segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Entre a poesia e a erudição

De "Livro das Horas"
Nélida Piñon

  • "Choro ao ouvir Villa-Lobos. Ele parece dizer quem sou e me faz esquecer compromissos cosmopolitas que acaso assumi com a engrenagem civilizatória."
  • "Reconheço-me escrava da memória que não apago com borracha."
  • "Questiono se tenho aptidão para viver."
  • "Também não me ajusto a este tempo."
  • "Fabulo a qualquer pretexto."
  • "Viver, agora, é minha única estratégia. Sem pretender a santidade, o que já é um alívio. Ou conciliar o meu caos com os conflitos sociais."
  • "O amor reclama palavras porque sabe que o corpo não fala."
  • "Dar término, pois, à história é recolher nas entranhas o gosto da dor."
  • "Vejo que, a despeito de estar cercada de afetos, sou turista na alma. E, mesmo não querendo o coração empedernido, desconfio da geografia e da população deste planeta. Assim, viajo com o espírito de quem deu início a uma aventura sem saber como há de terminar."
  • "Sou eu quem deve pleitear a minha transformação, como me aprimoro. Só mediante meus recursos estabelecerei uma escala de valores."
  • "A vida sabe como batalho por auscultar a minha humanidade."
  • "... a escrita me devolve a mim mesma."
  •  "... escrevia no caderno a frase oriunda da mala dos sonhos."
  • "No cumprimento de minha jornada, aspiro tão somente ser guardiã de mim mesma."
  • "O cotidiano é inimigo do artista. Apresenta-se sob a forma de compromissos sociais, de chamadas telefônicas, de faturas e de tarefas que roubam e não devolvem o troco. Ações que consomem o tempo, incapacitam-nos a desfrutar do lar, em cujas paredes, frias e descascadas, se abatem as ilusões."

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