No dia 18 foi anunciada uma greve geral dos caminhoneiros - com início a partir do dia 21, segunda-feira - e hoje, 27 de maio, estamos vivendo as consequências do caos que instalou-se, principalmente com a falta de combustível em todos os postos da região (para não dizer de todo o país). Em decorrência da falta de combustível, temos o efeito cascata: falta de gêneros alimentícios, remédios e insumos hospitalares; precariedade nos transportes e na coleta de lixo; risco no tratamento da água e esgoto... tudo isso que os meios de comunicação conseguem noticiar ou descrever com muita propriedade.
Minha postagem embasa-se na crise que abateu-se sobre o nosso sofrido país para tratar da minha crise pessoal nesse contexto (aqui é meu espaço de memória e catarse, lembra?). Resolvi completar o tanque do carro no dia 16, porque Marina e Daniel ficaram de vir no fim de semana e emendar com o dia de Santa Rita (22 de maio, feriado em Viçosa). Eles mudaram os planos e eu relaxei, sabendo que com o tanque cheio daria para cumprir mais de uma semana de trabalho... Acontece que na última quinta-feira todo o combustível da cidade e arredores já tinha acabado e eu não tinha ido reabastecer. Ainda tenho 1/4 de gasolina, mas quando a vida voltará à normalidade?
Qualquer coisa que nos tire da "doce" rotina cotidiana interfere também no humor, na segurança, nas expectativas. Vejamos: hoje é comemoração do aniversário de 1 aninho da Maria, filha da minha prima (em 1° grau) Cássia. Ela convidou para uma recepção às 16 horas no Campestre de Pádua. Eu planejei ir... E depois levar minha mãe no sítio quando a festa terminasse... Planejei tirar a tradicional foto (eu, mamãe e Gorethi) e também uma da mamãe com a Maria no colo, porque ela tem uma foto linda com a Cássia, em seu 1° aninho. Mas, por necessidade de economizar meus parcos litros de combustível (moro afastada do centro da minúscula Miracema), resolvi não ir à festa. E fiquei triste... Fiquei triste porque fui imprevidente quanto ao combustível (logo eu, tão atenta a tudo...); porque não fui decidida o suficiente para ir assim mesmo (que andasse à pé depois... faz bem estar em família - com o passar dos anos, tenho a real consciência disso. A avó da aniversariante, minha tia Vera, está passando pelo seu deserto de provações com a retirada de um tumor da mama e a consequente quimioterapia).
É sempre um desafio fazer a expectativa virar realidade. Aliás, alguns sábios dizem que o segredo de uma vida feliz é viver sem expectativas e eu estou prestes a concordar com isso e incorporar esse lema em minha vida.
Com a mudança na rotina de domingo (também não fui na minha mãe pela manhã, pelos motivos óbvios descritos) fui com a Janaina na casa de sua mãe, que está em Niterói, com a outra filha. E voltei de lá ensimesmada. Reflexões demais que não cabem na dissertação desse meu diário virtual. Aquelas duas casas imensas, aquele quintal imenso, tudo cheio de móveis, coisas, memórias, mas sem o movimento que confere vida aos dias... Enquanto a ajudava a arrumar roupas em gavetas e armários, olhava para aquilo e pensava no absurdo que cometemos em acumular coisas e mais coisas e como o tempo passa rápido demais atropelando os desavisados ou desprevenidos do caminho... E, de novo, aquela velha pergunta de Calcanhoto: "há algo que jamais se esclareceu, onde foi exatamente" que largamos as rédeas de nossas vidas e cedemos ao cansaço, à tristeza e à solidão? Qual o real minuto que desistimos e nos entregamos ao tempo porque cansamos de guerrear com ele? Pensei na mãe... longe de casa, do aconchego e da segurança de seus pertences e, principalmente de suas memórias... Olhei a filha... Sou testemunha de sua dor e saudade.
Às vezes é preciso re-significar coisas que sentimos e nem sequer sabemos ao certo o que sentimos para ser re-significado.
Enfim, a alteração da rotina continuará pelos próximos dias... A escola particular suspendeu as aulas (as provas de Matemática seriam nessa semana); o prefeito de Pádua decretou recesso... o secretário de Estado de Educação disse (no jornal O Globo de hoje) que a vida vai seguir em plena normalidade (aí eu já tenho que pensar em como abonar minhas faltas).
Como tudo na vida tem sempre mais que dois lados (isso é por minha conta), vou extrair coisas boas dessa alteração dos fatos: descansar e restabelecer a saúde, ficar em casa no dia 29, ir ao banco com mais tranquilidade para conversar com meu gerente e aguardar, ansiosamente, que os caminhões-tanque cheguem para devolver a engrenagem dos dias e a "paz" tão desejada.
Foto incidental (da manhã). |
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