quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

(Breve) Memorial Cláudia Gonçalves Pereira de Oliveira

 Memorial Cláudia Gonçalves Pereira de Oliveira – 4ª edição/2021

(Escrito por Alessandra Barros Cretton, a partir de informações fornecidas pela homenageada).

 “A influência de um belo caráter é contagiosa e pode revolucionar uma vida inteira”.

Iniciamos com a frase de Pollyanna, personagem central do livro homônimo, de Eleanor H. Porter, não apenas porque esse livro é uma lembrança feliz na juventude de nossa homenageada, mas porque esse pensamento sintetiza o propósito dessa Medalha para nossa querida Claudinha - assim conhecida por todos que trilharam com ela os 31 anos de serviço no mesmo local: a sede da Secretaria de Educação de Santo Antônio de Pádua.

Para nós e para todos os outros é Claudinha, de Cláudia Gonçalves Pereira de Oliveira.

Nascida em 20 de maio de 1967, é filha de José Azevedo Pereira e Brasilina Gonçalves Pereira e tem em Maria Lúcia Barros dos Santos sua mãe de coração. “Tudo o que sou devo a ela e pode elogiar bastante, porque ela merece”, faz questão de destacar no material que embasa essa narrativa. Sim, para nós e para todos os outros é Lucinha, professora de renome em Santo Antônio de Pádua e, por ser mãe adotiva de Claudinha, logo se vê que conseguiu imprimir em sua tutelada os valores que formariam o belo caráter destacado. Por uma lógica transitiva, essa Medalha também é sua, Lucinha!

Claudinha teve sua formação escolar nos espaços do Colégio Estadual Almirante Barão de Teffé, antigo primário; no Colégio Estadual Rui Guimarães de Almeida e no Colégio Cenecista Caribé da Rocha, onde concluiu o curso de formação de professores, em 1986. Fez uma complementação de adicionais em Alfabetização em 1987 e outra em Ciências, em 1990, pelo Projeto Crescer. Seu currículo acadêmico preencheria poucas linhas na plataforma Lattes, mas esse não é o principal legado de nossa homenageada. Há que se reconhecer e valorizar outro tipo de legado – deveras o mais importante, porque sustenta todos os outros – o legado moral. Claudinha é para nós a materialização do espírito de serviço, não apenas como funcionária pública. Serviço na acepção maior da palavra, tão bem imortalizada no soneto de Camões: É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor...” Por conta desse espírito de serviço, foi assídua, pontual, recebeu a todos com simpatia, zelou pelo patrimônio público, anotando, naquelas milhares de fichas, cada borracha, cada lápis, cada caderno que era comprado e entregue; honrando o erário municipal. Guardiã, por anos a fio de todo o material que passava pela Secretaria de Educação, não media esforços em atender diversos anseios. “Claudinha, queremos uma folha colorida assim... assado...” e prontamente ela respondia: “vou ver o que posso fazer”. Passados alguns dias lá estava ela atendendo à solicitação, com “a folha verde-gliterada-brilhante”. Corre à boca miúda que por diversas vezes gastou do próprio salário para suprir alguma falta emergente, sem qualquer pretensão de cobrança ou retorno. Apenas pelo prazer em atender e servir. Durante todos esses anos foi sentinela atenta da folha de pagamento do nosso 1/3 de férias, que no município de Santo Antônio de Pádua é efetuada no mês em que o servidor faz aniversário de contrato ou admissão.

“Ter construído muitas amizades durante os 31 anos de trabalho é a melhor herança da minha vida profissional”.

Só conquista amigos quem é amigo. E dessa arte Claudinha entende muito bem. Um telefonema no aniversário, uma visita na doença ou no luto, na alegria do nascimento ou das bodas... Ela está sempre presente na vida dos afetos. Peço licença para narrar um fato muito marcante, contagioso, como no dizer de Pollyana. Certa vez estávamos em um almoço na Secretaria de Educação (de Páscoa, se não me engano), e um de nossos colegas enfrentava um tratamento de câncer, que lhe obrigou a extrair todos os dentes. Enquanto a maioria se regalava descontraída, ao redor da mesa, nossa homenageada estava em um canto da cozinha, preparando um prato em especial. Um gesto chamou-me a atenção: a forma como picava um peito de frango, tão pequenininho que parecia preparado a uma criança. Ao indagar por que fazia aquilo, respondeu: “é que nosso colega ainda não pode usar a prótese, e como está com dificuldades para mastigar, estou arrumando assim para ele, para facilitar.”

Facilitar a vida de alguém... Proporcionar alegria... Ser ponte... Incluir! Verbos muito bem conjugados por nossa homenageada. Ah, Claudinha, espero que essa narrativa possa impactar mais alguém nesta noite. Posso afirmar que sou uma pessoa um pouco melhor depois daquele dia, porque aprendi com seu exemplo a olhar as necessidades do outro antes do prazer próprio.

Pollyanna diria: “o que as pessoas querem é encorajamento. Em vez de censurar constantemente os defeitos de um homem, fale de suas virtudes.”

Com certeza poderíamos elencar diversas outras situações que confirmariam suas virtudes. Que funcionário, concursado professor, se dispõe a ajudar na preparação de 750 panquecas para “Uma noite em Veneza”? Fora todos os outros pratos... Sim, prezados ouvintes, nossa homenageada sempre estava nos bastidores da cozinha, ajudando na preparação das festas maravilhosas, que o capricho alheio idealizava. Alguém tem que fazer acontecer... Mas vejam como a vida é interessante. Por conta desse know how foi capaz de estar à frente na realização da festa dos 30 anos da 1ª turma da Municipalização do Ensino em Santo Antônio de Pádua, evento que ela considera como uma lembrança muito especial em sua jornada.

Obrigada, Claudinha, por sua dedicação ao serviço público. Tenha certeza de que, após sua aposentadoria, não conseguiu ser substituída. Sua vaga está lá... em aberto. “Como precisamos de uma outra Claudinha aqui” ouvimos outro dia, em conversa com nossos superiores.

Obrigada por seu exemplo de cidadã, amiga, mãe, esposa saudosa, religiosa, filha dedicada. O Conselho Municipal de Educação lhe confere a Medalha de Mérito Educacional Thereza Caldas, n° 14, edição, 2021, com louvor!



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