OS MENSAGEIROS - 3ª Parte: Oficina de Nosso Lar
* Os mensageiros. André Luiz/ Chico Xavier - FEB.
Pequeno automóvel de asas.
“Ao meio-dia prosseguiremos a pé.”
“Com 4 horas de locomoção estaremos na Crosta.”
“Empregamos a capacidade volitante e, dentro em pouco, as matas de Petrópolis estavam à vista. Mais alguns minutos e perlustrávamos as artérias cariocas. Por sugestão de nosso instrutor, abeiramo-nos do mar, em exercício respiratório de maior expressão.”
Vicente e eu estávamos exaustos. Reconhecíamos que o esforço fora significativo para nossas escassas forças. Indiferentes à nossa presença, os transeuntes passavam apressados. A grande baía figurava-se-nos cheia de forças renovadoras.
(Aniceto): “Vamos ao reconforto! Irei mostrar-lhes que Nosso Lar tem alguns refúgios na Crosta.”
Entre 18 e 19 horas atingimos uma casa singela de bairro modesto. Estava lindamente iluminada por clarões espirituais, que recordavam nossa cidade distante.
(Aniceto): “É uma oficina de Nosso Lar”.
Um cavalheiro abriu-nos a porta. Esse pormenor foi outra nota imprevista. Ali vigorava um sistema vibratório de vigilância que eu não conhecia até então.
Penetramos o ambiente doméstico. Uma jovem de 16 anos movimentava uma máquina de costura; um rapazote de 12 anos atento às cadernetas escolares; 3 crianças de 9, 7 e 5 anos. Como figura central uma senhora de 40 anos, tricoteando uma blusa. Notei que da fronte, do tórax, do olhar e das mãos dessa senhora irradiava-se luz incessante.
(Aniceto): “Nossa irmã Isabel. Para os olhos humanos é a viúva de Isidoro, mas para nós é uma seguidora leal nas atividades da fé.”
Reparei que Isabel registrava nossa presença.
(Aniceto): “Isabel pode ver a vigésima parte (5%) dos serviços espirituais em que colabora, de modo direto.”
Nas primeiras horas da noite, dona Isabel abandonou a agulha e convidou os filhinhos para o Culto doméstico. Todos os trabalhadores invisíveis sentaram-se respeitosos. Isidoro e alguns companheiros mais íntimos do casal permaneceram ao lado de Isabel.
Tão logo começou aquele serviço espiritual, as luzes ambientes se tornaram muito mais intensas. Profunda sensação de paz envolvia-me o coração.
Havia grande respeito em todos os desencarnados presentes.
(A conversa girava em torno da alimentação limitada).
Mamãe, o que entende a senhora por pobreza?
Creio, meu filho, que a pobreza é uma das melhores oportunidades de elevação ao nosso alcance. Estou convencida de que os homens afortunados têm uma grande tarefa a cumprir na Terra, mas admito que os pobres, além da missão que lhes cabe no mundo, são mais livres e mais felizes. Na pobreza, é mais fácil encontrar a amizade sincera.
Dois cooperadores de Nosso Lar serviram-nos alimentação leve e simples, que não cabe especificar, por falta de termos analógicos.
Embora as luzes que nos rodeavam, notei que os céus prometiam aguaceiros próximos. A essa altura, notei que formas sombrias, algumas monstruosas, se arrastavam pelas ruas, à procura de abrigo. Com espanto, reparei que muitas tomavam a nossa direção, para depois recuarem amedrontadas.
(Aniceto): “Não temam! Sempre que ameaça tempestade, os seres da sombra se movimentam procurando asilo. Os aguaceiros os incomodam tanto quanto aos homens comuns. Penetram residências abertas. Observe como fogem espantados.”
(Aniceto): “Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. O Culto do Evangelho não é somente um curso de iluminação interior, mas processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece, transforma-se em fortaleza.”
As entidades da sombra experimentavam choques em contato com as vibrações luminosas e, por isso, procuravam outros rumos.
Às primeiras horas da madrugada, o movimento intensificou-se. Numerosos irmãos encontram-se neste pouso, na esfera a que os encarnados chamariam de sonho.
(Aniceto): “Não é fácil transmitir mensagens de teor instrutivo. Nas oficinas, onde conseguimos acumular maiores quantidades de forças positivas, é possível prestar grandes benefícios aos que se encontram encarnados no planeta.”
