportunidades. 
Bagunça a autoimagem todinha, piedade zero, culpa nenhuma. 
O amor percorre territórios devastados da alma com a calma necessária para reflorestar um a um. 
Dissolve neblinas. 
Revela o sol. 
Destece máscaras. 
Reinaugura a humildade. 
Faz ventar. 
Faz chorar. 
Faz sorrir. 
Faz tempestade um monte de vezes pra dizer também que o céu é azul um monte de vezes depois. 
O amor nos ensina a simplificar perdões porque nos humaniza e nos lembra o quanto precisamos ser igualmente perdoados por tanta coisa, tanta gente, a começar por nós mesmos.
Ele dispensa julgamentos porque abraça virtudes e limitações. 
Ele nos aproxima do nosso tamanho e nos recorda quem somos. 
O amor nos revista, inteiros, pra retirar relógios, calculadoras, roteiros, estratégias, controles, defesas.
Diz nas sutilezas. 
Diz preciosidades que, mesmo às vezes bem baixinho, conseguimos ouvir e reconhecer, por mais cético e assustado que tenha se tornado o nosso coração.
O amor nos molda a cada movimento também para a liberdade de acolher o imprevisível, o inimaginável, o inevitável, o aprazível. 

Para querer ser e querer sinceramente que os outros também sejam. 
Ele nos torna mais sensíveis à alegria e à dor de toda gente, inclusive, principalmente, às nossas. 
Faz com que a gente se sinta parte da família humana. 
Conta que aquilo que procuramos, amiúde, num mundaréu de lugares, esteve o tempo todo, primeiro disponível, onde raramente buscamos. 
Reinventa-nos para nos tornar mais parecidos com nós mesmos, o máximo possível a cada instante. 
Dia após dia da nossa prática. 
Com medo e tudo. 
Com propósito e também com carinho. 
Devagarinho.
Sua grandeza não é o que você tem, mas o que você oferece.
(Ana Jácomo) 


Extraído do Cantinho de Tribarte, 05/08/2013

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