Ainda consigo sentir o cheiro do mato, vejo os degraus de pedra, a varanda de madeira. O piso de tábua, os grandes baús guardando enxovais.
Recebo o mascate e meus olhos brilham pelas novidades. Desta vez trouxe jóias e perfumes. As pedras muito me atraem. As coloridas. Ainda não tenho uma azul. Nem lavanda. Nem esmeralda. Careço de todas.
Ofereço água ao moço. O sol está escaldante. Ele tira o relógio do bolso, consulta as horas, olha o céu. Apresso-me em escolher os mimos para não prender o tempo do pobre homem. É preciso garantir a féria do dia, o sal da semana...
Mariana chega e diz que preparou broa quentinha. Peço que passe café, tempere o leite e ofereça ao viajante. Prolongo os minutos para deleitar meus olhos em tantas formosuras.
Por fim, escolho algo singelo, de acordo com a estação. Ainda não houve colheita para antecipar extravagâncias... São muitos a suster...
Trocamos informações. Ele, de terras distantes. Eu, de cotidianidades.
Com promessas de voltar, parte com o pó da estrada.
Olho para minha aquisição e sei do fogo fátuo que aquilo representa. Mas é tão necessário!
Como não posso partir também na poeira, recolho o bloco na gaveta e me ponho a escrever. Hoje, apenas levezas... Afinal, estou sob efeito de segundos tão felizes!
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