sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

(Breve) Memorial Edvar Alves de Moura

 Memorial Edvar Alves de Moura – 3ª edição/2020

O grande poeta e acadêmico Ferreira Gullar asseverou que “A arte existe porque a vida não basta”. Ao buscarmos a biografia de Edvar Alves de Moura, compreendemos perfeitamente a síntese poética! E permitindo fazer  uma intertextualidade com Manoel de Barros não hesitamos em afirmar que uma alma tão criativa não poderia ficar confinada em uma vida “que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde etc etc etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros.”

Com certeza, o filho de Manoel Alves de Moura e Maria Magdalena Souto Moura, nascido em 30 de junho de 1943 foi esse “Outro” na história de Santo Antônio de Pádua, deixando-nos um legado imorredouro através do Teatro Municipal Geraldo Tavares André, esse espaço que nos acolhe nesta Cerimônia. Sua luta junto às autoridades competentes para que o prédio da antiga Estação Ferroviária fosse doado à Prefeitura, a remodelação e adaptação para as atividades teatrais é o fato mais marcante em sua vida, ele nos confidencia. E nós, reconhecemos e agradecemos por essa luta!

O professor de Letras, formado pela Universidade Federal Fluminense, Campus Niterói, iniciou sua carreira no magistério em 1982. Guarda especial lembrança pela sua passagem no CIEP de Itaguaí, onde atuou como coordenador da Biblioteca, Língua Portuguesa e Estudos Sociais.

Sua formação básica ocorreu nos espaços escolares do Colégio Estadual Almirante Barão de Teffé,  Colégio Cenecista Caribé da Rocha e Colégio de Pádua, onde concluiu o curso Técnico em Contabilidade. Embora os cifrões sejam importantes na vida de qualquer pessoa, nosso homenageado não seguiu carreira na Contabilidade, pois a arte sempre falou mais alto em sua vida. Em 1980, ele estreava no município de Mangaratiba, RJ, com a peça A Bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado; um marco em sua trajetória artística, seguida de outras duas peças infantis: Chapeuzinho Vermelho e Maroquinhas Fru Fru. “Fiquei muito surpreso com o sucesso da minha primeira peça infantil, em Mangaratiba”, ele nos relata. A boa receptividade fez com que sua veia artística aflorasse e nos anos seguintes a atividade teatral foi intensa. Em 1993 foi convidado pelo então prefeito Luís Fernando Padilha Leite para realizar, no galpão do Parque de Exposição Municipal a peça “A mente capta”, abarcando um público considerável. No ano seguinte, 1994, consegue apoio para alugar um espaço na antiga máquina de beneficiamento de arroz, situada na Rua Dr. Ferreira da Luz, estreando neste espaço a peça “O Auto da Compadecida” , uma condensação do texto de Ariano Suassuna; além de fazer a remontagem da peça “A mente capta”. À frente do Grupo de Teatro Intuição viveu momentos memoráveis, como a montagem da peça “Morte e Vida Severina”, em Araruama, RJ, a convite da SATED – RJ; a oportunidade de ter sido recebido pela teatróloga Maria Clara Machado, no icônico Teatro Tablado, quando foi assistir à peça “O diamante do Grão Mogol” e, finalmente, ter participado do curso “Teatro do Oprimido”, conduzido pelo famoso teatrólogo Augusto Boal, na cidade do Rio de Janeiro. Pedimos licença aos ouvintes, mas não poderíamos deixar de registrar, neste Memorial, sua intensa atividade teatral em Santo Antônio de Pádua, à frente do Grupo Intuição:

1987 – A Gata Borralheira

1988 – Maroquinhas Fru-fru

1989 – A Bruxinha que era Boa

1991 – Os Cigarras e os Formigas

1993/1994 – A Mente Capta

1994 – Chapeuzinho Vermelho

1995 – Auto da Compadecida

1997 – Suburbano Coração; O Macaco e a Velha; A Onça de Asas

1998 – A volta do camaleão alface; Essa mulher é minha; Auto da Compadecida (remake)

1999 – A roupa mágica; O casamento da galinha cor-de-rosa; A dama de Copas e o Rei de Cuba

2000 – Pluft, o Fantasminha; O poleiro das margaridas

2001 – O rapto das cebolinhas

O final dos anos 80 e toda a década de 90 foram intensos! Que privilégio daquela geração ter em sua formação essa riqueza cultural! Obrigada, Edvar, por esse legado para Santo Antônio de Pádua! Que ele inspire novas iniciativas, do setor público, do setor privado, das instituições educacionais e culturais desse município. Em tempos tão sombrios, reviver nesta breve homenagem seus dias dourados, traz-nos um refrigério... uma luz... uma nostalgia de tempos mais felizes. Em sua música favorita “Let it be”, há um refrão que diz:

E quando a noite está nublada

Há ainda uma luz que brilha em mim

Brilha até amanhã, deixa estar

 

Eu acordo ao som da música

Mãe Maria vem para mim

Não haverá tristeza, deixe estar

 

Let it be, let it be,

Let it be, let it be,

There will be an answer, let it be

 

Com muita honra o Conselho Municipal de Educação confere-lhe a Medalha de Mérito Educacional Profª Maria Thereza Caldas Vellasco, n° 08, edição 2020, com eterna gratidão!


(Escrito por Alessandra Barros Cretton, a partir de informações fornecidas pelo próprio homenageado).


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