quarta-feira, 1 de maio de 2013

TRABALHO, Pão e Circo 2013

No início dos anos 90 tive a grande alegria de participar de um show do artista Lulu Santos, em Cambuci/RJ. Foi uma noite memorável. Uma multidão entusiasmada cantava, dançava, pulava, interagindo com o cantor, que, por sua vez, não deixava a desejar. Duas horas de show e ele resolve conversar com o público, verbalizando sua surpresa por tão calorosa acolhida, afinal tratava-se de uma festa para peões. Não satisfeito, e a essa altura sem camisa -  e, se não me engano vestindo uma calça legging branca - chama um vendedor de balões à gás no palco, compra todos eles, solta alguns - que vão saltitando céu acima - e exibe os demais saindo do cós da calça, na região lombar. Um êxtase total e mais 40 minutos de show! Nos meus 20 e poucos anos era o "circo" dos sonhos... 
Parênteses: (nessa época eu também já era responsável pelo meu pão).
Duas décadas se passaram e eis que o grande artista ainda encontra-se em evidência, atraindo também o público jovem. Meus filhos adolescentes já se incumbiram de colocar suas músicas nos iPod, iPhone e outros "ais" que possam existir... Nesse contexto, eis que surge uma notícia: Lulu Santos vem à Pádua em julho! Minha filha não pode conter-se de tamanha alegria, saltitante ao meu redor, enquanto faz seus planos mirabolantes... Fico feliz, afinal poderei reviver aquela noite incrível acompanhada das pessoas mais especiais da minha vida. Mas agora, o "circo" ganha aspecto diferente. 
A maturidade me fez perceber que o circo é muito bom, mas antes dele o "pão" deve estar à mesa. Porque é a segurança do cotidiano que traz a genuína alegria e a paz tão desejada. É a certeza de que depois do TRABALHO vem a remuneração, com dia e hora marcada. É a confiança que não pode ser traída, pois já cantava o saudoso Gonzaguinha: "sem o seu TRABALHO, um homem não tem honra e sem a sua honra, se morre, se mata... não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."
Estamos vivendo meses incertos, uma situação política que ainda não decolou. O funcionário efetivo sendo culpabilizado e ameaçado pelo desarranjo dos acontecimentos, o funcionário contratado sem a garantia do seu pão...
Para que a minha alegria seja completa e minha alma fique leve, desejo, de coração, que nos próximos dois meses, a "casa" esteja arrumada e o povo possa curtir o Lulu, mas sabendo que ao chegar em casa de madrugada, vai abrir a geladeira e encontrar o que comer; afinal poderemos ter duas horas e quarenta minutos de show... Como prever? 

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