Em 1996 recebi meu Fundo de Garantia do período em que fui Celetista (CLT) na Prefeitura de Santo Antônio de Pádua. Algo em torno de 900 reais, que na época, com o real valorizado, representava um bom dinheiro. Resolvi investir num guarda-roupa.
Parênteses: (Passei toda a minha infância sem ter um guarda-roupa no meu quarto. Para fazer jus ao ditado "em casa de ferreiro o espeto é de pau", meu pai, marceneiro de profissão, nunca se preocupou em providenciar essa mobília para nosso dormitório. Eu compartilhava o quarto com minha irmã e as roupas (de sair) colocava no armário de mamãe. Mais tarde, já efetiva em dois concursos, comprei um novinho em sociedade com minha irmã - e por conta daquele pacto - fiquei com ele de herança. Seu destino foi o quarto de Marina, todo forrado caprichosamente pela mãe de primeira viagem).
Saí pelas lojas de Pádua atrás de um bom guarda-roupa, daqueles que "duram a vida toda". Encontrei um Rudnick, com duplex embutido, 6 portas, 2,96 m de comprimento. Um luxo! Lembro-me que entrei na primeira loja e a vendedora - ao ver meu interesse apenas por aquele modelo - deve ter achado muito para meu padrão, pois fez questão, o tempo todo, de frisar que tinha outros mais baratos... Ah, se ela soubesse que eu poderia comprá-lo à vista... teria engordado a comissão naquele mês. Fui na loja concorrente (que também vendia a marca, mas não tinha esse modelo), fiz a oferta e, em pouco mais de 15 dias, ele reinava na maior parede do meu quarto. Eis aí a questão. Por conta de seu tamanho, nunca pude ter a cama no centro do quarto. Em todas as casas em que morei, a preocupação primeira era conferir se a parede do quarto tinha, no mínimo, 3 metros.
Com a casa nova resolvi inverter a ordem das prioridades e, dessa vez, a cama usaria a maior parede, para ficar no centro do quarto, com os criados-mudos. O que fazer com o guarda-roupa da "vida toda"? Resistiu bravamente a todas as mudanças, continuava em perfeito estado e, com exceção do brilho intenso, poderíamos dizer que era quase um clássico. Confesso que foi muito difícil entrar na loja e encomendar outro menor... Mas venceu a decisão pela cama...
Como aprendi com minha mãe a arte dos aproveitamentos, fui atrás de um bom marceneiro e resolvi transformá-lo nos armários para os banheiros e a cozinha. E como existem outras Marthas por aí - e neste caso se chamava Sebastião - tudo foi aproveitado na transformação. O resultado? Perfeito. Acho que dura mais uns vinte anos... ou quem sabe me acompanha a vida toda?
Marina e seus registros... O guarda-roupa ao fundo. |
Renan lendo jornal comigo na cama... O guarda-roupa ao fundo. |
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