Memorial Lydia Maria de Castro Martins – 3ª edição/2020
Lydia
Maria de Castro Martins nasceu em 23 de abril de 1954 no então Estado da
Guanabara, hoje Rio de Janeiro.
Filha
de Jetro Pereira de Castro e Sylvia Marçal de Castro, recebeu de seus “inesquecíveis
e amados pais” muito incentivo aos estudos, no entanto, ela faz questão de
registrar que “a mola mestra da nossa educação foi focada sobre os valores
morais e espirituais, através dos exemplos edificantes de nossos amorosos pais”.
Sua
formação se deu em escolas públicas: o antigo primário foi na Escola
Pública Raul Soares; o secundário – hoje Ensino Fundamental II, no Colégio
Estadual João Alfredo e o Curso Normal/Formação de Professores na Escola Normal
Júlia Kubistschek. Ainda normalista, porém muito engajada nas políticas
educacionais, se envolveu com o Projeto Rondon, onde alfabetizou adultos de
comunidades carentes, tendo alcançado o objetivo do Projeto – inserir esses
alunos na sociedade alfabetizada e mais produtiva – o que foi comprovado, após
as provas a que foram submetidos, por banca competente. Por esse feito, ainda
bem jovem, foi agraciada com a Medalha de Honra ao Mérito Marechal Rondon. Concluiu
o Curso Normal em 1972 e no ano seguinte, através de concurso público, foi lecionar
na escola Rainha Elizabeth, no subúrbio de Senador Camará. Sua primeira turma
era de “alunos especiais” - a designação da época, com faixa etária de 7 a 14
anos, multisseriada. Um grande desafio, o que a levou a fazer um curso
específico para alunos especiais em Educação Infantil.
Mas
a juventude também é a fase do enamoramento e, conforme nos confidencia “o
que merece ser emoldurado nessa fase áurea de minha vida é o enlace
matrimonial. Muito jovem escolhi quem teria ao meu lado quando a neve recobrisse
os cabelos. Pela minha acertada escolha, posso dizer, hoje, que realizei o
sonho da juventude.” Ao lado de Beraldo Martins Pacheco, ilustre médico
obstetra, ginecologista e, recentemente pós-graduado em Psiquiatria, constituiu
uma linda família com 3 filhos (Fábio, Rafael e Silvia Maria) que lhe deram a
alegria de ser avó de 6 meninas: Anna Lydia, Helena, Beatriz, Liz, Maria Clara
e Isabela. O casamento impôs uma mudança de Estado e não lhe restou outra
alternativa senão o pedido de demissão da sua matrícula de professora.
No
entanto, quando efetuou sua mudança do Estado de Minas Gerais para Santo
Antônio de Pádua já tinha acontecido a fusão dos Estados da Guanabara e Rio de
Janeiro e ela prestou outro concurso público, sendo lotada no distrito
de Monte Alegre e, no final do mesmo ano, remanejada para o CERGA, onde atuou até
se aposentar, lecionando Geografia. Aqui precisamos fazer um aparte para
esclarecer que, mesmo casada e com um filho bem pequeno fez sua Graduação na
Faculdade Nair Fortes Abu Merry, em Além Paraíba – “quando me formei estava
grávida do segundo filho”, ela nos esclarece.
Posteriormente fez Pós-Graduação na Universidade Federal Fluminense. Também trabalhou
nos extintos Colégio Cenecista Caribé da Rocha e Colégio Paulo Freire,
guardando, por ambos, enorme sentimento de gratidão. “Como na vida dos
artistas o palco é o lugar de realizações, para o professor, a sala de
aula lhe preenche todos os anseios”, ela enfatiza emocionada.
De
forma voluntária atuou no Conselho Municipal de
Assistência Social e no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, onde,
tenazmente, trabalhou para a implantação do Conselho Tutelar de Santo Antônio
de Pádua. Dentre as diversas atuações em voluntariado, nos variados segmentos
da sociedade laborativa paduana, ocupou, por 20 (vinte) anos, a direção da
Creche Vovô Henrique, instituição filantrópica, mantida pelo Grupo Espírita
Antônio de Pádua, inaugurada em 1987, sendo a primeira Creche do município.
