Chegou outubro. Trazendo dias para se celebrar...
Já no seu primeiro, Santa Terezinha – minha amiga de longa data. Conhece? Se não, procure por ela. Vai chover rosas.
Depois, os idosos, que cá pra nós têm estado tão carentes de reconhecimento e carinho. Se não nos curvamos frente àqueles que nos possibilitaram ser e estar, se não nos dispomos à aprendizagem da sabedoria, e em última instância, se não reconhecemos neles a estrada que, com sorte, no futuro haveremos de trilhar, o que nos resta de esperança?
E tem Francisco - o de Assis. Esse você por certo há de conhecer. Falava com a natureza, o Chiquinho: bichos, aves, sol, lua, sabia a linguagem universal do amor. Despiu-se das riquezas em nome da simplicidade – aquela que todos nós queremos, mas não tanto a ponto de tanto despojamento e renúncia. O santo mais doce de todos os santos, é de outubro. Mês dos poetas, dos compositores, esse povo que não sei por que teima tanto em ver tão diferente o que para muitos é apenas realidade. Mas o que seria de nós, simples mortais, sem bom verso e todas as melodias? Pois viva outubro e toda sua poesia.
Dizem que, em outubro, bem no 12 da folhinha, é o Dia do Mar. "Oh, mar, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal...". Amar o mar que há em nós está na conta desse mês tão pródigo de celebrações. Dia também das crianças! Delas, que estão na arrebentação do crescimento, e das nossas crianças particulares, interiores, aquelas que um dia fomos e se tornaram os adultos que estamos. Carregamos nossa criança no colo? Deveríamos. Está aí outubro trazendo a oportunidade de nos olharmos de volta e nos descobrirmos de novo puros, sinceros, amorosos e corajosos tanto quanto fomos num longínquo reino chamado infância. Reino este ocupado agora por nossas crianças, que feito a primavera, florescem ao redor de nós.
E tem, ainda, esse mês, o dia de reconhecer o educador, quem não teve ou tem Mestres ou Mestras dos quais seremos para sempre discípulos por tudo o que nos ensinaram? Abençoados sejam, reconhecidos sejam.
E tem a Senhora das Senhoras. A Aparecida. Nossa padroeira.
Valei-nos nesse outubro, oh Mãe, que o rio tá sem peixe, a praia está deserta, os pescadores desesperados, e redes vazias é o que não nos tem faltado por aqui. Permita-nos pescar de volta nossa aldeia, nossa camaradagem, nosso jeito bonito de viver unidos em torno de uma mesma canção e de uma mesma esperança, apesar das adversidades. Fomos tão bons nisso, e durante tanto tempo. Por que será que esquecemos? Por que nos esquecemos, Mãe? Dai-nos, novamente, as redes cheias, o coração largo, a compaixão para conosco mesmos e para com o outro, traz de volta nosso antigo olhar brasileiro de ver tudo com coragem e respeito. Abra em asas seu manto e nos embrulhe a todos, que a madrugada é fria, e de berço, braços, proteção e cobertor andamos todos precisados..
Ainda resta dizer sobre outubro, que ele festeja o pintor – quem por destino e escolha faz da cor seu ganha pão. Festejemos as mãos de quem restabelece e cria beleza. E se é rosa o outubro, que sejam pintados de vida e cura todos os trinta e um desse mês. Que proteção não nos falte por meio da prevenção.
E antes de novembro apear no calendário, ainda uma vez, outubro, olhe-nos com compaixão. Mas inquiete-nos, desafie-nos à justiça e ao bom senso, a reencontrarmo-nos em nossa humanidade.
Traga nas mãos a cura para tudo o que, por ventura, em nós carecer de reparo: no corpo, na mente ou na alma da gente.
Não há de ser tão difícil. Um mês coberto de santos, que traz em seus dias os anjos, não vai se fazer de rogado.
Traga gentileza, ternura e um bocado de harmonia, rime tudo com democracia e nos dê justiça, igualdade e paz.
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