(Mas também serve um girassol e um lisianto roxo).
Com um lírio, se necessário,
dividirás o pão que te resta,
pois verás, o que, em ti, é indiviso.
Com um lírio, se assim for preciso,
todo pão que ainda tens, o darás,
Mas não em vão:
nutrirás o valor, com teu pão,
e renascerás.
Diante de um lírio,
comerás o pão, se te aprouver,
com a mesura do mundo humano,
degustado em sutil gratidão.
E serás singelo e soberano:
banirás a avidez que há em ti.
Mesmo em meio a um mundo de ficção,
atado à solidão e ao delírio,
de antemão, tu não mais o ouvirás,
e dirás, muitas vezes, teu não,
e andarás, com nobreza e com paz,
com ou sem pão:
és humano, e ainda possuis um lírio.
(Lúcia Helena Galvão)
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