Dentre as interessantes descobertas que fazemos (neste caso, foi através de um programa de TV no Dia Internacional da Mulher) essa linda imagem, cheia de sentido e significado, me representa: A menina sem medo e o touro de Wall Street.
Retrata, literalmente, uma situação vivida na infância. Como esse blog é meu espaço de memória, vou usar as fotografias para ilustrar o que o tempo trouxe na lembrança.
O ano foi 1975. Eu ainda morava no sítio Santo Amaro. Também já estava na escola...
Parênteses: (fica fácil pontuar a linha do tempo porque morei nesse sítio até 1978 e em 1976 minha irmã já estudava na cidade. Os cinco anos que nos separam facilitam essa marcação).
Naquele dia, Gorethi não foi à escola e voltei sozinha para casa. Antes de chegar no nosso sítio tínhamos que passar pela propriedade dos meus tios Aracy e Santa. E eles tinham um boi bravo. Um boi enoooorme e bravo. Minhas primas estavam comigo, mas entravam antes da tal porteira em que eu teria que ultrapassar e - imaginem - o tal boi estava "plantado" na frente dela, justamente na passagem.
Em 1975, as crianças também tinham uma pitada de maldade - hoje chamam de bullying - e minhas primas ficaram de longe instigando para que o boi me pegasse, me desafiando a passar.
"Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta".
Uma força interior me invadiu naquela hora e, resoluta, segui em frente. Passei entre a cabeça do boi e a abertura da porteira, sem vacilar. Consigo me lembrar do bafo do animal à altura do meu pescoço. Ele nem se mexeu. Eu, com o coração aos saltos, movida por aquela fé interior, ultrapassei o perigo e alcancei o outro lado... Então, olhei para trás, como a buscar o olhar das primas. E o que vejo? Meu pai, parado debaixo da árvore de coité, com um pé apoiado no pedal da bicicleta e o outro no chão, olhando aquela situação. Lembro-me que ele usava uma bermuda branca. Eu gritei: "pai!" E desatei a chorar... Ele atravessou. Eu perguntei: "você me viu atravessar?" Ele respondeu que sim. "E por que não me ajudou?" Sua resposta, para uma menina de quase 6 anos, foi crucial: "Confiei na sua coragem".
Hoje, agradeço a meu pai e penso que aquele boi não devia ser tão bravo assim... Meu pai não seria doido e nem o boi ficaria livre em meio à passagem. Mas os adultos usavam de artimanhas para amedrontar as crianças e nós acreditávamos que o bicho era mesmo terrível (o tamanho sempre intimida).
A história é essa pequena narrativa mesmo. Mas quantas subjetividades nessa vivência! Quantas analogias poderíamos tecer. Fica a critério de cada leitor. Aceito os comentários pertinentes.
Em 1975, as crianças também tinham uma pitada de maldade - hoje chamam de bullying - e minhas primas ficaram de longe instigando para que o boi me pegasse, me desafiando a passar.
"Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta".
Uma força interior me invadiu naquela hora e, resoluta, segui em frente. Passei entre a cabeça do boi e a abertura da porteira, sem vacilar. Consigo me lembrar do bafo do animal à altura do meu pescoço. Ele nem se mexeu. Eu, com o coração aos saltos, movida por aquela fé interior, ultrapassei o perigo e alcancei o outro lado... Então, olhei para trás, como a buscar o olhar das primas. E o que vejo? Meu pai, parado debaixo da árvore de coité, com um pé apoiado no pedal da bicicleta e o outro no chão, olhando aquela situação. Lembro-me que ele usava uma bermuda branca. Eu gritei: "pai!" E desatei a chorar... Ele atravessou. Eu perguntei: "você me viu atravessar?" Ele respondeu que sim. "E por que não me ajudou?" Sua resposta, para uma menina de quase 6 anos, foi crucial: "Confiei na sua coragem".
Hoje, agradeço a meu pai e penso que aquele boi não devia ser tão bravo assim... Meu pai não seria doido e nem o boi ficaria livre em meio à passagem. Mas os adultos usavam de artimanhas para amedrontar as crianças e nós acreditávamos que o bicho era mesmo terrível (o tamanho sempre intimida).
A história é essa pequena narrativa mesmo. Mas quantas subjetividades nessa vivência! Quantas analogias poderíamos tecer. Fica a critério de cada leitor. Aceito os comentários pertinentes.
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