- Mel castrada e adotada;
- Encerramento do 3º bimestre letivo;
- Renan de volta à Escola Viva + aula particular com a Cristiane;
- Um galo e uma coruja;
- ZPZ´s novos (pelo aniversário);
- Calças jeans da promoção: 50%;
- Itaperuna, 15/10: micro-ondas e outras comprinhas básicas;
- Livros novos;
- Última formação PACTO/PNAIC de 2014 em Itaperuna;
- Meus 44 anos! Daniel em casa, todos juntos; almoço em família no sítio;
- Planalto;
- Chuva! Abençoada e esperada chuva;
- Visitas ao Canil em todos os domingos + dias extras; muitas doações de amigos;
- 13º salário + aumento de 6%;
- Arrumações na cozinha.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Motivos para agradecer e ser feliz - a lista de Outubro
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
sábado, 25 de outubro de 2014
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Entre a poesia e a erudição
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- "Os objetos que compramos, e levamos para casa, inventam para nós um projeto de felicidade. Instalados na sala, eles falam, têm sentimentos, preservam a memória, sobrevivem a nós. Nenhum objeto é pária, merece ser marginalizado."
- "Um objeto é uma declaração de amor que faço ou recebo."
- "Falar é vício humano. Antes não fosse. Preferia que a lei do silêncio fosse imposta aos mortais desde a mais tenra idade, a fim de reconhecerem o valor da palavra a ser usada."
- "Tal excesso verbal repete-se na cama, junto aos esposos ou amantes, no parlamento, nos salões, nos grotões rurais, nas cidades. Nem Deus é poupado de ouvir o que os homens Lhe dizem com o propósito de emudecê-Lo."
- "Os homens se igualam no teste da vida."
- "Dezembro, por exemplo, é um mês propício aos postulados cristãos e à exibição da hipocrisia social."
- "Dói retornar ao meu século. Suas fímbrias, que desconheço, motivam-me a pedir que afastem de mim o cálice oxidado do modernismo que me querem impor. Um tempo aziago, inserido nas correntes da fraude contemporânea, e que não tolero. Tanto que, ao ouvir os brados dos que enaltecem esta espécie de modernidade improvisada, sem me dar margem a refutar seus preceitos, sei-me demais no mundo. Temo este ímpeto de substância fascista que condena ao desterro quem não se enfileire em suas devoções estéticas."
- "Já não quero viver neste solo fecundado pela improvisação da arte, pelo desprezo à tradição, pela ganância do dinheiro, cujo fausto e lucro determina os rumos estéticos."
- "Afinal, não me descuido. A vida não me deixa pensar que mereço um arrebato contínuo se não lutar por ele." (Eu também!)
- "Há muito ordenho a vaca do cotidiano com o intuito de converter o banal em ato de presença no mundo."
- "A noite natalina emociona-me. Impõe-me uma ordem de grandeza que consolida rituais que encerram em si pungente mensagem. Agasalhada por seus símbolos, invade-me o sentimento nascido da maturidade que se confunde com a alegria."
- "Apesar do brilho de tal noite, pranteio as mudanças que afetaram aos poucos a cultura familiar, destruíram as paredes da antiga casa dos avós, dividindo o tronco familiar a pretexto de criar outras tribos."
- "Levo as iguarias à mesa. O peru assado, galardoado de frutas, e os fios de ovos. E, ao lado dos que me ensinam a amar, celebrarei o estranho gosto de ser feliz."
- "A vizinha e eu somos oblíquas. Ambas sofremos do excesso de carga que levamos às costas. A canga urbana. Mas, caso falássemos, seríamos banais. Prefiro as bocas cerradas."
- "Tenho várias tradições. As que herdei e as que prosperam em mim, independente da minha vontade."
- "Afinal, meu coração se enternece quando retorna à casa."
