O calendário marcava o ano de 1989 e
o poeta já previa tudo, quando escreveu "De tudo o que há na Terra, não há
nada em lugar algum que vá crescer sem vocês chegarem.”
E chegamos à Educação Paduana! Era
manhã de 20 de junho, na sala do prefeito da época, Renato de Alvim Padilha,
onde tudo teve início.
Na ocasião, a secretária de Educação,
professora Lenize Altina Rezende Marconi, organizada e vanguardista, tudo
registrado em sua certidão de nascimento, recepcionava todos os aprovados do
primeiro Concurso Público Municipal na área educacional.
No final do ano anterior, burburinhos
movimentavam as esquinas de nossa Pádua: “Tudo ‘carta marcada’!” “Este
convênio de Municipalização jamais será assinado!” “Este prefeito já começou
a provocar balbúrdia!" “Tudo está tão bom nas mãos do Estado, pra que mexer?..."
Educadores que somos, acreditadores
na esperança que somos... nada nos abalava. Estudamos, fizemos cursos,
preparamo-nos...Acreditamos! Cada um à sua maneira, mas todos acreditamos que
seria o início de uma nova era educacional em terras pioneiras de Frei Flórido.
Com aquele papelzinho azul celestial às
mãos – nosso memorandum, parecia que portávamos um bilhete premiado de
mega-sena acumulado. Cada um com sua intensidade, porém, todos na mesma
sintonia – felicidade plena.
A partir daquele momento, nosso
torrão natal passaria a receber uma educação das mãos de jovens professores que
empunhariam a bandeira educacional bem próxima aos olhos do gestor municipal.
Seria o ato de educar embalado nos braços daqueles que almejavam uma educação
com a vontade e a certeza de nossa terra.
Escolas escolhidas... estradas de
chão batido nos esperando a serem percorridas, mochilas pesadas ...recheadas de
esperança e sonho... Novos cheiros, outros olhares... Marcas indeléveis seriam
deixadas, muitas vezes, na poeira dos caminhos, sobre o orvalho adormecido na
grama... Porteiras seriam abertas frequentemente, touros bravos pelos trajetos
seriam acalmados com a presença dos jovens destemidos, o dia a dia paduano testemunharia
tudo isso ....
Caminhão que transportava leite,
charrete, Kombi, caronas, bicicletas, botijas de gás, classes multisseriadas,
sacolas com mantimentos... começaram a fazer parte do cotidiano de todos nós.
Tudo era novo dentro de antigas
construções quase esquecidas, todavia, promoviam a educação - arma poderosa
sempre. Escolas ansiosas para receber novos olhares educacionais, nova
roupagem, novos perfumes... queriam receber o novo como quem gosta de sentir o
perfume de livro e cadernos novos, rosa que acabou de desabrochar... cheiro de
manhã em beira de praia com brisa suave.
Naquela época, os alunos de nossa
Pádua também traziam nos olhos e no coração a vontade de receber uma educação
produzida por novas mãos e o novo jeito de manusear o giz e o apagador. Aguardavam
o novo, o destemido, o presente diferenciado, o futuro certo...!
Precisávamos de direcionamento
seguro. A Quadra de Esportes do CERGA -Colégio Estadual Rui Guimarães de
Almeida - foi palco de nosso primeiro encontro, nossa primeira jornada pedagógica
promovida pelo CEN – Centro Educacional de Niterói, na época dirigida por uma
professora (esqueci-me do nome) mas era alta, loira, com voz potente e que nos
convencia de que estávamos no caminho certo ao ler e trabalhar conosco a
crônica “ Eu sei, mas não devia” de Marina Colassanti. Muitas outras jornadas e
encontros ocorreriam durante o transcorrer destes 30 anos.
Daquele primeiro momento, ainda
trazemos, na memória, a “Canção dos Dedinhos”, depois consagrada na voz da
apresentadora Eliana, a música do Sapo “ Foi, foi, não foi, foi não
foi...” A “ Dinâmica dos Nós”, dinâmica
essa que muito marcou a todos, pois necessitava de que os participantes se
ajudassem, a fim de que os nós fossem desfeitos. Ali, começamos a perceber que
muitos nós surgiriam em nossa trajetória, mas que era necessária a união, o
respeito, a doação... para que fossem afrouxados e, posteriormente, eliminados.
Ali aprendemos que os laços provocam a união, sem eliminar a liberdade, mas os
nós apertam, sufocam, oprimem. Trazemos também nitidamente, em nossa memória,
os quatro grupos distribuídos no espaço da quadra em que cada um recebeu um compartimento, contendo inúmeros objetos e que com eles transformassem e
exibissem um espetáculo aos presentes. De forma brilhante, todos os grupos
cumpriram o que foi solicitado. Ficou explícito que a educação estava sendo
entregue a pessoas com grande vontade de realizar um trabalho educacional
respaldado na qualidade e na eficiência.
E ali começamos! Cada um a seu modo,
cada uma à sua maneira, no entanto, todos com a mesma verdade, o mesmo foco e a
mesma vontade.
Tânia Marques e Vera Modesto
empunharam-se de suas mochilas, aprenderam a encurtar distâncias, a dividir
empecilhos e chegaram à E.M. Acácio Gomes de Souza.
Tércia Faria encontrou o ombro amigo
da merendeira Ângela e as duas, no fusquinha bege do Sr. Edyr Souza,
embrenharam-se na poeira do Morro Grande e chegaram à E.M. Caxixe, levando
consigo educação ornada de muito talento.
A E.M. Fazenda Boa Esperança foi
escolhida por aquela que obteve o 1º lugar no Concurso, professora Maria
Aparecida Pereira Parreira Filha e, hoje, também grande colaboradora para a
realização deste evento. A todo momento da organização, a festa saía por seus
poros.
Professora Flávia Regina Ferreira André
fez a sua escolha para E.M. Fazenda Boa Vista e, há anos, vem educando gerações
no distrito de Santa Cruz. Já até comentam à boca miúda que deveria receber um
busto na praça dessa localidade por tamanha dedicação a um mesmo local de
trabalho.
A E.M. Florismundo Decnop se enfeitou
para receber a professora Rosa Maria Magalhães e, com sua meiguice, transformou
suor, poeira e dificuldade em educação de qualidade.
De carona em carona, numa ex-casa de
meeiro transformada em pequena grande escola, os professores Marcilio Parreira
e Maria Gorethi Barro Cretton sacudiram e inovaram a E.M. Fortaleza Lajinha. A
Curva Perigosa da estrada de Pádua X Miracema foi testemunha de tudo isso e
ficava muito envaidecida com tudo o que via.
E.M. Itupeva se engalanou e, toda faceira,
acolheu o trio educacional: Cilimar Azeredo, Maria Imaculada Pereira e Rosa
Maria Vicente. Fizeram um trabalho irretocável com estas sempre sendo caçoadas
por aquele.
Professora Rosalina Terra Azevedo pôs
os pés na estrada ao encontro da E.M. Otávio Dennys. Tudo muito novo para a
nova professora nova, mas tudo cercado de muita certeza, vontade e
responsabilidade.
A E.M. Elvira Leite, depois da
chegada dela, nunca mais foi a mesma. A professora Marineide Magalhães Macedo
misturou a cor de seus cabelos à cor dos raios de sol e foi cumprir sua missão:
promover educação de qualidade por entre os campos da localidade onde se
situava a escola escolhida.
Ainda muito menina, mas já
demonstrando enorme competência no que realizava em seu tempo escolar, a professora
Alessandra Barros Cretton, com ou sem botija de gás, chegou à escola E.M.
Honório Silvestre, a fim de realizar uma educação respeitada por nossa Pádua.
Professora Adenize Oliveira da Silva
prendeu os seus cachos, disfarçou o luto, vestiu roupa de grife com cheiro de
vitrine, escolheu a E.M. Sítio Santa Bárbara para semear o melhor que possuía:
vontade, ternura, certeza... em nome de uma nova educação que surgia em nossa
Santo Antônio de Pádua.
A E.M. Valão do Novato ganhou contornos
de crescimento e vanguardismo com a chegada das professoras Rosane Ribeiro e
Therezinha Cássia Robert Rodrigues. Foram mais que professoras. Foram
construtoras de novos caminhos para aquela localidade.
A professora Ivana Moreno de Oliveira
Franco, com sua meninice total, escolheu a E.M. João Vinhosa e lá deixou a sua
marca de educadora altaneira, determinada e eficiente. O distrito de Monte
Alegre recebeu o que chamamos de educação diferenciada.
Naquela época, a secretaria de
educação estava sendo reformulada e necessitava de cabeças pensantes que
ajudassem o caminhar dos novos professores. Ficaram à disposição para
contribuir, nessa missão, as professoras Cláudia Gonçalves Pereira, Janaína
Meira Ferreira e Maria do Carmo EirasS. Todas muito competentes, muito
auxiliaram na construção dos 30 anos da Municipalização do ensino de nossa
Pádua com todo o suporte necessário para que o novo se erguesse sobre pilares
firmes e fortes.
E o berçário das estrelas
educacionais sempre esteve em mãos cuidadosas, eficazes e dinâmicas. Cada uma à
sua maneira implantou o seu ritmo de trabalho e a colheita sempre a mais farta
possível.
Professora Lenize Altina Rezende
Marconi foi a precursora. Sempre muito atenta aos detalhes, implantou um ritmo
acelerado de renovação, trazendo o Projeto Crescer, a fim de que os novos
professores conseguissem se aperfeiçoar e novos caminhos de sucesso pudessem
ser trilhados.
Professora Néa Jardim de Azevedo, com
a sua meiguice, continuou o trabalho iniciado pela sua antecessora com muita
bravura e credibilidade. Ao lado, sempre teve o apoio do incansável professor
Antônio Thomaz de Oliveira. Foram poucos anos, mas o suficiente para que o seu
nome ficasse eternizado entre os que acreditam no ato de educar. Sempre foi a
amante perfeita das letras, do abraço acolhedor e da palavra de incentivo. Sr
Antônio também nunca ficou para trás. Grande conhecedor das leis e decretos,
deixou a sua marca registrada nestes nossos 30 anos.
Professora Selene Maria de Oliveira,
sempre com sua pasta marrom, trazia consigo a responsabilidade de manter firme
a Educação Paduana que vinha deixando marcas no tempo e no espaço. Teve o
prazer de comemorar os 10 anos de Municipalização. Mais tarde, retornou ao
cargo porque os gestores da época conheciam a competência que lhe é peculiar.
Professora Celina Heloísa Lavaquial
de Castro, hoje, descansa por entre as estrelas, já que na Terra também foi uma
estrela na Educação. Maestrina convicta, fazia da música a sua arma de combate.
Quem não se lembra daquele 7 de setembro em que a secretária, nos dias
anteriores, foi a todas as Unidades Escolares Municipais, ensinou músicas
alusivas à data festiva e, num grande coral, no Ginásio Poliesportivo Renato de
Alvim Padilha, alunos, professores e autoridades em geral homenagearam a nossa
Pátria Amada Brasil.
Professora Andréa Aparecida Eiras de
Oliveira Ferreira, primeira secretária de educação pertencente à própria rede
municipal de ensino. Ao assumir o cargo, logo demonstrou que seu dinamismo
envolveria a todos os que compõem a secretaria assumida como gestora.
Rapidamente, procurou deixar explicitamente a vontade do querer e do fazer e
contagiou os que ao seu lado caminha.
Desde muito cedo, conheceu os empecilhos
que surgem nos caminhos da vida. Sempre muito verdadeira, determinada e
altruísta. Há um ano à frente da secretaria, vem exibindo um trabalho
transparente, determinado e cheio de vontade.
Registramos os nossos mais sinceros
agradecimentos à professora Valéria Kezen (diretora do NEC no ano da
Municipalização), Maria Helena Arantes (colaboradora incansável na época da
Municipalização, no setor de Merenda Escolar) aos ex- prefeitos: Renato de Alvim (in
memoriam), Luís Fernando Padilha Leite, Frederico de Alvim Padilha (in
memoriam), Dr. Juarez do Amaral (in memoriam), José Renato Fonseca Padilha
e ao atual Josias Quintal de Oliveira
por sempre acreditarem na educação como a maior e melhor mola propulsora de
nossa querida Santo Antônio de Pádua.
A todos que de forma direta e/ou
indireta nos ajudaram na construção desta história de 30 anos, colaborando para
que a nossa mochila ficasse mais pesada de todos os sonhos possíveis, fica
registrado o nosso mais fraterno Muito Obrigado.
O que foi feito, amigos,
Foi feito com tudo o que a gente sonhou
O que foi feito em nossa história
Foi feito com muito amor
Quiséramos encontrar aquele verso menino
Que escrevemos no transcorrer destes 30 anos
Falo com muita saudade, de tudo...
Da poeira batida, da voz cansada, da carona perdida.
Do filho febril deixado com a vizinha, do cheiro do capim molhado
Da cartilha Carrossel, do acreditar sempre...
Falo que fizemos!
Mas, se muito vale o que foi feito,
Mais vale o que ainda faremos,
A nossa história fala por nós.
E o que fizemos
Foi por amor e respeito à educação de nossa Pádua.
Falamos, às vezes, sem tristeza; outras,
com muita.
Mas falamos... está na verve do professor
Foi nos cobrando que
Crescemos construindo.
E cresceremos ainda mais. Eu acredito!
Outros outubros virão
Outras manhãs, plenas de sol ou não
Mas , certamente, virão.
Hoje, a turma toda reunida,
É celebração!
É festa!
É vida!
E o que foi feito por nós
Precisa ser respeitado e aplaudido, porque
Nestes 30 anos, fomos luta e esperança!
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