domingo, 22 de setembro de 2024

Não temos mais o caramanchão

Eu já percebi que nos momentos mais difíceis, mais cruciais, somos muito amparados pela Espiritualidade. Há meses não chovia. Até que nessa noite choveu, ventou e uma das madeiras do caramanchão partiu-se, levando a um efeito dominó. Nada ouvi, nada percebi... Até que ao chegar na varanda, ao amanhecer, percebi o ocorrido. Não me desesperei. Noutros tempos talvez tivesse ido atrás de alguém, ligado para minha irmã... Nada. Nenhum movimento. Calmamente desci e percebi que as madeiras haviam escorregado e ficaram apoiadas no carro. Lembrei-me do Daniel e Tomás jogando pega-vareta, e com uma calma que eu nem sabia que tinha, fui tirando uma a uma, colocando-as apoiadas no muro, até liberar totalmente o carro sem nenhum arranhão. Sim, a madeira amassou um pouco o quina do teto do carro, mas quase imperceptível. No entanto, o que é um amassado no carro mediante a dor e a tristeza de não ter a dona dele aqui comigo? 

Os vasos pendurados quebraram-se. Lavei tudo, limpei tudo antes de ir para o sítio. Na volta, calmamente retirei todas as madeiras da cobertura. Mas, as pesadas, não consegui. Foi aí, só neste momento que acionei o Zé da Paz, nosso pedreiro. Ele veio, retirou tudo, cortou para lenha e levou. Meu coração partido, mas com a sensação de ter feito o que era preciso fazer. Nunca me senti desamparada. 

Um ciclo se cumpriu. 














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