- "Fazem-me perguntas e calo-me. Não sou interlocutor confiável nem para mim mesma. Razão de confidenciar sempre menos. Já não tenho gosto em transmitir segredos, tecer intrigas. Prefiro sustentar o mistério alheio na crença de assim acentuar as virtudes de quem desfila à minha frente."
- "Minha cabeça é promíscua, interessam-lhe todos os assuntos."
À minha avó Maria José, que completa 90 anos hoje!
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Entre a erudição e a poesia
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- "Eu não sabia, então, que existia o milagre da identidade. Isto é, a obrigação de ser quem eu era, enquanto crescesse aos poucos. Como se coubesse à identidade privada ditar os rumos do meu destino."
- "Pouco sei do coração. Ele tem asas e voa para longe. Tem aptidão inata para sofrer mesmo quando simula estar feliz na casa, acorrentado ao pé da cama."
- Tudo a respeito do coração me induz à cautela. De nada serve semear encômios sobre o amor, quando ele se esgota e me desgoverna, dele sobram inconstância, ambiguidade e seus efeitos devastadores."
- "O coração é perverso, não se aprimora porque amou muita vezes."
- "Mas logo, a despeito de se sentir combalido, o coração reage aos dissabores amorosos. Confia na experiência e prudência para que prontamente brote no peito a semente do novo amor, para a vida se alvoroçar, propiciar um quadro idílico, irradiar ilusões de que aquele será o derradeiro amor. E, sob o jugo de tal felicidade, das benesses da carne e do esplendor do seu pálio, anunciar que a utopia está próxima, eis a eclosão do paraíso."
- "Suponho que Deus deixa como rastro um fio de ouro visível apenas a quem olha com a força férrea do coração." (Adorei essa!)
- "O tempo me espreita, mora ao lado. Como vizinho, concede-me dias para eu gastar a gosto. Uma magnanimidade a qual retribuo consumindo a vida que me resta. Ainda que ignore quantos anos hão de sobrar para eu lhe cobrar."
- "Desfaço aos poucos as ilusões com que afago o ego e deixo aberta a porta da casa a fim de facilitar o ingresso da dama com a foice na mão. Ela virá como a amiga há muito esperada."
- "Viajo o tempo todo. Dentro e fora de mim. Como exilada, tenho a pátria certa no coração e as outras terras na imaginação."
- "Sou aventureira. Na mesa, na cama, na estrada. Nem sempre defino o que fazer no cumprimento dessa vocação. Ou menciono o que fiz com o propósito de desfrutar das peripécias vividas ao longo da travessia existencial."
- "Gravetinho é uma alegria. Admito em público meu amor por ele. Temo que, se não fora eu, talvez estivesse destinado a sofrer os horrores que os humanos reservam aos animais".
- "Gostaria tanto de apagar as dores que terá sofrido no passado, à época em que viveu por dois meses, segundo soube, em um canil público. À simples lembrança desse infortúnio, cubro-o de carinho, de beijos, de comidinha, de liberdade. Falo-lhe, faço promessas de que enquanto eu viver ele será protegido. E que, após a minha morte, designei amigos para amá-lo."
sábado, 18 de outubro de 2014
Entre a poesia e a erudição
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- "O amor anuncia a sua chegada. Ao adentrar pela sala povoada de observadores, elege a quem amar. Um milagre que, quando opera, o coração se incendeia, ama sem limites."
- "A chuva é benéfica. Da janela observo o jardim sob a dádiva das águas."
- "E, a despeito de temer que o tédio do cotidiano lhe injetasse veneno nas veias, produzia com a ira guardada do dia anterior."
- "Orgulho-me de um ofício que fixa no papel as emoções propensas a se perderem. E que, para tal fim, vai à caça do ouro, da côdea de pão."
- "Aguardo alguns minutos, mas Deus não me responde. É do Seu feitio distinguir os eleitos, os que têm vocação para a santidade, que não é o meu caso. Compreendo Sua estratégia. Também eu, em menor dimensão, sou dotada de pequenas táticas."
