sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Memorial Cássia Maria Silveira (por ela mesma)

O grupo Cidade Negra, em sua composição – A Estrada, assim diz:

Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui

Percorri milhas e milhas antes de dormir

E eu nem cochilei

Os mais belos montes escalei

...

Esta caminhada teve início no dia 26/12/1967, às 23h 12 min, na Casa de Saúde e Maternidade Pio XII, onde sua mãe dera à luz pela segunda vez, dos cinco filhos que gerou (Rita, Cássia, Urgel, Rosimere e Gabriela).

Seus pais, Renaldo Silveira e Maria Luiza da Silva Silveira, sempre se esforçaram muito para oferecer o melhor, a ela e a seus irmãos. De família católica, as saudosas irmãs Dulce e Ilda são referências na sua formação Cristã.

Lembra-se com saudade, que todo sábado, tia Dulce passava de porta em porta pegando crianças para o catecismo. E brincando, cantando e rezando iam felizes para a capela de São Sebastião, localizada no bairro Dezessete, onde fez a primeira comunhão, juntamente com outras pessoas que a vida e o tempo se encarregaram de afastar de seu convívio.

Desde cedo sabia que seria professora, pois por diversas vezes ouvira de sua mãe o relato de que quando nasceu, vô Bastião, seu saudoso avô do coração, dissera: “Nasceu uma professorinha”!

Com uma infância enfeitada de muitas alegrias, brincadeiras, rezas, procissões e poucas travessuras, pouco a pouco, nos corredores, salas e carteiras da extinta E. E. Dep. Salim Simão, onde concluiu o Ensino Primário, descobriu, ao som do piano da professora Sheila, sob o olhar carinhoso da professora Santa e sob o comando da diretora carinhosamente chamada de Aldinha, que queria sim, ser professora. “Uma boa professora”, ela afirma com brilho nos olhos.

Cursou o Ensino Fundamental II e Médio no extinto Colégio Cenecista Caribé da Rocha. De lá, só boas recordações e amizades que perduram até hoje. “ Basta fechar os olhos e consigo me ver naquele uniforme, indo para a escola. Ah, que saudade daquela linda saia verde plissada... Quanto orgulho meu pai sentiu ao ver sua filha formada!” Ela confidencia.

Em 1988, indicada por uma grande amiga da escola, começou a trabalhar. Sua primeira experiência profissional se deu na primeira e extinta Creche Vovô Henrique - Instituição filantrópica dirigida por Lydia Maria de Castro Martins, que, por uma feliz coincidência, também é agraciada com a Medalha Thereza Caldas, nesta mesma edição de 2020. Lá permaneceu por seis anos. Ao lado de pessoas extraordinariamente comprometidas com o bem-estar e a formação integral da criança, aprendeu a trabalhar com amor, dedicação, em equipe e a pensar em formar cidadãos para a vida.

Em 1994, após concurso público municipal, foi trabalhar na E. M. PROFª, Lélia Leite de Faria, localizada em Santa Cruz, terceiro distrito de Pádua, atuando na Educação Infantil e no Fundamental I.

Em março de 1997 foi remanejada para E. M. Dep. Armindo Marcílio Doutel de Andrade – EMDAMDA -  e lá assumiu pela primeira vez uma classe de alfabetização. “Quando assumi a turma pela primeira vez, pensei que ia enlouquecer e como toda iniciante pedi ajuda aos colegas e alguns cadernos também. E não é que comecei a gostar daquela loucura!? Dia a dia observando, percebendo os avanços, as dificuldades, se encantando, construindo junto, se renovando”.

Buscou ajuda na UFF – fazendo um curso de extensão em Alfabetização, depois, com o PCN Alfabetização mais uma luzinha se acendeu.

“Amo minha profissão e sei da importância da formação continuada para a prática docente, por isso, tenho orgulho de dizer que participei de todas – PROFA, ALÉM DAS LETRAS, PRÓ LETRAMENTO, PNAIC (este como cursista e três anos como formadora – 2016, 2017 e 2018) e outros oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura”, ela relata com disfarçado orgulho.

