quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Sobre a pandemia do Coronavírus no Brasil

 22.371 vidas em setembro.


Motivos para agradecer e ser feliz - a lista de setembro - Parte II

Começamos o mês com a poda das árvores (salve a boa vontade do Wilsinho) e terminamos com a poda da hera do muro (salve a paciência e capricho do Jamil). Mas também teve:

• Seu Antônio, meu pai,  que completou suas 8 décadas. Levamos salgados e doces... Por conta da pandemia, todos os netos juntos; isso é bênção e alegria.
• Outra vez, primavera! E as flores estão pródigas em beleza e perfume...
• Criamos uma "ilha" linda sobre a mesa da varanda. Canecas, pratos, talheres, adoçante, azeite já ficam por lá... E enfeites também... para dar pasto aos olhos.
• O Zé trouxe-nos uma nova muda de Trançagem. Remédio para nossa vesícula. 
• Nossa querida Janaina Samel fez um trabalho maravilhoso em patchwork com os nossos retalhinhos lindos. Vamos usar no niver...
• Ricardo e Camila vieram para um "até logo". Foram fincar sonhos e planos em novas paragens. Que Deus os abençoe. 
• Marina conquistou sua vaga na Mostarda Produções. Nossa jornalista é uma produtora de conteúdo. Foi se hospedar na casa da Ana, moradora da Barra, e recebeu aquela resposta de Deus que estava a caminho.
• Tronco da Raquel. Sempre é motivo para ser feliz.
• E a chuva chegou na curva do vento... Que alegria! Que bênção!
• As cadelinhas abandonadas em junho aqui no Sayonara e adotadas por Josi e Viviane ganharam a castração da Yasmim... Mas, por aquela mudança de planos mencionada na Parte I, Nina (que era da Viviane) foi morar com a irmã Docinho e virou a Lindinha da Pietra. 
• Fiz o tal peixinho de horta. Ficou ótimo.
• Eu e Gorethi seguimos firmes com nossa poupança semanal. Em julho de 2021 tudo vai ficar pronto.
• Desfolhamos tanto nossos olhos em setembro que sentimos nosso coração mais humano e, por isso, mais grato e feliz.


Motivos para agradecer e ser feliz - a lista de setembro - Parte I

"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu fizeram-no de carne e sangra todos os dias..." 

Esse pensamento de José Saramago, escritor português, Nobel de Literatura em 1998, é a fala da personagem Clara na peça de teatro de sua autoria: "A segunda vida de Francisco de Assis" (1987).

Em setembro meu coração sangrou muito. Ainda sangra e nem sei quando essa hemorragia vai cessar. Aqueles números do Covid transformaram-se em pessoas reais, próximas, queridas, com algum significado em nossas vidas. Ainda nos meses anteriores já sangrávamos pela cunhada da amiga, o tio da colega de trabalho, os tios e primos de outro companheiro de magistério, a mãe de uma professora que partilha a mesma rede de ensino... A irmã de nossa chefe, o irmão de nossa amiga poetisa... e tantas vítimas que foram se acumulando em nosso caderno de orações. 

Mas, neste setembro, perder a Euzinea, nossa companheira de jornada há 31 anos na Prefeitura foi muito dolorido... Foi rápido demais! Acompanhamos sua luta com a mãezinha querida, acamada, que despediu-se da Terra dia 29 de agosto. No dia 05 nossa amiga fez sua última postagem no Facebook. Dia 19, foi a vez de seu pai dizer adeus e no dia 20 nós estávamos a chorar sua despedida. Três vítimas em uma mesma família... É como se ela tivesse deixado assuntos inacabados... ainda aguardamos sua nova postagem nas redes sociais...

A vida na Terra é passagem, bem sabemos... Mas entre saber e sentir existe um hiato que ainda não foi preenchido por teorias ou frases feitas. Há que se ter muita vivência (e carne... e sangramento... e dor) para se fazer a ponte e talvez fundir essas duas ações.

"A consciência da fragilidade da vida foi um choque que nos fez ver a nós mesmos, que nos fez ter a vida em alta conta: a vida é rara, deve ser cuidada, cultivada, mantida." (Viviane Mosé,  Nietzsche Hoje, p.11).

Se meu coração sangra com a Euzinea, com a história da Viviane (não mais a Mosé) ele encontra-se estraçalhado. Em junho conhecemos Viviane, que veio adotar um daqueles cachorrinhos abandonados no Loteamento (vide as postagens de junho). Ela acabou levando a nossa "Floquinho" que virou sua Nina e agora será a Lindinha na família da Josi, Alexandre e Pietra. (Que confusão é essa, Alessandra?) Então...

Nesse ido de junho fizemos o registro da adoção, trocamos algumas "palavras", gravamos nossos contatos por WhatsApp e trocamos mensagens. Até que um dia chegou um vídeo e um áudio em que ela me dizia ter feito uma cirurgia para retirada de alguns tumores no cérebro. Mas que estava tudo bem. No vídeo, ela aparece sentada e Nina brinca alegremente ao seu redor.
Como essa adoção fez parte do pacote de castração gratuita, voltei a fazer contato na semana passada para avisar que já teriam que levar a cadelinha à clínica veterinária e, para minha surpresa - e grande impacto - a resposta veio de seu marido, dizendo-se agora viúvo, com duas crianças (um menino de 10 anos e uma menina de 2 anos) e que ele não teria condições de continuar a cuidar da Nina. Nós já tínhamos ficado sabendo de uma Viviane, vítima de Covid, mas não associamos a ela... E, então, as engrenagens aqui no coração não param de sangrar... A questão da Nina foi resolvida: nossa amiga Josi vai levá-la para o sítio para completar o trio de meninas super poderosas da Pietra. Fico feliz que Nina (que agora se chamará Lindinha) teve um desfecho feliz... Mas, e as crianças? Perderam a mãe... Perderam a cadelinha de estimação... Meu coração sangra por eles, pelo menino da foto, junto à mãe (os meninos amam tanto suas mães...).
No entanto, se há pessoas com nervos de aço como cantou Lupicínio Rodrigues, há outras com coração alado... E, como Fagner, desfolhamos nossos olhos e deixamos as lágrimas adubarem o solo de carne, plantando a fé, regando com a esperança e vendo brotar as flores  da gratidão e (possível) felicidade. Por isso, mantemos nossa MASF (Motivos para agradecer e ser feliz). Mas que, por razão dessa longa introdução, será publicada como Parte II.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

No(s)so Lar Sayonara

Faz da tua casa uma festa!

Ouve música, canta, dança...

Faz da tua casa um templo! 

Reza, ora, medita, pede, agradece...

Faz da tua casa uma escola! 

Lê, escreve, desenha, pinta, estuda, aprende, ensina...

Faz da tua casa uma loja! 

Limpa, arruma, organiza, decora, etiqueta, muda de lugar, separa para doar...

Faz da tua casa um restaurante! 

Cozinha, come, prova, cria, cultiva, planta...

Enfim... 

Faz da tua casa um local criativo.

(Autoria desconhecida)


sábado, 12 de setembro de 2020

Colcha de vivências e memórias

Para quem cresceu em meio aos retalhos que eram jogados no chão do quarto de costura, algumas vezes misturados aos besouros pretos e cascudos (quando minha mãe costurava à noite), eu deveria ter aprendido a costurar! Já mencionei aqui, em outra oportunidade, que me arrependo disso... Passei toda a minha infância e adolescência - e parte da juventude, ao lado de minha mãe, observando... tirando um alinhavo, abrindo uma casa de botão, cortando as linhas... mas nunca me atrevi a cortar e costurar. Ela, por sua vez, também nunca fez questão de me ensinar. Então ficamos assim... Eu, cheia de ideias... Mamãe, com a prática... E combinamos muito bem, todos esses anos! E haja "inventação" de moda, literalmente! "Mãe, faz um vestido de estrelinha..." "Mãe, faz um vestido e pede à madrinha para pintar?" "Mãe, faz uma blusa de calça jeans?" "Mãe, faz esse modelo igualzinho ao da revista?" "Mãe, faz essa fronha assim..."? "Mãe, faz um laço igual ao da viúva Porcina?" "Mãe, faz essa reforma?" 
Perdi a conta de quantas vezes falei "Mãe" e fui atendida... O tempo passa... Vi minha mãe chegar ao outono da vida, costurando... Aquela agilidade de antes foi sendo substituída por uma necessidade maior de tempo, mas nem por isso com menos perfeição. Porque sim, mamãe é uma costureira perfeita. 
Ano passado, acompanhando as publicações da loja True Friends, fiquei apaixonada pelos kits de tecidos que eles colocam à venda. Comprei um de 24 retalhos (Kit Exuberance) que "conversam" entre si. Um primor! Tive o cuidado de fazer o pré-encolhimento (como aprendi com mamãe) e levei para trocar ideias com ela... Mas, por alguma razão, ela não se empolgou tanto. Também amou os tecidos, mas talvez não estivesse numa fase da vida em que a paixão e a energia pudessem se materializar. Aguardamos... O tempo tem seu próprio ritmo de fazer as coisas acontecerem. Precisamos compreender e respeitar! De fato, em fevereiro ela começou a perceber nódulos na mama direita e, mesmo em meio a essa louca pandemia, fizemos os exames e foi detectado tumor maligno. Mas, levando em conta que mamãe faz parte do seleto time "quem sofre no começo, aproveita no final", tudo transcorreu da melhor forma que foi possível, para o momento. Submetida a uma mastectomia simples, todo o tumor foi extraído, sem necessidade de radioterapia nem quimioterapia. Apenas bloqueador de hormônios. Os 76 anos ajudaram... E a disciplina de pagar sua Unimed por quase 30 anos também... 
Durante as muitas idas à Muriaé para exames e consultas, combinamos algumas coisas. Dentre elas, meu presente de 50 anos... (Porque gosto de tudo que minha mãe faz... Porque gosto de tudo que minha irmã faz... Então, sim, meus presentes de aniversário podem ser sempre as coisas que elas fazem). E a colcha de retalhos foi um dos combinados.
Passados os 40 dias da cirurgia e com resultados tão favoráveis, seus olhinhos azuis brilharam novamente... Agora, sim, a energia poderia fluir e se materializar. "Gosto tanto disso, minha filha. A Janaina disse para eu fazer palavras cruzadas... Mas eu não preciso. Costurar mexe com a cabeça. E fazer essa colcha me faz bem, não sei explicar..." (Acho que ela queria usar, em algum momento, a palavra desafio, mas, talvez por falta de hábito, não conseguiu buscá-la no vocabulário). 
Os tecidos foram cortados, embainhados, separados por duas vezes para a "combinação". Com mente cartesiana, estabeleci alguns critérios, numerei, etiquetei, levei tudo separadinho... 
Pena não encontrar as palavras certas para descrever as emoções subentendidas em cada troca de ideia, cada mudança de estratégia... 
"Não mãe, a barra apagou a colcha... Vamos inverter"
"Como você é inteligente, minha filha". 
"Mãe, coloca acabamento de viés no avesso, que dá para usar dos dois lados..." 
"Olha, eu precisei emendar uma tira aqui..." 
"Mãe, que avesso perfeito!"
"Preciso que você organize as fronhas".
"Comprei renda, pode usar à vontade, aonde a senhora quiser..."
(numa tarde de quinta a gente aparece com um saco de pão para o café...)
"Foi Deus que te mandou aqui... Precisamos pensar em como terminar as fronhas, faltou um pedaço de pano, mas já dei um jeito."
"Mãe, nada de velcro nas fronhas, vamos colocar botão como a vovó fazia..."
"Ah, então vou fazer caseado à mão. Valoriza mais..." (linha encerada com cera de abelha... Dá para imaginar a preciosidade disso?).
Sou grata por ter olhos de ver... E saber aproveitar esses momentos enquanto estou caminhando dentro deles. 
A felicidade pode ser assim: uma colcha de retalhos costurada pelos fios das vivências que se transmudam em memórias.











terça-feira, 8 de setembro de 2020

Nossa Terapia: Grace & Frankie

Semana passada descobrimos esta série na Netflix. Tem sido nossa terapia... Muitas risadas... Muitas reflexões também.




sábado, 5 de setembro de 2020

Papai completou 8 décadas

O tema "papai" aparece pouco nas minhas postagens. Mas "seu" Antônio chegou aos 80 anos no último dia 02. E isso não pode passar despercebido. Está bem, forte, lúcido. Venceu um câncer de pele há alguns anos... (Eu estava começando o verão da vida e não me dei conta da gravidade ou não...). Venceu um câncer de intestino em 2011... (Todas as minhas segundas-feiras de março a outubro daquele ano foram para ele...). Venceu duas cirurgias de próstata. Venceu uma falta de oxigenação no cérebro no início de 2020. Quando parece que vai se entregar, ele ressurge de si mesmo, resistente. Como a vida é para ser celebrada, ainda que imperfeita ou doída, levamos um bolinho para ele neste sábado. Todos os netos reunidos... Como há 10 anos... Isso é bênção!