- "A vida, como se apresenta, é matéria que golpeia a sensibilidade humana."
- "Pergunto que planeta consome as forças coletivas e tarda em resolver questões mínimas."
- "O tempo escoa rápido. Não tenho como atrasar ou adiantar o meu destino. Embora capitaneie certas emoções, um sobressalto me vence. Tem o nome de quem amei."
- "O escritor é um mistério. Amealha mentiras e doutrinas capciosas. Faz crer aos demais que sua caneta o torna um herói. Pobre de quem acredita no futuro radioso da arte."
- "Suspeito às vezes que a criação é daninha, gravita em torno de um eixo inexistente. Tem falsetes e notas desafinadas. Mas prossigo, dou vida à escrita, que é bem maior. Só aspiro salvar-me."
- "Atraía-me igualmente opor o supérfluo ao essencial. O que me vinha às mãos fazia-me crescer. A vida era fermento de que carecia. Com tal noção, os livros, empilhados na estante, e lidos em ritmo voraz, tornavam-se o meu outro lar."
- "Cada tristeza ajuda-me a proclamar pela manhã que sigo sendo filha do sol, cujos raios, já não tão luminosos quanto outrora, ainda aquecem meus ossos, fazem-me crer que foram um dia apreciados."
- "Não assumo culpa que me queiram impor. Reservo a Deus e à lei a confissão dos meus erros. Há muito passo em revista os meus feitos diários e me envergonho. Para aferir meus atos, sustenta-me um código que me baliza, ainda que mereça reparos."
- "Segundo ela, (refere-se à mãe) certas verdades são guardadas no cofre cuja chave só o dono possui."
- "Os amigos devem confiar em mim. Dou-lhes prova de lealdade e não traio os segredos que me confiam. E burlo com eles dizendo que sei muito, e de muitos, porque não conto."
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Dia do Professor
Como Pessoa, tenho em mim todos os sonhos do mundo...
(ainda que ultimamente tenha me sentido assim)
(ainda que ultimamente tenha me sentido assim)
Queria que alguns não demorassem tanto a se tornar realidade.
Esse é o meu desejo para hoje: Dia do Professor!
Meu dia...
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Sobre o tempo...
Fala da personagem Dona Iná (vivida por Nicete Bruno) no último capítulo da novela "A vida da gente", em 02 de março de 2012.
"Quem teve o privilégio de viver muito sabe que o tempo é um mestre muito caprichoso. Às vezes suas lições são tão repentinas que quase nos afogam. Outras vezes elas se depositam devagar, como a conta-gotas, diante da avidez de nossas perguntas. E por isso, quem teve o privilégio de viver muito, como tantos amigos aqui do nosso baile, aprende a olhar com serenidade o turbilhão da vida. Amores ardentes se extinguem, urgências se acalmam, passos ágeis alentam, enfim, tudo muda, muda o amor, mudam as pessoas, muda a família; só o tempo permanece do mesmo modo, sempre passando... E é por isso que eu queria esta noite erguer um brinde a ele, que esculpiu no meu rosto e na minha alma sua marca, da qual eu tanto me orgulho. Então, ao tempo! Ao tempo..."
Crédito de Gustavo Cretton - Dresden/Alemanha O outono e o balão |
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Entre a erudição e a poesia
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- "A cada dia aprendo a perder as pequenas utopias e os ideais indomáveis. Não lamento viver sem eles. Sinto-me mais leve sem o fardo que representam. É impossível servir aos deuses e a mim mesma. Além do mais, perder bens que julgávamos eternos significa estarmos aptos a adquirir no futuro haveres que só a fantasia enxerga. É como destilar a solidão que é vida também."
- "(...). A pretexto talvez de pagar contas, de cumprir dever literário, de assegurar presença no banquete ilusório da vida."
- "Só não aceito que me façam perguntas inoportunas ou me obriguem a confessar o que é exclusivo da minha seara."
