Santo Antônio de Pádua, outono de 2013
Meu caro Ricardo,
Estou vivendo a segunda década do século XXI, nossa linguagem está bem diferente de sua época, mas não vou me expressar no jeito popularesco, porque tenho por formação, e predisposição íntima, a norma culta de escrever. Melhor assim, nos entenderemos...
Adoro livrarias e creia, em minha pequena Pádua não há nenhuma que se preze. Ainda assim, consegui encontrar uma preciosidade numa papelaria local: Vozes da Saudade.
Um de seus odes provocou um eco em meu coração. Vou transcrevê-lo aqui para refrescar-lhe a memória, afinal a obra é vasta e o mundo, uma imensidão...
Sim, sei bem
Que nunca serei ninguém
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra
Sei, enfim
Que nunca saberei de mim
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
Quanto engano! Pois estou a dizer-te que és imortal na letra que deixaste, no verbo que imprimiste, nas inúmeras faces que vestiste.
Quero marcar um encontro com Álvaro na Tabacaria para dialogarmos o poema homônimo. Seria pretensão?
Ao ler e reler cada linha, senti-me desnuda. Minha alma foi atingida mortalmente. Reconheci-me ali. Encontrei-me para de novo me perder na rotina que desgasta e consome, no ir e vir sem fim...
E por ter me reconhecido vi também a sua alma e estou em vantagem. Aqui posso conhecer a compilação de sua obra... Que bobagem! Eu creio na imortalidade da alma e sei que de onde estás, sopras onde quer...
Vou dormir. Envia-me a resposta em sonho. Se assim acontecer, continuaremos nos comunicando até, quem sabe, em alguma dobra do tempo, possamos nos encontrar.
Se te alegras saber, tua dor não foi em vão!
Obrigada e o meu carinho,
Alessandra
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