Memorial Cláudia Gonçalves Pereira de Oliveira – 4ª edição/2021
(Escrito por Alessandra Barros
Cretton, a partir de informações fornecidas pela homenageada).
Iniciamos
com a frase de Pollyanna, personagem central do livro homônimo, de Eleanor H.
Porter, não apenas porque esse livro é uma lembrança feliz na juventude de
nossa homenageada, mas porque esse pensamento sintetiza o propósito dessa
Medalha para nossa querida Claudinha - assim conhecida por todos que trilharam com
ela os 31 anos de serviço no mesmo local: a sede da Secretaria de
Educação de Santo Antônio de Pádua.
Para
nós e para todos os outros é Claudinha, de Cláudia Gonçalves Pereira de Oliveira.
Nascida
em 20 de maio de 1967, é filha de José Azevedo Pereira e Brasilina Gonçalves
Pereira e tem em Maria Lúcia Barros dos Santos sua mãe de coração. “Tudo o
que sou devo a ela e pode elogiar bastante, porque ela merece”, faz
questão de destacar no material que embasa essa narrativa. Sim, para nós e para
todos os outros é Lucinha, professora de renome em Santo Antônio de Pádua e,
por ser mãe adotiva de Claudinha, logo se vê que conseguiu imprimir em sua
tutelada os valores que formariam o belo caráter destacado. Por uma lógica
transitiva, essa Medalha também é sua, Lucinha!
Claudinha
teve sua formação escolar nos espaços do Colégio Estadual Almirante Barão de
Teffé, antigo primário; no Colégio Estadual Rui Guimarães de Almeida e no
Colégio Cenecista Caribé da Rocha, onde concluiu o curso de formação de
professores, em 1986. Fez uma complementação de adicionais em Alfabetização em
1987 e outra em Ciências, em 1990, pelo Projeto Crescer. Seu currículo
acadêmico preencheria poucas linhas na plataforma Lattes, mas esse não é o
principal legado de nossa homenageada. Há que se reconhecer e valorizar outro
tipo de legado – deveras o mais importante, porque sustenta todos os outros – o
legado moral. Claudinha é para nós a materialização do espírito de
serviço, não apenas como funcionária pública. Serviço na acepção maior da
palavra, tão bem imortalizada no soneto de Camões: “É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor...” Por conta desse espírito de serviço, foi
assídua, pontual, recebeu a todos com simpatia, zelou pelo patrimônio público,
anotando, naquelas milhares de fichas, cada borracha, cada lápis, cada caderno
que era comprado e entregue; honrando o erário municipal. Guardiã, por anos a
fio de todo o material que passava pela Secretaria de Educação, não media
esforços em atender diversos anseios. “Claudinha, queremos uma folha colorida
assim... assado...” e prontamente ela respondia: “vou ver o que posso fazer”. Passados
alguns dias lá estava ela atendendo à solicitação, com “a folha verde-gliterada-brilhante”.
Corre à boca miúda que por diversas vezes gastou do próprio salário para suprir
alguma falta emergente, sem qualquer pretensão de cobrança ou retorno. Apenas
pelo prazer em atender e servir. Durante todos esses anos foi sentinela atenta
da folha de pagamento do nosso 1/3 de férias, que no município de Santo Antônio
de Pádua é efetuada no mês em que o servidor faz aniversário de contrato ou
admissão.
“Ter construído muitas amizades durante os 31
anos de trabalho é a melhor herança da minha vida profissional”.
Só conquista amigos quem é amigo. E dessa arte
Claudinha entende muito bem. Um telefonema no aniversário, uma visita na doença
ou no luto, na alegria do nascimento ou das bodas... Ela está sempre presente
na vida dos afetos. Peço licença para narrar um fato muito marcante, contagioso, como no dizer de Pollyana. Certa
vez estávamos em um almoço na Secretaria de Educação (de Páscoa, se não me engano),
e um de nossos colegas enfrentava um tratamento de câncer, que lhe obrigou a
extrair todos os dentes. Enquanto a maioria se regalava descontraída, ao redor
da mesa, nossa homenageada estava em um canto da cozinha, preparando um prato
em especial. Um gesto chamou-me a atenção: a forma como picava um peito de
frango, tão pequenininho que parecia preparado a uma criança. Ao indagar por
que fazia aquilo, respondeu: “é que nosso colega ainda não pode usar a prótese,
e como está com dificuldades para mastigar, estou arrumando assim para ele,
para facilitar.”
Facilitar a vida de alguém... Proporcionar
alegria... Ser ponte... Incluir! Verbos muito bem conjugados por nossa
homenageada. Ah, Claudinha, espero que essa narrativa possa impactar mais
alguém nesta noite. Posso afirmar que sou uma pessoa um pouco melhor depois
daquele dia, porque aprendi com seu exemplo a olhar as necessidades do outro
antes do prazer próprio.
Pollyanna diria: “o que as pessoas querem é
encorajamento. Em vez de censurar constantemente os defeitos de um homem, fale
de suas virtudes.”
Com certeza poderíamos elencar diversas outras
situações que confirmariam suas virtudes. Que funcionário, concursado
professor, se dispõe a ajudar na preparação de 750 panquecas para “Uma noite em
Veneza”? Fora todos os outros pratos... Sim, prezados ouvintes, nossa
homenageada sempre estava nos bastidores da cozinha, ajudando na preparação das
festas maravilhosas, que o capricho alheio idealizava. Alguém tem que fazer
acontecer... Mas vejam como a vida é interessante. Por conta desse know how
foi capaz de estar à frente na realização da festa dos 30 anos da 1ª turma da Municipalização
do Ensino em Santo Antônio de Pádua, evento que ela considera como uma
lembrança muito especial em sua jornada.
Obrigada, Claudinha, por sua dedicação ao
serviço público. Tenha certeza de que, após sua aposentadoria, não conseguiu
ser substituída. Sua vaga está lá... em aberto. “Como precisamos de uma outra
Claudinha aqui” ouvimos outro dia, em conversa com nossos superiores.
Obrigada por seu exemplo de cidadã, amiga, mãe,
esposa saudosa, religiosa, filha dedicada. O Conselho Municipal de Educação lhe
confere a Medalha de Mérito Educacional Thereza Caldas, n° 14, edição, 2021,
com louvor!
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