Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo
Tenho feito mais filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu...
É assim que me sinto hoje. E, por senti-lo, consigo me afinar com Pessoa e compreender seu poema. Sempre acreditei que algumas palavras encontram eco em nós. Lemos ou ouvimos algo que bate em nosso coração e reverbera em nossa alma. E nos estremece. E aciona algum botão interior que promove a mudança. Deve ser alguma lei da Física, num dado instante, infinitesimal, em que as vibrações coincidem e se encaixam. Como engrenagens. Sutilmente.
O fato é que tenho em meu peito hipotético mais humanidades do que Cristo. E, o sentimento de hoje se deve à Mel. Fui até a casa do Flávio (e Marta - mesmo nome que minha mãe) e lá estava ela na varanda, deitada em sua caixinha de papelão, com água limpa e ração. Quando me viu, claro que me reconheceu e veio se esfregar em mim. Ela tem um mecanismo de arranhar o chão, se esticar toda e depois esfregar a cabeça em nossos pés. Fui para entregar o sabonete anti-sarna que havíamos comprado e o sabão de coco que o Salim deu. E meu coração se encheu de humanidades. E de alegria. E de paz...
Quando saí, ela colocou a carinha para fora da varanda e ficou me olhando. Dei adeus. Ela decidiu-se que ali seria sua casa. Aquela família, que um dia a acolheu e alimentou, é o seu lar. Então, obrigada Senhor! E não esqueça a minha oração. Abençoa-os com a dádiva da saúde e com prosperidade. Rogo pela prosperidade para que tenham um descanso, uma segurança e paz!
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