FAZENDO pSICOLOGIA NAS MÍDIAS:
O USO DO PODCAST
Resumo:
Este artigo traz à análise e reflexão o uso das Tecnologias da Comunicação e
Informação – TICs pelos profissionais psis,
em especial o Podcast. Os Podcasts são produções em áudio, disponibilizados
através de um arquivo ou streaming,
que conta com a vantagem de ser escutado quando o usuário desejar. Quem é
ouvinte de Podcasts pode usá-los para escutar notícias, entrevistas, dicas práticas,
estudar ou simplesmente se divertir. Então, por que não utilizar essa
ferramenta para divulgação dos conteúdos e práticas psis? Como os
conteúdos ficam disponíveis para que as pessoas ouçam quando quiserem e onde
estiverem é importante que o aluno de graduação em Psicologia conheça as
possibilidades de suportes para a gestão da carreira e o presente artigo vem
contribuir na apresentação do Podcast.
Palavras-chave:
Psicologia e Internet; Podcast; TICs
INTRODUÇÃO
A tecnologia tem feito parte do cotidiano
de milhões de pessoas em todo o mundo. Devido à disseminação das Tecnologias de
Informação e Comunicação – as TICs – muitas profissões estão passando por
reformulações e inserindo essas ferramentas inovadoras em seu universo de
trabalho. De acordo com Veloso (2011, p.50), as TICs “aceleram a comunicação,
fomentam a interatividade, transformam a produção, alteram as relações dos
homens entre si, modificam suas atividades, e, interferem na própria
organização da sociedade”. São exemplos de TICs: telefones celulares e seus
aplicativos diversos, computadores pessoais, tablets, correio eletrônico (e-mail),
a internet (ligando em rede esses instrumentos), a TV digital, os suportes de
armazenamento de dados (textos, sons e imagens), etc. Desse modo, é compreensível
que a Psicologia também deveria se reformular de modo a integrar essas TICs em
sua prática. É possível observar um crescimento da participação de
especialistas psis em programas de televisão, revistas, programas de rádio,
criação de perfis profissionais em redes sociais, sites e blogs para
divulgação de conteúdos, aconselhamento psicológico entre outros. Mas é preciso
ficar atento. Despret, 2011, afirma que a Psicologia divulgada nas mídias é uma
versão da psicologia e não a sua representação.
O desenvolvimento tecnológico permitiu
que as práticas psicológicas atingissem um número significativo de pessoas,
através das diferentes mídias. Em observação a essa crescente demanda, o
Conselho Federal de Psicologia regulamentou, através da Resolução nº 011/2018,
a autorização para prestação de serviços psicológicos realizados por meio das
TICs: consultas, psicoterapia, orientação (psicoterapia breve focal), processos
de seleção pessoal, supervisão técnica e aplicação de testes psicológicos,
desde que devidamente autorizados pelo Sistema de Avaliação de Testes
Psicológicos (SATEPSI) e normativas vigentes do CFP. Para que o/a profissional psi
possa fazer a prestação de serviços é necessário que assine um termo de
orientação e declaração que contém os deveres do/a profissional para a
realização desses serviços. Com a pandemia, o CFP criou a Resolução n° 04, de
26 de março de 2020, regulamentando os serviços prestados durante o período
pandêmico. Já a Resolução n°13, de 15 de junho de 2022, corrobora a utilização das
TICs em seu Art. 16: “É facultada à psicóloga e ao psicólogo a oferta de
psicoterapia por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, em
observância às normativas vigentes sobre o assunto” (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA).
Nesse universo de ferramentas e
suportes midiáticos, o presente trabalho quer destacar, com especial relevo, o
uso do Podcast na disseminação de informações, juntamente com o entretenimento
e a reflexão. Os Podcasts são produções em áudio, disponibilizados através de
um arquivo ou streaming, que conta
com a vantagem de ser escutado quando o usuário desejar. Quem é ouvinte de Podcasts
pode usá-los para escutar notícias, entrevistas, dicas práticas, estudar ou
simplesmente se divertir. A vida movimentada tem exigido que as pessoas
executem diversas tarefas durante o dia, algumas delas simultaneamente. O
Podcast vem ajudar a aproveitar o tempo. Ele funciona como rádio, no entanto,
seu conteúdo é sob demanda, ou seja, o ouvinte escolhe qual a categoria deseja
ouvir, onde e quando. Um relatório do serviço de streaming de áudio Deezer
aponta que o número de ouvintes desses programas cresceu em 24% em 2021. As
vantagens estão em encontrar um conteúdo direcionado, possibilidade de ouvir
quantas vezes quiser, chance de aprender enquanto realiza outras tarefas, já
que não há a necessidade de assistir a um vídeo. As pessoas interessadas podem
acompanhar direto em seus celulares (o agregador de podcasts) o lançamento de
cada novo episódio de forma totalmente automática ou baixar para ouvir offline.
