quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Trabalho da Faculdade de Psicologia (Projeto Integrador II)

 FAZENDO pSICOLOGIA NAS MÍDIAS:

O USO DO PODCAST

 

Resumo: Este artigo traz à análise e reflexão o uso das Tecnologias da Comunicação e Informação – TICs pelos profissionais psis, em especial o Podcast. Os Podcasts são produções em áudio, disponibilizados através de um arquivo ou streaming, que conta com a vantagem de ser escutado quando o usuário desejar. Quem é ouvinte de Podcasts pode usá-los para escutar notícias, entrevistas, dicas práticas, estudar ou simplesmente se divertir. Então, por que não utilizar essa ferramenta para divulgação dos conteúdos e práticas psis? Como os conteúdos ficam disponíveis para que as pessoas ouçam quando quiserem e onde estiverem é importante que o aluno de graduação em Psicologia conheça as possibilidades de suportes para a gestão da carreira e o presente artigo vem contribuir na apresentação do Podcast.

Palavras-chave: Psicologia e Internet; Podcast; TICs

 

INTRODUÇÃO

 

A tecnologia tem feito parte do cotidiano de milhões de pessoas em todo o mundo. Devido à disseminação das Tecnologias de Informação e Comunicação – as TICs – muitas profissões estão passando por reformulações e inserindo essas ferramentas inovadoras em seu universo de trabalho. De acordo com Veloso (2011, p.50), as TICs “aceleram a comunicação, fomentam a interatividade, transformam a produção, alteram as relações dos homens entre si, modificam suas atividades, e, interferem na própria organização da sociedade”. São exemplos de TICs: telefones celulares e seus aplicativos diversos, computadores pessoais, tablets, correio eletrônico (e-mail), a internet (ligando em rede esses instrumentos), a TV digital, os suportes de armazenamento de dados (textos, sons e imagens), etc. Desse modo, é compreensível que a Psicologia também deveria se reformular de modo a integrar essas TICs em sua prática. É possível observar um crescimento da participação de especialistas psis em programas de televisão, revistas, programas de rádio, criação de perfis profissionais em redes sociais, sites e blogs para divulgação de conteúdos, aconselhamento psicológico entre outros. Mas é preciso ficar atento. Despret, 2011, afirma que a Psicologia divulgada nas mídias é uma versão da psicologia e não a sua representação.

O desenvolvimento tecnológico permitiu que as práticas psicológicas atingissem um número significativo de pessoas, através das diferentes mídias. Em observação a essa crescente demanda, o Conselho Federal de Psicologia regulamentou, através da Resolução nº 011/2018, a autorização para prestação de serviços psicológicos realizados por meio das TICs: consultas, psicoterapia, orientação (psicoterapia breve focal), processos de seleção pessoal, supervisão técnica e aplicação de testes psicológicos, desde que devidamente autorizados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) e normativas vigentes do CFP. Para que o/a profissional psi possa fazer a prestação de serviços é necessário que assine um termo de orientação e declaração que contém os deveres do/a profissional para a realização desses serviços. Com a pandemia, o CFP criou a Resolução n° 04, de 26 de março de 2020, regulamentando os serviços prestados durante o período pandêmico. Já a Resolução n°13, de 15 de junho de 2022, corrobora a utilização das TICs em seu Art. 16: “É facultada à psicóloga e ao psicólogo a oferta de psicoterapia por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, em observância às normativas vigentes sobre o assunto” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA).

Nesse universo de ferramentas e suportes midiáticos, o presente trabalho quer destacar, com especial relevo, o uso do Podcast na disseminação de informações, juntamente com o entretenimento e a reflexão. Os Podcasts são produções em áudio, disponibilizados através de um arquivo ou streaming, que conta com a vantagem de ser escutado quando o usuário desejar. Quem é ouvinte de Podcasts pode usá-los para escutar notícias, entrevistas, dicas práticas, estudar ou simplesmente se divertir. A vida movimentada tem exigido que as pessoas executem diversas tarefas durante o dia, algumas delas simultaneamente. O Podcast vem ajudar a aproveitar o tempo. Ele funciona como rádio, no entanto, seu conteúdo é sob demanda, ou seja, o ouvinte escolhe qual a categoria deseja ouvir, onde e quando. Um relatório do serviço de streaming de áudio Deezer aponta que o número de ouvintes desses programas cresceu em 24% em 2021. As vantagens estão em encontrar um conteúdo direcionado, possibilidade de ouvir quantas vezes quiser, chance de aprender enquanto realiza outras tarefas, já que não há a necessidade de assistir a um vídeo. As pessoas interessadas podem acompanhar direto em seus celulares (o agregador de podcasts) o lançamento de cada novo episódio de forma totalmente automática ou baixar para ouvir offline. A baixa transferência de largura de banda e não consumir tanto como os vídeos resulta em economia de dados da operadora de telefonia móvel, um fator a mais na vantagem dessa modalidade.

É importante que o aluno de graduação em Psicologia tenha conhecimento das possibilidades de ferramentas e suportes, no universo das TICs, para a gestão de sua carreira. O objetivo desse artigo é apresentar o Podcast como mais uma mídia para a divulgação dos conteúdos e práticas psis. A partir de pesquisa com caráter bibliográfico, foi realizado o levantamento de informações pertinentes ao objeto de estudo.

discussÃo

Com as TICs uma outra versão da psicologia foi inventada, uma psicologia dita comprometida com o bem-estar coletivo que o proporciona através da divulgação de seu saber e de orientações acerca de diferentes questões relacionais, emocionais ou comportamentais (SILVA e MORAES, 2006). Foi pensando no bem-estar, que muitas vezes advém após importantes reflexões, aliado à autonomia que o uso da mídia Podcast oferece que se pretendeu a criação do Podcast “Águas Profundas – A fala deságua os sentimentos e a escuta (atenta) absorve empatia”, com a proposta de episódios curtos – de 10 a 20 minutos, a princípio, com temáticas que abordam situações necessárias ao trabalho de terapia e cura. Nesta fase de apresentação serão gravados quatro episódios com os seguintes temas: Experiências pessoais no convívio com a Doença de Alzheimer; Luto materno; Comunicação com paciente em tratamento de câncer e Injúria/Preconceito Racial.

Dentre os motivos para a criação de um Poscast na área psi, podemos destacar também um termo chamado awareness, que significa a “consciência da marca”, ou seja, uma forma do profissional apresentar sua “marca pessoal”, além da geração de leads, ou seja, oportunidade de marketing, geração de negócios, uma oferta de valor para o conteúdo em streaming. Este é o caso, por exemplo, do Podcast “Bom dia, Obvius”, apresentado por Marcela Ceribelli, CEO e diretora criativa da agência Obvius e que traz convidadas para conversas abertas sobre assuntos do universo feminino. Na abertura do Poscast é possível ouvir a divulgação de produtos direcionados a esse público, como hidratantes corporais, produtos de maquiagem, entre outros.

A primeira etapa de criação de um Podcast é o planejamento. Como em qualquer outra atividade ou projeto, essa etapa é importante e não deve ser desprezada. É neste momento que serão definidos os objetivos para atrair o público, a fidelização dos ouvintes. Antes de gravar, alguns pontos devem ser planejados: identificar o público e a linguagem que será utilizada; observar a concorrência, mas entender que não existe um modelo ideal (faça experimentos e identifique aquilo que agrada ao seu público); definir um tema é muito importante e qual o formato, ou seja, se vai ser um bate-papo, mesa redonda, debate, informativo, educativo, entrevista, dissertativo, storytelling (enredo e narrativa envolventes). Lembrar que é fundamental falar de algo que tenha domínio, definindo assim, um conteúdo; entrevistar convidados pode ser uma boa alternativa, pois eles podem acabar compartilhando em suas redes sociais e, assim, aumentam a audiência; como o Podcast não é visível é importante criar cenários com a voz para que o público entenda a mensagem; criar sua própria personalidade, observando o tom de voz, as brincadeiras, frases e jargões (ouvir a voz de alguém é diferente de ler um texto, isso deve ser considerado como um quesito de atração); manter a frequência de lançamento dos episódios, que podem ser semanais, em dias fixos, por exemplo, (a regularidade é fundamental na fidelização); definir um momento para o call-to-action – CTA, ou seja, quando o ouvinte poderá fazer alguma ação, como “acesse o nosso site e veja mais detalhes ou informações”, ou ainda, “cadastre-se e concorra a um brinde surpresa”; por fim, tenha uma página para receber os ouvintes (site, página em rede social, blog, landing page). Após a etapa do planejamento, a segunda é o roteiro, que pode constar de: vinheta; apresentação do/s locutor/es; menção à data e ao tema do dia; rápida introdução do assunto; vinheta transitória; avisos e convites; abordagem do tema planejado para o episódio; preparação para o encerramento; vinheta transitória para direcionar ao final; últimos avisos; convite ao CTA e encerramento. Na terceira etapa, que é a de gravação, observe se o ambiente é confortável e silencioso; que tipo de microfone será usado; se a gravação será individual ou em grupo, em sala grande ou pequena ou em estúdio (recomenda-se conversar com um profissional que entenda do assunto); por fim, definir como será gravado e onde será hospedado. Algumas plataformas permitem que se grave diretamente pelo aplicativo, inclusive com convidados. São exemplos de aplicativos: Spotify, Deezer, Amazon Music, Apple Music.

