quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O que não é felicidade, por Louise Madeira.

(O dia está nublado. Choveu ontem.

Descobri o Podcast New Me, da psicóloga Louise Madeira por conta do trabalho da disciplina Projeto Integrador. Como eu "invoquei" que queria aprender sobre esse tema (tem que ser algo que não conheço, essa é a proposta nessa nova fase), acabei chegando a esse canal. Num primeiro momento estranhei a voz. No segundo episódio já estava gostando do jeitinho calmo de sua narrativa. Então, decidi que ouviria um por dia, começando exatamente do primeiro episódio. Ontem resolvi fazer um resumo de sua fala).

Louise Madeira, Psicóloga, para o Canal de Podcast New Me.

#01 O que não é felicidade (1º/08/2019)

Ela começa dizendo que o conceito de felicidade é abstrato e paradoxal. São muitas as tentativas de definição do que seja felicidade, mas até o momento nenhuma vertente filosófica, psicológica, espiritualista, religiosa ou sócio-cultural conseguiu chegar a um enunciado fechado sobre a definição de felicidade.

A felicidade é abstrata. E paradoxal.

Todos desejam ser felizes! Mas socialmente e culturalmente há um pensamento (sobretudo dos teóricos) de que felicidade é uma ideia medíocre, um clichê, coisa infantil, de gente imatura que não evoluiu intelectualmente.

Ela destaca que tudo que se repete reiterada vezes no grupo social perde a força psíquica, perde o impacto conceitual e às vezes perde até o sentido. No entanto, em mais de 40 anos de clínica, nunca se deparou com uma pessoa que não estivesse buscando a felicidade. 

Todo o nosso movimento na vida, em última análise, é tentar ser feliz.

Ela destaca a importância de uma coleção de ideias para minimamente organizar esse caminho de busca da felicidade pessoal. Desfrutar a felicidade que possui e nunca percebeu é um desses caminhos.

Falas terapêuticas não são receitas ou manuais. São caminhos de pensamento e reflexão. Para isso, prefere trabalhar com o modelo de desconstrução, ou seja, aquilo que não é felicidade.

O cotidiano está comprometido por umas crenças muito arraigadas e totalmente desconectadas daquilo que psicologicamente pode nos levar a um caminho mais funcional na vida. Tantas crenças errôneas sobre felicidade que ao invés de nos aproximar, nos distancia daquilo que poderia ser chamado de sensação de felicidade. Fomos adestrados a acreditar em teorias.

Destaca três coisas que felicidade não é:

  • Felicidade não é perfeição.
  • Felicidade não é plenitude.
  • Felicidade não é euforia.
Sobre a felicidade não ser perfeição, destaca que a perfeição não existe. Os perfeccionistas são insuportáveis. O nosso anseio pelo perfeito nos angustia, nos aniquila todos os dias. Os perfeccionistas fazem parte do grupo mais infeliz que existe, porque buscam o inatingível. 
O contrário de perfeito não é imperfeito. O contrário de perfeito é humano. O humano é imperfeito com sentido. Ser humano e ter um sentido pode ser felicidade.

Em segundo lugar, felicidade não é plenitude. Por acreditar que felicidade é plenitude temos a tendência de não valorizar algumas coisas que funcionam bem em nossa vida porque outras não estão funcionando. Equívoco. Quando alguma coisa vai mal não podemos perder de vista as que vão bem. Não precisamos de uma funcionalidade plena. Pequenas felicidades, quando setorizadas, quando nos apropriamos delas, nos fazem adquirir energia psíquica para investir nas pequenas outras felicidades que ainda não conseguimos alcançar.

Quando alguma coisa não vai bem tendemos a globalizar, a não enxergar a quantidade de elementos que fazem bem à nossa vida. Isso gera pessimismo. A perspectiva da plenitude e da integralidade nos impedem de funcionar bem.

E, por fim, felicidade não é euforia. Euforia é estado de não-paz!

... E a felicidade é suave.

Felicidade é um background (um pano de fundo, um cenário). Então, define com aquilo que considera mais parecido com felicidade: felicidade é gostar da nossa vida!

Realça que quando construímos uma vida que nós gostamos, quando nós gostamos do nosso cotidiano, dentro desse background, conseguimos suportar várias coisas acontecendo: alegrias, tristezas, medos, ousadias, boas surpreendências, perdas, ganhos, nascimentos, mortes, apaixonamentos, ruptura de relacionamentos e somos as pessoas mais comprometidas com a possibilidade de sermos felizes.

Precisamos desconstruir crenças ruins de que felicidade aponta para coisas intocáveis, irrepreensíveis, irrevogáveis. Precisamos levar a um conceito de felicidade mais humano, onde é possível repensar, reinventar, construir uma vida da qual você goste.

Sentir felicidade no imperfeito.

(É o que temos para hoje nas Dobras do Tempo).

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