A baixa transferência de largura de banda e não consumir tanto como os vídeos
resulta em economia de dados da operadora de telefonia móvel, um fator a mais
na vantagem dessa modalidade.
É importante que o aluno de graduação
em Psicologia tenha conhecimento das possibilidades de ferramentas e suportes,
no universo das TICs, para a gestão de sua carreira. O objetivo desse artigo é
apresentar o Podcast como mais uma mídia para a divulgação dos conteúdos e
práticas psis. A partir de pesquisa
com caráter bibliográfico, foi realizado o levantamento de informações
pertinentes ao objeto de estudo.
discussÃo
Com as TICs uma outra versão da
psicologia foi inventada, uma psicologia dita comprometida com o bem-estar
coletivo que o proporciona através da divulgação de seu saber e de orientações
acerca de diferentes questões relacionais, emocionais ou comportamentais (SILVA
e MORAES, 2006). Foi pensando no bem-estar, que muitas vezes advém após
importantes reflexões, aliado à autonomia que o uso da mídia Podcast oferece
que se pretendeu a criação do Podcast “Águas Profundas – A fala deságua os
sentimentos e a escuta (atenta) absorve empatia”, com a proposta de episódios
curtos – de 10 a 20 minutos, a princípio, com temáticas que abordam situações necessárias
ao trabalho de terapia e cura. Nesta fase de apresentação serão gravados quatro
episódios com os seguintes temas: Experiências pessoais no convívio com a
Doença de Alzheimer; Luto materno; Comunicação com paciente em tratamento de
câncer e Injúria/Preconceito Racial.
Dentre os motivos para a criação de um
Poscast na área psi, podemos destacar também um termo chamado awareness, que significa a “consciência
da marca”, ou seja, uma forma do profissional apresentar sua “marca pessoal”,
além da geração de leads, ou seja,
oportunidade de marketing, geração de negócios, uma oferta de valor para o
conteúdo em streaming. Este é o caso,
por exemplo, do Podcast “Bom dia, Obvius”, apresentado por Marcela Ceribelli,
CEO e diretora criativa da agência Obvius e que traz convidadas para conversas
abertas sobre assuntos do universo feminino. Na abertura do Poscast é possível
ouvir a divulgação de produtos direcionados a esse público, como hidratantes
corporais, produtos de maquiagem, entre outros.
A primeira etapa de criação de um
Podcast é o planejamento. Como em qualquer outra atividade ou projeto, essa
etapa é importante e não deve ser desprezada. É neste momento que serão
definidos os objetivos para atrair o público, a fidelização dos ouvintes. Antes
de gravar, alguns pontos devem ser planejados: identificar o público e a
linguagem que será utilizada; observar a concorrência, mas entender que não
existe um modelo ideal (faça experimentos e identifique aquilo que agrada ao
seu público); definir um tema é muito importante e qual o formato, ou seja, se
vai ser um bate-papo, mesa redonda, debate, informativo, educativo, entrevista,
dissertativo, storytelling (enredo e
narrativa envolventes). Lembrar que é fundamental falar de algo que tenha
domínio, definindo assim, um conteúdo; entrevistar convidados pode ser uma boa
alternativa, pois eles podem acabar compartilhando em suas redes sociais e,
assim, aumentam a audiência; como o Podcast não é visível é importante criar
cenários com a voz para que o público entenda a mensagem; criar sua própria
personalidade, observando o tom de voz, as brincadeiras, frases e jargões
(ouvir a voz de alguém é diferente de ler um texto, isso deve ser considerado
como um quesito de atração); manter a frequência de lançamento dos episódios,
que podem ser semanais, em dias fixos, por exemplo, (a regularidade é
fundamental na fidelização); definir um momento para o call-to-action – CTA, ou seja, quando o ouvinte poderá fazer alguma
ação, como “acesse o nosso site e veja mais detalhes ou informações”, ou ainda,
“cadastre-se e concorra a um brinde surpresa”; por fim, tenha uma página para
receber os ouvintes (site, página em
rede social, blog, landing page). Após a etapa do
planejamento, a segunda é o roteiro, que pode constar de: vinheta; apresentação
do/s locutor/es; menção à data e ao tema do dia; rápida introdução do assunto;
vinheta transitória; avisos e convites; abordagem do tema planejado para o
episódio; preparação para o encerramento; vinheta transitória para direcionar
ao final; últimos avisos; convite ao CTA e encerramento. Na terceira etapa, que
é a de gravação, observe se o ambiente é confortável e silencioso; que tipo de
microfone será usado; se a gravação será individual ou em grupo, em sala grande
ou pequena ou em estúdio (recomenda-se conversar com um profissional que
entenda do assunto); por fim, definir como será gravado e onde será hospedado.