A partir dessas informações, quem sabe este não é o momento ideal para se acostumar a consumir esse formato de conteúdo e também produzi-lo? A possibilidade de ouvir o Podcast enquanto executa outra tarefa, como o banho, durante a preparação de uma comida, na academia, dentre outras atividades “automáticas” faz desse recurso um grande aliado da informação e do entretenimento.

 

CONCLUSÕES

Entendemos que há múltiplas interfaces entre a psicologia e as tecnologias de comunicação. O desenvolvimento tecnológico permitiu que as práticas psis atingissem um grande número de pessoas através das mídias. É importante destacar que não há mudança de foco na intervenção do/a psicólogo/a, que continua por tratar a intimidade e as biografias, mas há possibilidades de mudança das práticas e espaços. Com a articulação das TICs, os limites dos consultórios ultrapassam as paredes e ocupam os meios de comunicação de massa.

 Como a procura por serviços psicológicos tem aumentado nos últimos anos, acentuando-se no período de pandemia e pós-pandêmico, fazendo com que os órgãos regulamentadores do exercício profissional elaborassem medidas de prestação de serviços, de forma a permitir maior acesso por parte da população, com garantia da qualidade, valeu o esforço de evidenciar o objeto de estudo – fazendo psicologia nas mídias, o uso do Podcast, como mais uma possibilidade de fazer chegar a um maior número de pessoas conteúdos psis, com foco na terapia. Sugere-se a realização de novos estudos sobre os desafios da divulgação e a conquista do espaço, em um cenário (virtual) já tomado por tantas ofertas.

O diretor de cinema Joon Ho, no discurso do Oscar 2020 menciona Scorsese, dizendo que uma frase em especial marcou seu coração: “o mais pessoal é o mais criativo.” Se estamos “Navegando em Águas Azuis”, que possamos ir mar adentro em busca do conforto e desconforto, da fala e da escuta que sugere e liberta. Que sejam içadas as velas!

 

 

REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cadastro e-Psi. Termos. Disponível em:

https://e-psi.cfp.org.br/termo/ . Acesso em: 08. dez. 2018.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Brasília, agosto, 2005. Disponível em:

https://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf. Acesso em: 08. dez. 2018.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP Nº 11/2018 de 11 de maio de

2018. Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação e revoga a Resolução CFP N.º 11/2012. Disponível em:

https://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2018/05/RESOLU%C3%87%C3%83ON%C2%BA-11-DE-11-DE-MAIO-DE-2018.pdf . Acesso em: 21 mai. 2018.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 04, de 26 de março de 2020. Dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a pandemia do COVID-19. Disponível em https://atosoficiais.co.br/cfp. Acesso em 05 de setembro de 2022.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 13, de 15 de junho de 2022. Dispõe sobre  diretrizes e deveres para o exercício da psicoterapia por psicóloga e por psicólogo. Disponível em https://atosoficiais.co.br/cfp. Acesso em 05 de setembro de 2022.

DESPRET, Vinciane. Leitura etnopsicológica do segredo. Fractal: Revista de Psicologia, v. 23, n.1, p. 5-28, 2011.

JOON HO, Discurso do Oscar 2020.

RESULTADOS DIGITAIS:

https://resultadosdigitais.com.br/marketing/como-criar-um-podcast/#:~:text=Como%20fazer%20um%20podcast%3F,podcast%20e%20plataformas%20de%20streaming.

https://blog.unp.br/podcasts-de-psicologia-conheca-os-4-melhores/

SILVA, Cristiane Moreira., MORAES, Márcia Oliveira. Tecnologia e Subjetividade: intimidade mediada por computadores. Psicologia em Revista, 12(19), 2006, pp. 44-53.

VELOSO, Renato. Tecnologias da Informação e Comunicação: desafios e perspectivas.

São Paulo, SP. Ed. Saraiva, 2011. 1ª edição.

 

 

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