Formada em Pedagogia, Pós-graduada em Supervisão e Orientação Educacional é professora regente há trinta e dois anos, dos quais, vinte e um anos são dedicados exclusivamente à missão de alfabetizar.

Toda essa dedicação foi recompensada com dois prêmios (2006 e 2009) no Projeto Desafio para Mudança – Professor Nota 10, organizado pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC).

Em 2006, alcançou o 2º lugar com o Projeto “Semeando”.

Em 2008, alcançou o 1º lugar no projeto Estadual organizado pelo Instituto Avisa Lá, com o projeto denominado “Projeto Poesia”.

Em 2009, alcançou o primeiríssimo lugar com o Projeto “Minha escola, meu bairro, meu vizinho, minha vida”.

“Sinto que minha trajetória como alfabetizadora trilhou pelos sólidos caminhos da pesquisa, da alegria pela descoberta, do cuidado, da persistência, e acima de tudo pelo respeito aos pequeninos a mim confiados e em sua capacidade de aprender e ensinar”, ela confidencia mais uma vez.

Em 2014, foi convidada para compor a equipe de elaboração do Currículo Estruturado da Rede Municipal de Ensino, colaborando na construção do currículo do 1º ano, juntamente com a professora Rosimeri Franklin Dias.

Passados 27 anos, a vida a surpreende mais uma vez. A amiga que a indicara para o primeiro emprego, a indica novamente, agora para compor a equipe PROAMA- Professor Articulador e Monitor da Aprendizagem, uma ação do Departamento Pedagógico da SMEC, com o objetivo de acompanhar o trabalho realizado nas escolas e o desenvolvimento dos alunos.

Com o fim do PROAMA, continuou no Departamento Pedagógico da SMEC, como coordenadora do Fundamental l (1º ao 3º ano até o ano de 2020).

“Ser convidada para compor a equipe de elaboração do Currículo e para ser um dos membros do PROAMA, foi muito marcante em minha vida”, ela diz.

Em sua jornada, fez parte de Conselho Municipal do Fundeb e do Conselho Municipal de Nutrição. Hoje, tem o privilégio de ser membro Conselho Municipal de Políticas Culturais e também do Conselho Municipal de Educação, eleita presidenta para a gestão junho de 2021 a março de 2023.

Segundo ela, o conselheiro exerce um papel muito importante, visto que atua como mediador e articulador da relação entre a sociedade e os gestores da Educação e da Cultura.

Em 2020 atuou como Coordenadora Pedagógica na Escola Municipal João Jazbik, vivenciando as dificuldades de coordenar o trabalho pedagógico remoto, a alegria de poder compartilhar um pouco de sua experiência e a expectativa de experimentar o novo. E que novo! “Precisei me alfabetizar nas tecnologias, aprender a me conectar”, ela relata.

Aposentada numa matrícula, trinta e dois anos depois, ainda atua como alfabetizadora na mesma escola. Hoje, ao visitar sua história, se depara com um caminho percorrido com responsabilidade, disciplina, comprometimento e muito amor. Um caminho onde afirma que as alegrias foram e são infinitamente maiores que as tristezas. Onde cada sementinha foi cuidadosamente regada e preparada para florir, cada uma em seu tempo. Porque somos assim; crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos; todos florimos.

Esta é uma pequena parte da vida profissional de nossa homenageada, Cássia Maria Silveira Souza, professora, casada com Cristiano da Silva Souza, mãe de duas meninas lindas, Nicolly Silveira Souza (15 anos) e Emily Silveira Souza (13 anos), eternamente apaixonada pela alfabetização e muito a grata a todos que fizeram e fazem parte desta história. E é por esse legado, Cássia, que hoje você recebe a Medalha de Mérito Educacional Thereza Caldas, com imensa gratidão de toda a rede municipal de Santo Antônio de Pádua. Parabéns!  


 

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