Após alguns anos de trabalho e, muito empenho, conseguiu elevá-la ao patamar de
Creche Escola Vovô Henrique, firmando uma parceria com o poder público.
Neste
momento, na condição de relatora dessa narrativa memorialística, quero abrir
um parênteses (porque fui testemunha ocular dessa história, visto que a Creche
foi meu primeiro vínculo de trabalho, em outubro de 1987. Dentre as inúmeras
vivências que tive com a amiga e diretora Lydia Maria, quero ressaltar sua alegria
quando, ao retornar de um Congresso de Medicina, onde acompanhava seu marido,
trouxe-nos a “boa-nova” de ter conseguido o patrocínio para o piso da Creche –
que era de cimento grosso até aquele momento. O mais importante, porém, é que
essa doação vinha da ADONEPH – Associação de Homens de Negócio do Evangelho
Pleno. Nossa homenageada descobriu que no mesmo Hotel onde estava hospedada
acontecia um encontro desses “homens de negócios” e, infiltrando-se na reunião,
explicou seu trabalho à frente da Creche e a necessidade do piso. Voltou com a
promessa de receber a doação, tão logo eles recebessem o projeto. E assim foi
feito... Todas as salas, o berçário e o auditório receberam piso emborrachado,
adequado ao ambiente com crianças pequenas. Posso afirmar, sem medo, que esse
fato é apenas uma gota no “oceano” de vivências e aprendizados que tivemos com
nossa homenageada. Afirmação que pode ser endossada pela nossa presidente do Conselho,
Profª Cássia, que também iniciou suas atividades, no magistério, na referida
Creche Vovô Henrique e por sua ex-aluna Malvina Magalhães Bastos, que, como
membro do Conselho Municipal de Educação em 2020, indicou Lydia Maria para a
Medalha de Mérito Educacional Profª Thereza Caldas, tendo o imediato aval dos
demais conselheiros).
Assim,
em nossas considerações finais queremos dizer:
Prezada
Lydia, pela sua grande contribuição na educação paduana, seja no Curso de
Formação de Professores do Instituto de Educação Anaíde Panaro Caldas; seja
através dos inúmeros projetos que desenvolveu no CERGA, levando o nome de Pádua
além dos muros da escola, em excursões por vezes distantes para conhecer
diferentes formas de relevo, hidrografia, a mata Atlântica, regiões de
manguezais, enfim, proporcionar aos
jovens educandos uma rica experiência sensorial da disciplina ministrada; seja
pelo seu vasto trabalho voluntário, nós, do Conselho Municipal de Educação de
Santo Antônio de Pádua te parabenizamos! Sim, não é à toa que seu aluno da
vidraçaria lembrou-se perfeitamente que Geografia também se aprende lendo, mas
solidariedade se aprende na prática, pois a cada bimestre você tinha a
preocupação de ter uma “aula prática” deste tema, levando os alunos a doar
alimentos, agasalhos, visitar moradores debaixo da ponte...
Receba
nosso muito obrigada! Seu legado ficará
eternizado com a frase que Malvina tomou para si como um lema de vida “É na
queda que o rio ganha força”. Depois de 40 anos morando em Santo Antônio de
Pádua, terra que guarda em suas entranhas seu amado filho Fábio, você retornou
à cidade natal, Rio de Janeiro, mas deixou um imenso legado para diversas
gerações de paduanos. Um legado educacional, mas, sobretudo, moral: de força,
resiliência, perdão e coragem. Sem dúvida os valores de seus pais, que você fez
questão de enfatizar na sua memória de infância, estão enraizados no solo do
coração e os frutos já chegaram a muitas paragens. Pelo “bom combate”, dedicamos-lhe
essa Medalha!
(Escrito por Alessandra Barros Cretton, a partir de informações fornecidas pela própria homenageada).
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