- "A vida que escolhi é incompatível com a humilhação de me defender. Só o faria se estivesse em pauta a minha honra, que não é o caso."
- "Meu único inimigo é a escrita que, fugidia, não se deixa apreender. Escapa-me e vou ao seu encalço, sem fazer concessões em troca de qualquer moeda. Mas com que direito me silenciam, reprovam o amor que professo à literatura, tentando arrancar do coração da escriba a maior razão para viver?"
- "A emoção, no entanto, é pão diário. Vou ao seu encalço à cata do prazer prestes a desabrochar."
- "Sei que os anos são ingratos, nos roubam o mel das palavras, dos gestos, o que constitui emoção. Mas não aceito que me privem dos bons sobressaltos."
- "A imaginação é razão de viver."
- "A mania de todos é fazer perguntas. Em geral banais, elas preenchem o vazio das conversações. Como se houvesse um consenso que proíba, a quem seja, ser profundo, já que a densidade incomoda."
- "O que diga não esclarecerá quem sou. Evoluo na resposta e asseguro-lhe que a mentira humilha. E algumas delas abrigam lobos, enigmas, trevas. Ele realça a minha serenidade. Discordo e confesso-me à mercê das paixões, dos delitos que nos espreitam ameaçando infernizar nossos últimos dias de vida."
- "A traição amarga a vida. Como esquecer a mão que desferiu o golpe florentino? O que fazer? Apagar o nome do traidor, viver como se não o houvesse conhecido."
- "E, ao indagar sobre o valor da palavra empenhada, admito que as promessas, com teor litúrgico, valem como a própria vida. Não considero que os fins justificam os meios."
sábado, 11 de outubro de 2014
Entre a poesia e a erudição
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- "A vida é natural. Ajustada ao corpo, sem razão se desorienta. Como quando, ao programar meu cotidiano, pareceu-me fácil amar de repente um bichinho indefeso e desamparado que tenho em casa, de nome Gravetinho. Ele é de cor de mel, porte pequeno, rechonchudo devido aos excessos que lhe concedo. (...) Rebelde, ele aceita-me como parte da sua existência. (...) Vê-lo é uma novidade que desejo eternizar na minha vida. (...) Ele é um mistério e uma certeza. Encarna mais o sentido de lar que as paredes da minha casa. Não lhe foi dado o dom da fala, mas aprovo o seu silêncio. Contudo, faço-o saber da existência da linguagem, povoada de palavras. Ajo com cautela, não o quero humilhar, insinuando que é iletrado. (...) Realço-lhe as virtudes com intenso prazer. (...) assumi um compromisso moral que ele não sabe, mas eu sei. E hei de cumprir até o fim.(...) Amo Gravetinho. Meu mote atual reduz-se em dizer: eu não estava preparada para este amor."
- "Faziam da tragédia um bem necessário a fim de testar nossa humanidade. De que outra forma exacerbar o cotidiano em geral mesquinho?"
- "Insone, consulto os ponteiros do relógio sobre a mesinha de cabeceira atapetada de livros, de papéis, do pequeno anjo da guarda dourado ganho no dia do meu batizado, a salvo dos anos, e que conservo ao meu lado, sem saber a quem deixar após minha morte."
- "Já não conto com a parede do amor materno para obstruir a passagem da morte que virá com sua foice."
- "Nenhum autor me conciliou com os limites da casa dos pais, atou-me às paredes estreitas do lar e do quintal. Empenharam-se todos em me desalojar do eixo da alma, este lugar impróprio para guardar as inquietações do mundo."
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
À memória do nosso Bo.
Tecendo a Manhã
"Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
no toldo (a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão".
João Cabral de Melo Neto
"Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
no toldo (a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão".
Estou triste, muito triste.
Tudo isso se reveste de um significado
mas que por ora não irei escrever.
Hoje, vou ficar de luto.
Hoje, pendurei o galo na varanda dos fundos,
Em sua homenagem,
Em respeito à minha dor.