Algumas plataformas permitem que se grave diretamente pelo aplicativo,
inclusive com convidados. São exemplos de aplicativos: Spotify, Deezer, Amazon
Music, Apple Music.
A partir dessas informações, quem sabe
este não é o momento ideal para se acostumar a consumir esse formato de
conteúdo e também produzi-lo? A possibilidade de ouvir o Podcast enquanto
executa outra tarefa, como o banho, durante a preparação de uma comida, na
academia, dentre outras atividades “automáticas” faz desse recurso um grande
aliado da informação e do entretenimento.
CONCLUSÕES
Entendemos
que há múltiplas interfaces entre a psicologia e as tecnologias de comunicação.
O desenvolvimento tecnológico permitiu que as práticas psis atingissem um grande número de pessoas através das mídias. É
importante destacar que não há mudança de foco na intervenção do/a psicólogo/a,
que continua por tratar a intimidade e as biografias, mas há possibilidades de
mudança das práticas e espaços. Com a articulação das TICs, os limites dos
consultórios ultrapassam as paredes e ocupam os meios de comunicação de massa.
O diretor de cinema Joon Ho, no discurso do Oscar 2020 menciona Scorsese, dizendo que uma frase em especial marcou seu coração: “o mais pessoal é o mais criativo.” Se estamos “Navegando em Águas Azuis”, que possamos ir mar adentro em busca do conforto e desconforto, da fala e da escuta que sugere e liberta. Que sejam içadas as velas!
REFERÊNCIAS
CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cadastro e-Psi. Termos. Disponível em:
https://e-psi.cfp.org.br/termo/ .
Acesso em: 08. dez. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Brasília,
agosto, 2005. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf.
Acesso em: 08. dez. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP Nº 11/2018 de 11 de maio de
2018.
Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de
tecnologias da informação e da comunicação e revoga a Resolução CFP N.º
11/2012. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2018/05/RESOLU%C3%87%C3%83ON%C2%BA-11-DE-11-DE-MAIO-DE-2018.pdf
. Acesso em: 21 mai. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 04, de 26 de março de 2020. Dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a pandemia do COVID-19. Disponível em https://atosoficiais.co.br/cfp. Acesso em 05 de setembro de 2022.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 13, de 15 de junho de 2022. Dispõe sobre diretrizes e deveres para o exercício da psicoterapia por psicóloga e por psicólogo. Disponível em https://atosoficiais.co.br/cfp. Acesso em 05 de setembro de 2022.
DESPRET, Vinciane. Leitura etnopsicológica do segredo. Fractal: Revista de Psicologia, v. 23, n.1, p. 5-28, 2011.
JOON HO, Discurso do Oscar 2020.
RESULTADOS DIGITAIS:
https://blog.unp.br/podcasts-de-psicologia-conheca-os-4-melhores/
SILVA, Cristiane Moreira., MORAES, Márcia Oliveira. Tecnologia e Subjetividade: intimidade mediada por computadores. Psicologia em Revista, 12(19), 2006, pp. 44-53.
VELOSO, Renato. Tecnologias da Informação e Comunicação: desafios e perspectivas.
São
Paulo, SP. Ed. Saraiva, 2011. 1ª edição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário