Memorial Edvar Alves de Moura – 3ª edição/2020
O
grande poeta e acadêmico Ferreira Gullar asseverou que “A arte existe porque
a vida não basta”. Ao buscarmos a biografia de Edvar Alves de Moura,
compreendemos perfeitamente a síntese poética! E permitindo fazer uma intertextualidade com Manoel de Barros não
hesitamos em afirmar que uma alma tão criativa não poderia ficar confinada em
uma vida “que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra
pão às 6 horas da tarde etc etc etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros.”
Com
certeza, o filho de Manoel Alves de Moura e Maria Magdalena Souto Moura,
nascido em 30 de junho de 1943 foi esse “Outro” na história de Santo Antônio de
Pádua, deixando-nos um legado imorredouro através do Teatro Municipal Geraldo
Tavares André, esse espaço que nos acolhe nesta Cerimônia. Sua luta junto às
autoridades competentes para que o prédio da antiga Estação Ferroviária fosse
doado à Prefeitura, a remodelação e adaptação para as atividades teatrais é o
fato mais marcante em sua vida, ele nos confidencia. E nós, reconhecemos e
agradecemos por essa luta!
O
professor de Letras, formado pela Universidade Federal Fluminense, Campus
Niterói, iniciou sua carreira no magistério em 1982. Guarda especial lembrança
pela sua passagem no CIEP de Itaguaí, onde atuou como coordenador da
Biblioteca, Língua Portuguesa e Estudos Sociais.
Sua
formação básica ocorreu nos espaços escolares do Colégio Estadual Almirante
Barão de Teffé, Colégio Cenecista Caribé
da Rocha e Colégio de Pádua, onde concluiu o curso Técnico em Contabilidade.
Embora os cifrões sejam importantes na vida de qualquer pessoa, nosso homenageado
não seguiu carreira na Contabilidade, pois a arte sempre falou mais alto em sua
vida. Em 1980, ele estreava no município de Mangaratiba, RJ, com a peça A
Bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado; um marco em sua trajetória
artística, seguida de outras duas peças infantis: Chapeuzinho Vermelho e
Maroquinhas Fru Fru. “Fiquei muito surpreso com o sucesso da minha primeira
peça infantil, em Mangaratiba”, ele nos relata. A boa receptividade fez com
que sua veia artística aflorasse e nos anos seguintes a atividade teatral foi
intensa. Em 1993 foi convidado pelo então prefeito Luís Fernando Padilha Leite
para realizar, no galpão do Parque de Exposição Municipal a peça “A mente
capta”, abarcando um público considerável. No ano seguinte, 1994, consegue
apoio para alugar um espaço na antiga máquina de beneficiamento de arroz,
situada na Rua Dr. Ferreira da Luz, estreando neste espaço a peça “O Auto da
Compadecida” , uma condensação do texto de Ariano Suassuna; além de fazer a
remontagem da peça “A mente capta”. À frente do Grupo de Teatro Intuição viveu
momentos memoráveis, como a montagem da peça “Morte e Vida Severina”, em
Araruama, RJ, a convite da SATED – RJ; a oportunidade de ter sido recebido pela
teatróloga Maria Clara Machado, no icônico Teatro Tablado, quando foi assistir
à peça “O diamante do Grão Mogol” e, finalmente, ter participado do curso
“Teatro do Oprimido”, conduzido pelo famoso teatrólogo Augusto Boal, na cidade
do Rio de Janeiro. Pedimos licença aos ouvintes, mas não poderíamos deixar de
registrar, neste Memorial, sua intensa atividade teatral em Santo Antônio de
Pádua, à frente do Grupo Intuição:
1987
– A Gata Borralheira
1988
– Maroquinhas Fru-fru
1989
– A Bruxinha que era Boa
1991
– Os Cigarras e os Formigas
1993/1994
– A Mente Capta
1994
– Chapeuzinho Vermelho
1995
– Auto da Compadecida
1997
– Suburbano Coração; O Macaco e a Velha; A Onça de Asas
1998
– A volta do camaleão alface; Essa mulher é minha; Auto da Compadecida (remake)
1999
– A roupa mágica; O casamento da galinha cor-de-rosa; A dama de Copas e o Rei
de Cuba
2000
– Pluft, o Fantasminha; O poleiro das margaridas
2001
– O rapto das cebolinhas
O
final dos anos 80 e toda a década de 90 foram intensos! Que privilégio daquela
geração ter em sua formação essa riqueza cultural! Obrigada, Edvar, por esse
legado para Santo Antônio de Pádua! Que ele inspire novas iniciativas, do setor
público, do setor privado, das instituições educacionais e culturais desse
município. Em tempos tão sombrios, reviver nesta breve homenagem seus dias
dourados, traz-nos um refrigério... uma luz... uma nostalgia de tempos mais
felizes. Em sua música favorita “Let it be”, há um refrão que diz:
E quando a noite está
nublada
Há ainda uma luz que
brilha em mim
Brilha até amanhã, deixa
estar
Eu acordo ao som da música
Mãe Maria vem para mim
Não haverá tristeza, deixe
estar
Let it be, let it be,
Let it be, let it be,
There will be an answer, let it be
Com
muita honra o Conselho Municipal de Educação confere-lhe a Medalha de Mérito
Educacional Profª Maria Thereza Caldas Vellasco, n° 08, edição 2020, com eterna
gratidão!
(Escrito
por Alessandra Barros Cretton, a partir de informações fornecidas pelo próprio
homenageado).
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