Vieira e Hildegardo (recrutadores).
(Aniceto): “Na oficina encontramos revigoramento ao trabalho. Recebemos reforços de energia, alimentamo-nos convenientemente, mas para muitos de nós, a noite representou longas atividades. Necessitamos de algum descanso. Vamos ao campo.
Os desencarnados, embora não se fatiguem como as criaturas terrestres, também precisam de repouso. Em geral, nossas operações, à noite, são ativas e laboriosas. Apenas 1/3 dos companheiros espirituais conservam-se em atividade diurna.”
O acidente com o carroceiro.
Evangelho no ambiente rural.
(Aniceto): “As forças naturais continuam sofrendo a opressão de todas as vaidades humanas. A maioria dos cultivadores da terra tudo exige sem nada oferecer. Eles oprimem as criaturas inferiores, são ingratos para com as fontes, atendem às indústrias ruralistas, mais pela vaidade e ambição de ganhar, que pelo espírito de amor e utilidade”.
Chegamos de regresso à residência de D. Isabel quando faltavam poucos minutos para 18 horas e o salão já estava repleto de trabalhadores.
(Aniceto): “ Em todos os setores evolutivos, é natural que o trabalhador sincero e eficiente receba recursos mais vastos. Onde se encontre a atividade do bem, permanecerá a colaboração espiritual de ordem superior.”
Continuei reparando as laboriosas atividades de alguns irmãos que dividiam a sala, utilizando longas faixas fluídicas.
Vigilantes em derredor da moradia.
Se fosse concedida à criatura uma vista de olho, ainda que ligeira, sobre a assembleia de Espíritos desencarnados, em perturbação e sofrimento, muito se lhes modificariam as atitudes na vida normal. Nessa afirmativa, devemos incluir os próprios espiritistas.
A paisagem lembrava-me o ambiente das Câmaras de Retificação.
(Aniceto): “Distribuamos passes de reconforto”.
Aniceto designou-me 6 enfermos.
“O servo fiel não é aquele que se inquieta por resultados, nem o que permanece enlevado na contemplação deles, mas justamente o que cumpre a vontade do Senhor e passa adiante.”
“Aqui não comparecem apenas os desencarnados enfermos. Reparem igualmente os encarnados. A porcentagem entre doentes e trabalhadores é quase a mesma.”
Para os olhos humanos haviam 35 indivíduos, no entanto, o número de necessitados excedia a 200. Faltava mais de 1 hora para o início da preleção de Bentes, na esfera dos encarnados, mas o movimento de serviço espiritual tornara-se muitíssimo intenso.
Reparei que num ângulo da mesa havia variados nomes. Muitos pediam conselhos médicos, orientação. Quatro Espíritos e 40 cooperadores iam e vinham recolhendo informações e enriquecendo pormenores.
- Elas recebem tudo quanto pedem?
(Aniceto): “ Recebem o que precisam. A solicitação da manutenção da saúde física, pelos que de fato se interessam pelo concurso espiritual, é sempre justa. No que concerne a conselhos para a vida normal, é imprescindível muita cautela de nossa parte. O Evangelho está cheio de sagrados roteiros espirituais.”
Na esfera dos encarnados não se notava o mesmo traço de harmonia. Instabilidade de pensamento; expectativa ansiosa. O comentarista parecia perder o “fio das ideias”. Colaboradores ativos restabeleciam o ritmo, quanto possível. Alguns se prendiam aos quefazeres domésticos, outros se impacientavam pela realização imediata dos propósitos que os haviam levado até ali.
Boa concentração exige vida reta. Não se pode conferir a concentração de forças espirituais ao serviço de elevação, tão somente porque se entreguem, alguns minutos por semana, a pensamentos de amor cristão. O assunto é complexo. Isidoro e outros amigos trabalhavam com ardor, despertando dorminhocos, reajustando pensamentos invigilantes.
A filha presente à reunião.
“O serviço é mais eficiente ao contato das forças magnéticas dos encarnados. O calor humano está cheio de magnetismo de teor mais significativo para eles. Observou os dorminhocos? Pois eles também deram alguma coisa de si... Deram calor magnético, irradiações vitais. Tudo tem algum proveito, André! Nosso Pai nada cria em vão!”
Uma jovem desencarnada (necrotério).
Um agonizante (60 anos, leucemia).
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