sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Memorial Eleane Bittencourt Coelho (por ela mesma)

 Memorial Eleane Bittencourt Coelho – 3ª edição/2020

Eleane Bitencourt Coelho nasceu em Monte Alegre, 6º Distrito do nosso Município, filha do comerciário Bertoldo Rodrigues Coelho, cambuciense de nascimento e monte-alegrense de coração, e Eunice Bitencourt Rodrigues, monte-alegrense, do lar e posteriormente servidora federal dos Correios e Telégrafos.

Seu nome é derivado de uma das paixões de seu pai – a política. Era o nome da irmã do candidato à presidência da República, Eduardo Gomes, em 1945; uma eleição importante, depois de um grande período da Ditadura de Getúlio Vargas. Seu pai já tinha homenageado o político com o nascimento de seu primeiro filho, chamando-lhe Eduardo. Teve mais dois irmãos, Marilene e Luiz Carlos. 

Sua infância foi em Monte Alegre, num lar com muito amor e respeito, e tendo as ruas sem trânsito como palco das brincadeiras, pois ali só existia um fordeco, e o ônibus que passava em dois horários, manhã e tarde. As brincadeiras eram de pique-bandeira, pique-esconde, roda, conversas nas calçadas e também nas épocas de moagens de cana, deliciava-se com as canas disponibilizadas, a pedido, pelos condutores dos carros de boi que as transportavam para o Engenho do Seu Alberto.

Mas a infância não era só brincadeiras! Não havia pré-escola e ao completar 7 anos foi matriculada no Grupo Escolar “Temístocles de Almeida”, onde também estudaram dois de seus irmãos, Eduardo e Marilene. Traz consigo boas recordações daquela época: sua alfabetizadora, uma monte-alegrense recém-formada - Maria Jane Mello Simão, e sua melhor amiga Maria das Dores Bastos.

Seus pais se preocupavam com a cultura e tinha na leitura um grande incentivo: “gibis”, a revista “Nosso Amiguinho”, suplementos infantis dos jornais assinados, que devorava. Na adolescência, as revistas de telenovelas: “Capricho”, “Sétimo Céu”, bem como o acesso às revistas “O Cruzeiro”, “Fatos e Fotos”.

Cinema, também paixão dos pais, foi incentivado, liberando-a a assistir desde cedo os “sem-censura” como as chanchadas brasileiras com os atores Oscarito, Grande Otelo, Zé Trindade, Mazzaropi. Lembranças dessa época a levou às lágrimas, quando, há pouco tempo, assistiu ao filme “Cinema Paradiso”. Era o cinema de Monte Alegre!

Mídia falada era o Rádio, sendo as estações mais ouvidas a “Nacional” e “Tupi”. A família reunida ouvia o noticiário do “Repórter Esso”, e os de  entretenimentos: “Seu Criado, Obrigado”, “Hora do Pato”, “Primo Pobre e Primo Rico”, “Jerônimo, o Herói do Sertão” e as novelas com as lindas vozes de Paulo Gracindo, Mário Lago, Isis de Oliveira e outros.

Já adolescente, tendo terminado o curso primário há um ano, sua mãe, como servidora dos Correios e Telégrafos, foi transferida para Pádua. Nova residência à rua 10 de Novembro, hoje, Massaud Simão, novos amigos e sobretudo nova vida, pois, logo foi matriculada no Colégio de Pádua para um curso de pré-admissão ao Ginásio. 

No Colégio de Pádua no período de 1961 a 1967, cursou o ginásio e também a Escola Normal de Pádua, onde fez muitos novos amigos, alguns com contatos até hoje.

Nesse período, foi introduzida a pensar política, com eleições anuais dos membros do Grêmio Lítero Esportivo “São José”, bem como da Rainha dos Estudantes. E, paralelamente, no âmbito municipal, dos membros da Federação dos Estudantes de Pádua.

No campo acadêmico, além da Escola Normal, cursou Pedagogia na área do Magistério das disciplinas pedagógicas de 2º grau na Faculdade de Filosofia de Itaperuna. Na Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta, Rio de Janeiro, cursou Pedagogia na área de Supervisão Escolar e Orientação Educacional. Posteriormente, pós-graduação, lato-sensu, em Concentração Didática na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nair Fortes Abu-Merhi, em Além Paraíba.  