E, obrigada por ensinar-me,
com sua vida,
mais uma lição.
São Francisco o receba nas esferas de luz,
Onde a dor não existe.
E, se um dia eu fizer por merecer,
Venha encontrar comigo, com a mesma alegria
Com o mesmo andar, o mesmo olhar...
Não fiz por te merecer.
Entre a erudição e a poesia
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- " A cada dia aprendo a amar. A família, os amigos, a língua, as instâncias da vida e da arte. Tudo que ausculto e responde ao chamado. O que arfa, respira e acolhe-me sem eu haver pedido. Amar a quem me abraça sem pensar em me dar as costas. Amar a quem late, ruge, relincha e é bicho, como Gravetinho, alegria dos meus anos maduros. Amar a paisagem onde durmo e a humanidade repousa. Amar a descuidada língua dos homens em geral surdos, que recusam a ouvir os latidos do coração."
- "Pensar é aliciador."
- "...aspiro que minha derradeira expressão de vida seja prazerosa para quem me escute à beira do leito."
- "Em qualquer circunstância, havia que fazer anotações."
- "Preservo a cria com o alimento."
- "... nos minutos de que dispomos, atualizamos a banalidade irrenunciável da vida."
- "Minha vida mudou. A cada dia sou menos a Nélida que conheci até bem pouco tempo atrás."
- "Suspeito que aprendi o valor da solidão com os filmes do oeste que enalteciam a vida interior, a realidade perigosa."
- "Quisera às vezes jamais ter sido a mulher que ama o que há dentro de casa. E que, ao decidir ser escritora, renunciou à vida nas savanas, nas tundras, no deserto. A acampar, a viver em tendas varejadas pelo vento. Meu Deus, como sonho com uma vida que me converta em heroína."
- "A mercadoria que trago é tecida por um intraduzível mistério, mas que encanta enquanto espero o inverno final."
- "Ajo a esmo, como se habitasse um terreno baldio que acumula o lixo do mundo."
- "Não passo de uma mulher que consome horas vergada sobre o papel a pretexto de perseguir uma frase que sirva ao menos de consolo."
- "Não a via exatamente vaidosa, mas como quem cuidava do corpo enquanto apurava o espírito. Regia o cotidiano com harmonia." (sobre a mãe)
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Entre a poesia e a erudição
De "Livro das Horas"
Nélida Piñon
- "Levo no rosto uma história curtida e que me ajuda a envelhecer. Não vivi sem resultados, minha vida não foi inóspita."
- "A beleza, a esta altura, não me lisonjeia. Opto por ser a heroína das ideias e das ações que desenvolvi, em especial por me haver submetido ao que o corpo e a imaginação me ditaram."
- "Sofro do acúmulo de vida que dizima a gente da minha espécie."
- "Peregrino pelo bairro, rastreio-lhe a vida. Imito os demais que se precipitam na rua ansiosos por quebrar os grilhões do lar."
- "... evito ser conclusiva no que diz respeito ao cotidiano. Afugento qualquer pretensão filosófica que dificulte o trato com as coisas simples."
- "Tenho razões de amar a vida diária, de sorrir por conta da minha banalidade."
- "Chamam-me ao celular, um número praticamente privado. Monótona voz de mulher oferece-me novas tecnologias vinculadas à assinatura, como se meus vazios interiores necessitassem de imediata ocupação. Com que direito aquele timbre de falsete da funcionária invade o tempo que ainda me resta para viver?"
- "No mercado, ainda, admito ser a vida feita de tréguas, ora difíceis, ora encantatórias. E que nem sempre os apelos ouvidos de fora equivalem ao chamado de Deus."
- "As sacolas de compras, organizadas na mala do carro, expressam meu conceito de abundância. E enquanto a carteira de notas se esvazia, entrego-me aos afazeres inexpressivos a fim de que a geladeira abarrotada alimente meus sonhos diários."
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Memorial 9º ano - Escola Municipal Escola Viva
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