segunda-feira, 20 de maio de 2013

Observações cotidianas

Em, 16/05/2011

Outro dia, enquanto faxinava a casa observei duas situações interessantes: minha Coroa de Natal está na fase de declínio. As folhas estão ficando amareladas, envelhecidas, queimadas pelo sol e, dentro em breve, irão murchar de vez. Então, até novembro, início de dezembro, o que verei será apenas um vaso cheio de terra, nada de folhas... Ainda assim precisarei regá-lo porque em seu seio estarão "adormecendo" as batatas que, enchendo-se novamente da seiva da vida, irão ressurgir para o Natal, mais belas! Quase um ano de preparação para retornarem ao ciclo da vida... Como são resistentes as raízes! Como são frágeis as flores! Podem ficar dias, semanas, sem receber água, mas lá estão, vivendo o sonho do florescer.
No outro extremo da casa, minha orquídea Pingo-de-Ouro está florescendo. Toda verdejante, folhas renovadas, exibe três lindos cachos de flores amarelas que, ao contrário da Coroa, são mais resistentes e duram mais de um mês. Mas, de forma análoga, a orquídea também passa pelo seu momento de esquisitice. Suas folhas não desaparecem, mas perdem o viço, a cor vibrante e ficam assim, entregues à natureza e ao seu ciclo. Até que vem o  momento certo e se renovam...
Louvada seja Cecília Meireles quando, inspirada, escreveu:
"Aprendi com as primaveras a deixar-me podar, para voltar sempre inteira".
Alma sensível que consegue num arranjo tão simples de palavras, encerrar tanta reflexão e profundidade! Pegamos sua forma literal e vemos o que acabei de transcrever sobre minha Coroa de Natal e minha orquídea Pingo-de-Ouro. No sentido  figurado, vemos o passar dos anos - nossas primaveras - amadurecendo-nos...
Primeira flor da Coroa de Natal - dezembro de 2002.
Tenho vivido dias assim. Estou mais para a Coroa de Natal do que para a orquídea. Sinto que estou hibernando. Sinto-me presa, limitada, como a batata, que não tem muito o que fazer a não ser esperar, fortalecer-se e "eclodir" na hora certa. Vicejar, florescer...
Que Deus, nosso Pai amoroso, justo e bom possa emitir um raio de paz e luz à Cecília, abençoando-a pelo legado de sensibilidade que nos deixou. Possa amparar meu coração pecador e fortalecer-me com a luz do entendimento e da compaixão. Possa envolver aos meus amores, hoje e sempre, protegendo-os, amparando-os, mais uma vez!

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