No campo profissional, aprovada em concurso público, foi: Professora Primária na Escola Reunida “Boa Vista”, no Goiabal, Município de Cambuci, na Escola Reunida “Santa Maria” em São José de Ubá, na época Distrito de Cambuci e Grupo Escolar ‘Temístocles de Almeida no Distrito de Monte Alegre no Município de Santo Antônio de Pádua.

No Segundo Grau atuou no Colégio Estadual “Ruy Guimarães de Almeida” na formação de Professores, sendo por diversas vezes Paraninfa das Formandas.

Em concurso de títulos foi alçada ao cargo de Inspetor Escolar no Município de Santo Antônio de Pádua visitando Escolas Rurais e urbanas, bem como participando de várias comissões de recolhimento de arquivos e comissões para criação de Escolas Particulares.

Com a criação da Coordenadoria Regional do Noroeste Fluminense foi Assessora da Coordenadora, Professora Penha Velasco. E, Coordenadora do Projeto Alunos Residentes dos CIEPs de 13 Municípios.

Foi criado por essa gestão na Coordenadoria, o Centro de Estudos Supletivos de Pádua, tendo sido nomeada como sua primeira Diretora, incumbida de implantar o projeto. Sem sede, como acontece até hoje, funcionávamos no CIEP “Ginásio Anaíde Panaro Caldas”. O CES teve uma grande importância para os concursandos de carreiras de 2º grau que não o tinham concluído. Quando o viu bem montado e estruturado, deixou a Direção e passou a atuar como Docente na cadeira de Filosofia no mesmo estabelecimento.

Paralelamente à sua atuação no serviço público, foi Professora no Colégio de Pádua e Caribé da Rocha; Diretora do Ensino Fundamental do Centro Educacional Professor Rui Azevedo; Membro do Conselho Municipal de Educação por 06 anos, tendo ajudado na elaboração do Plano Municipal de Educação no ano de 2015.

Participou de mais de 30 Fóruns de Educação e Cultura do Estado do Rio, entre eles o do Programa da Reforma Educativa para a América Latina.  

Foram 42 anos dedicados à Educação, vindo a se aposentar após ter-se submetido à mastectomia, tratamento quimioterápico e radioativo. Hoje curada!

Sempre esteve envolvida com a cultura e vida social da Cidade. Foi Diretora Social do Campestre Pádua Clube e do Clube Social de Pádua.

É membro efetivo da Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências – APLAC – onde ocupa a Cadeira nº 45 que tem como Patrono Caribé da Rocha. Tendo presidido a mesma no período de 11 de janeiro a 28 de setembro de 2018 com o falecimento de sua Presidente, Maria Thereza Caldas Velasco.

Ela juntamente com Mariinha Almeida e Evaldo Xavier e inspirados nos Festivais da Canção que “bombavam” no Rio de Janeiro e eram transmitidos pela mídia televisa, criaram o “Festival da Canção Popular   de Pádua – FECAP. O primeiro foi em 1975 seguidos de muitos outros. Eram realizados no Campestre Pádua Clube por 3 dias de muitas festas e com a participação de músicos paduanos, cidades adjacentes e outros Estados.

No campo cívico, no Tribunal de Justiça/RJ foi jurada de vários Júris Populares. E no Tribunal Regional Eleitoral foi mesária, atuando por diversas vezes como Presidente de Mesa e também escrutinadora de várias eleições.         

 No campo pessoal, permaneceu solteira, porém, sem solidão, pois além dos seus irmãos e sobrinhos, tem “um milhão de amigos” que a enchem de alegria e carinho. Mas como a vida não é só alegria, teve suas grandes perdas: sua mãe em 1968, seu irmão, Eduardo, em 1974, seu pai em 1987 e mais recentemente seu cunhado, Luiz Felipe Haddad, em 2020.

Hoje aposentada, dedica-se à viagens, leitura, filmes e seriados televisivos. 

Uma vida tão rica... Legado para diversas gerações... Muitos aqui presentes nesta Cerimônia foram seus alunos. Parabéns, Eleane! Você não poderia deixar de ser homenageada com a ilustre Medalha Thereza Caldas. Pádua lhe deve enorme gratidão!




 

(Memorial fornecido pela própria homenageada, com finalização de Alessandra Barros Cretton).

 

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