quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

(Breve) Memorial Lydia Maria de Castro Martins

 Memorial Lydia Maria de Castro Martins – 3ª edição/2020

Lydia Maria de Castro Martins nasceu em 23 de abril de 1954 no então Estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro.

Filha de Jetro Pereira de Castro e Sylvia Marçal de Castro, recebeu de seus “inesquecíveis e amados pais” muito incentivo aos estudos, no entanto, ela faz questão de registrar que “a mola mestra da nossa educação foi focada sobre os valores morais e espirituais, através dos exemplos edificantes de nossos amorosos pais”.

Sua formação se deu em escolas públicas: o antigo primário foi na Escola Pública Raul Soares; o secundário – hoje Ensino Fundamental II, no Colégio Estadual João Alfredo e o Curso Normal/Formação de Professores na Escola Normal Júlia Kubistschek. Ainda normalista, porém muito engajada nas políticas educacionais, se envolveu com o Projeto Rondon, onde alfabetizou adultos de comunidades carentes, tendo alcançado o objetivo do Projeto – inserir esses alunos na sociedade alfabetizada e mais produtiva – o que foi comprovado, após as provas a que foram submetidos, por banca competente. Por esse feito, ainda bem jovem, foi agraciada com a Medalha de Honra ao Mérito Marechal Rondon. Concluiu o Curso Normal em 1972 e no ano seguinte, através de concurso público, foi lecionar na escola Rainha Elizabeth, no subúrbio de Senador Camará. Sua primeira turma era de “alunos especiais” - a designação da época, com faixa etária de 7 a 14 anos, multisseriada. Um grande desafio, o que a levou a fazer um curso específico para alunos especiais em Educação Infantil.

Mas a juventude também é a fase do enamoramento e, conforme nos confidencia “o que merece ser emoldurado nessa fase áurea de minha vida é o enlace matrimonial. Muito jovem escolhi quem teria ao meu lado quando a neve recobrisse os cabelos. Pela minha acertada escolha, posso dizer, hoje, que realizei o sonho da juventude.” Ao lado de Beraldo Martins Pacheco, ilustre médico obstetra, ginecologista e, recentemente pós-graduado em Psiquiatria, constituiu uma linda família com 3 filhos (Fábio, Rafael e Silvia Maria) que lhe deram a alegria de ser avó de 6 meninas: Anna Lydia, Helena, Beatriz, Liz, Maria Clara e Isabela. O casamento impôs uma mudança de Estado e não lhe restou outra alternativa senão o pedido de demissão da sua matrícula de professora.

No entanto, quando efetuou sua mudança do Estado de Minas Gerais para Santo Antônio de Pádua já tinha acontecido a fusão dos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro e ela prestou outro concurso público, sendo lotada no distrito de Monte Alegre e, no final do mesmo ano, remanejada para o CERGA, onde atuou até se aposentar, lecionando Geografia. Aqui precisamos fazer um aparte para esclarecer que, mesmo casada e com um filho bem pequeno fez sua Graduação na Faculdade Nair Fortes Abu Merry, em Além Paraíba – “quando me formei estava grávida do segundo filho”,  ela nos esclarece. Posteriormente fez Pós-Graduação na Universidade Federal Fluminense. Também trabalhou nos extintos Colégio Cenecista Caribé da Rocha e Colégio Paulo Freire, guardando, por ambos, enorme sentimento de gratidão. “Como na vida dos artistas o palco é o lugar de realizações, para o professor, a sala de aula lhe preenche todos os anseios”, ela enfatiza emocionada.

De forma voluntária atuou no Conselho Municipal de Assistência Social e no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, onde, tenazmente, trabalhou para a implantação do Conselho Tutelar de Santo Antônio de Pádua. Dentre as diversas atuações em voluntariado, nos variados segmentos da sociedade laborativa paduana, ocupou, por 20 (vinte) anos, a direção da Creche Vovô Henrique, instituição filantrópica, mantida pelo Grupo Espírita Antônio de Pádua, inaugurada em 1987, sendo a primeira Creche do município. Após alguns anos de trabalho e, muito empenho, conseguiu elevá-la ao patamar de Creche Escola Vovô Henrique, firmando uma parceria com o poder público.

Neste momento, na condição de relatora dessa narrativa memorialística, quero abrir um parênteses (porque fui testemunha ocular dessa história, visto que a Creche foi meu primeiro vínculo de trabalho, em outubro de 1987. Dentre as inúmeras vivências que tive com a amiga e diretora Lydia Maria, quero ressaltar sua alegria quando, ao retornar de um Congresso de Medicina, onde acompanhava seu marido, trouxe-nos a “boa-nova” de ter conseguido o patrocínio para o piso da Creche – que era de cimento grosso até aquele momento. O mais importante, porém, é que essa doação vinha da ADONEPH – Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno. Nossa homenageada descobriu que no mesmo Hotel onde estava hospedada acontecia um encontro desses “homens de negócios” e, infiltrando-se na reunião, explicou seu trabalho à frente da Creche e a necessidade do piso. Voltou com a promessa de receber a doação, tão logo eles recebessem o projeto. E assim foi feito... Todas as salas, o berçário e o auditório receberam piso emborrachado, adequado ao ambiente com crianças pequenas. Posso afirmar, sem medo, que esse fato é apenas uma gota no “oceano” de vivências e aprendizados que tivemos com nossa homenageada. Afirmação que pode ser endossada pela nossa presidente do Conselho, Profª Cássia, que também iniciou suas atividades, no magistério, na referida Creche Vovô Henrique e por sua ex-aluna Malvina Magalhães Bastos, que, como membro do Conselho Municipal de Educação em 2020, indicou Lydia Maria para a Medalha de Mérito Educacional Profª Thereza Caldas, tendo o imediato aval dos demais conselheiros).

Assim, em nossas considerações finais queremos dizer:

Prezada Lydia, pela sua grande contribuição na educação paduana, seja no Curso de Formação de Professores do Instituto de Educação Anaíde Panaro Caldas; seja através dos inúmeros projetos que desenvolveu no CERGA, levando o nome de Pádua além dos muros da escola, em excursões por vezes distantes para conhecer diferentes formas de relevo, hidrografia, a mata Atlântica, regiões de manguezais,  enfim, proporcionar aos jovens educandos uma rica experiência sensorial da disciplina ministrada; seja pelo seu vasto trabalho voluntário, nós, do Conselho Municipal de Educação de Santo Antônio de Pádua te parabenizamos! Sim, não é à toa que seu aluno da vidraçaria lembrou-se perfeitamente que Geografia também se aprende lendo, mas solidariedade se aprende na prática, pois a cada bimestre você tinha a preocupação de ter uma “aula prática” deste tema, levando os alunos a doar alimentos, agasalhos, visitar moradores debaixo da ponte...

Receba nosso  muito obrigada! Seu legado ficará eternizado com a frase que Malvina tomou para si como um lema de vida “É na queda que o rio ganha força”. Depois de 40 anos morando em Santo Antônio de Pádua, terra que guarda em suas entranhas seu amado filho Fábio, você retornou à cidade natal, Rio de Janeiro, mas deixou um imenso legado para diversas gerações de paduanos. Um legado educacional, mas, sobretudo, moral: de força, resiliência, perdão e coragem. Sem dúvida os valores de seus pais, que você fez questão de enfatizar na sua memória de infância, estão enraizados no solo do coração e os frutos já chegaram a muitas paragens. Pelo “bom combate”, dedicamos-lhe essa Medalha!

(Escrito por Alessandra Barros Cretton, a partir de informações fornecidas pela própria homenageada).


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