quinta-feira, 12 de setembro de 2019

(Breve) Memorial Lenize Altina Rezende Marconi

Memorial Lenize Altina Rezende Marconi –  1ª edição/2018
Um filósofo certa vez nos disse: “O tempo só respeita as edificações que ajudou a construir”. No auge de seus 90 anos bem vividos, temos a certeza que o tempo e a Profª Lenize muito se entendem e se respeitam. Nascida em 07 de julho de 1929, ela viu o tempo realizar quase todas as grandes transformações do século XX. Aquela menina que brincava com os primos e vizinhos em um circo armado no quintal, a jovem que dançava nos bailes do Tangirina* e banhava-se nas águas do Rio Pomba, não imaginava que teria a alegria de testemunhar tantas inovações do novo século e do novo milênio! (Parênteses: corre à boca miúda que ela é uma das sereias, musa inspiradora de José de Anchieta Perlingeiro, compositor de Areião).
Filha de Sebastião de Pádua Rezende e Maria Retto Rezende, aos 12 anos já demonstrava seu interesse pelo magistério, acompanhando duas alunas em seus deveres de casa. Cursou o antigo primário no Colégio Estadual Almirante Barão de Teffé, onde mais tarde veio a ser diretora, ficando até sua aposentadoria compulsória, em 07 de julho de 1999, aos 70 anos. Com seu espírito de liderança, sempre esteve à frente das ações que cobrava de seus subordinados. “Esse pátio da escola mais parece uma colcha de poá, de tanta bola de chiclete grudada no chão...tragam as cavadeiras!” Seu brado ecoava pelos corredores... Minutos depois, alunos e professores estavam a presenciá-la, junto às serventes, a raspar o chão, retirando as nódoas e recompondo a limpeza e a ordem. Com seu espírito de justiça, tomava as decisões e, se preciso fosse, voltava atrás, porque acima dela mesma, deveria prevalecer o certo e o ético. Distribuía louvores e alguns lembretes, ou “puxões-de-orelha” como se dizia à época, com o mesmo amor e comprometimento. Obviamente, colheu muitos frutos dessa sua atitude tão comprometida. Recentemente estava a atravessar a rua em frente ao Banco do Brasil, quando um carro parou, para que ela passasse na faixa de pedestres. Porém, no mesmo instante, uma motocicleta avançou na pista e impediu seu movimento. Ainda sob o impacto do momento, chegou perto do carro, ao lado do carona, para agradecer, dizendo (no jeito Lenize-educadora de ser): “nem todos são educados como você”, quando, o motorista estendeu-lhe a mão e respondeu: “aprendi com a senhora”.
“Nada foi tão gratificante para mim como este momento” ela nos relata... Mas bem sabemos de sua alegria quando os alunos do Barão de Teffé receberam uma medalha de 1º lugar em um concurso estadual, após a exposição do Projeto Manuel Bandeira em uma Galeria de Arte na cidade maravilhosa. Bem sabemos de sua alegria ao encontrar os professores da rede pública municipal, frutos da municipalização do ensino, há 30 anos, quando, atendendo a um convite do prefeito Renato de Alvim Padilha e, com o espírito pioneiro de sempre, foi a primeira secretária de educação da municipalização, em 1989, realizando o 1º concurso público do município para professores, firmando parceria com o Centro Educacional de Niterói para cursos de aperfeiçoamento, os Adicionais e, em 1990, criando o primeiro Plano de Carreira para o Magistério Municipal.
Com 2 (dois) filhos, 4 netos e 3 bisnetos, podemos imaginá-la no conforto de sua merecida aposentadoria, usufruindo a sensação boa do dever cumprido, após ter pavimentado sua longa estrada: curso normal, graduação, pós-graduação, magistério, direção de escola, secretaria de educação... Mas, como dizem na gíria atual “#só que não”. Vamos encontrá-la em seu trabalho voluntário junto ao Grupo Espírita Antônio de Pádua - porque no dia seguinte à sua aposentadoria compulsória, apresentou-se para trabalhar na Creche Vovô Henrique -  iniciando, há 20 anos, um voluntariado que dura até os dias atuais. Dentre tantas funções que acumula na Instituição, ela é a 1ª tesoureira na composição do Conselho do Grupo Espírita. Também vamos encontrá-la envolvida com as atividades da APLAC, Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências, onde ocupa a cadeira n° 15, patrona Lourença Guimarães.
Em seu “acordo de coexistência pacífica com o tempo”, a professora Lenize já impregnou na história da educação paduana o seu legado e, por esse motivo, foi escolhida para receber a Medalha de Mérito Educacional Profª Maria Thereza Caldas Velasco, na 1ª edição, 2018. Parabéns, Profª Lenize e muito obrigada!
Em tempo: Tangirina era uma pista redonda, com cobertura de sapê, armada aonde hoje se localiza o Clube Social. Mais alguém aqui se lembra?



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