Memorial Eleane Bittencourt Coelho – 3ª edição/2020
Eleane
Bitencourt Coelho nasceu em Monte Alegre, 6º Distrito do nosso Município, filha
do comerciário Bertoldo Rodrigues Coelho, cambuciense de nascimento e
monte-alegrense de coração, e Eunice Bitencourt Rodrigues, monte-alegrense, do
lar e posteriormente servidora federal dos Correios e Telégrafos.
Seu
nome é derivado de uma das paixões de seu pai – a política. Era o nome da irmã
do candidato à presidência da República, Eduardo Gomes, em 1945; uma eleição
importante, depois de um grande período da Ditadura de Getúlio Vargas. Seu pai
já tinha homenageado o político com o nascimento de seu primeiro filho, chamando-lhe
Eduardo. Teve mais dois irmãos, Marilene e Luiz Carlos.
Sua
infância foi em Monte Alegre, num lar com muito amor e respeito, e tendo as
ruas sem trânsito como palco das brincadeiras, pois ali só existia um fordeco,
e o ônibus que passava em dois horários, manhã e tarde. As brincadeiras eram de
pique-bandeira, pique-esconde, roda, conversas nas calçadas e também nas épocas
de moagens de cana, deliciava-se com as canas disponibilizadas, a pedido, pelos
condutores dos carros de boi que as transportavam para o Engenho do Seu
Alberto.
Mas
a infância não era só brincadeiras! Não havia pré-escola e ao completar 7 anos
foi matriculada no Grupo Escolar “Temístocles de Almeida”, onde também
estudaram dois de seus irmãos, Eduardo e Marilene. Traz consigo boas
recordações daquela época: sua alfabetizadora, uma monte-alegrense
recém-formada - Maria Jane Mello Simão, e sua melhor amiga Maria das Dores
Bastos.
Seus
pais se preocupavam com a cultura e tinha na leitura um grande incentivo:
“gibis”, a revista “Nosso Amiguinho”, suplementos infantis dos jornais
assinados, que devorava. Na adolescência, as revistas de telenovelas:
“Capricho”, “Sétimo Céu”, bem como o acesso às revistas “O Cruzeiro”, “Fatos e
Fotos”.
Cinema,
também paixão dos pais, foi incentivado, liberando-a a assistir desde cedo os
“sem-censura” como as chanchadas brasileiras com os atores Oscarito, Grande
Otelo, Zé Trindade, Mazzaropi. Lembranças dessa época a levou às lágrimas,
quando, há pouco tempo, assistiu ao filme “Cinema Paradiso”. Era o cinema de
Monte Alegre!
Mídia
falada era o Rádio, sendo as estações mais ouvidas a “Nacional” e “Tupi”. A
família reunida ouvia o noticiário do “Repórter Esso”, e os de entretenimentos: “Seu Criado, Obrigado”,
“Hora do Pato”, “Primo Pobre e Primo Rico”, “Jerônimo, o Herói do Sertão” e as
novelas com as lindas vozes de Paulo Gracindo, Mário Lago, Isis de Oliveira e
outros.
Já
adolescente, tendo terminado o curso primário há um ano, sua mãe, como
servidora dos Correios e Telégrafos, foi transferida para Pádua. Nova
residência à rua 10 de Novembro, hoje, Massaud Simão, novos amigos e sobretudo
nova vida, pois, logo foi matriculada no Colégio de Pádua para um curso de
pré-admissão ao Ginásio.
No
Colégio de Pádua no período de 1961 a 1967, cursou o ginásio e também a Escola
Normal de Pádua, onde fez muitos novos amigos, alguns com contatos até hoje.
Nesse
período, foi introduzida a pensar política, com eleições anuais dos membros do
Grêmio Lítero Esportivo “São José”, bem como da Rainha dos Estudantes. E,
paralelamente, no âmbito municipal, dos membros da Federação dos Estudantes de
Pádua.
No
campo acadêmico, além da Escola Normal, cursou Pedagogia na área do Magistério
das disciplinas pedagógicas de 2º grau na Faculdade de Filosofia de Itaperuna.
Na Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta, Rio de Janeiro, cursou
Pedagogia na área de Supervisão Escolar e Orientação Educacional. Posteriormente,
pós-graduação, lato-sensu, em Concentração Didática na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras Nair Fortes Abu-Merhi, em Além Paraíba.
No
campo profissional, aprovada em concurso público, foi: Professora Primária na
Escola Reunida “Boa Vista”, no Goiabal, Município de Cambuci, na Escola Reunida
“Santa Maria” em São José de Ubá, na época Distrito de Cambuci e Grupo Escolar
‘Temístocles de Almeida no Distrito de Monte Alegre no Município de Santo
Antônio de Pádua.
No
Segundo Grau atuou no Colégio Estadual “Ruy Guimarães de Almeida” na formação
de Professores, sendo por diversas vezes Paraninfa das Formandas.
Em
concurso de títulos foi alçada ao cargo de Inspetor Escolar no Município de
Santo Antônio de Pádua visitando Escolas Rurais e urbanas, bem como
participando de várias comissões de recolhimento de arquivos e comissões para
criação de Escolas Particulares.
Com
a criação da Coordenadoria Regional do Noroeste Fluminense foi Assessora da
Coordenadora, Professora Penha Velasco. E, Coordenadora do Projeto Alunos
Residentes dos CIEPs de 13 Municípios.
Foi
criado por essa gestão na Coordenadoria, o Centro de Estudos Supletivos de
Pádua, tendo sido nomeada como sua primeira Diretora, incumbida de implantar o
projeto. Sem sede, como acontece até hoje, funcionávamos no CIEP “Ginásio
Anaíde Panaro Caldas”. O CES teve uma grande importância para os concursandos
de carreiras de 2º grau que não o tinham concluído. Quando o viu bem montado e
estruturado, deixou a Direção e passou a atuar como Docente na cadeira de
Filosofia no mesmo estabelecimento.
Paralelamente
à sua atuação no serviço público, foi Professora no Colégio de Pádua e Caribé
da Rocha; Diretora do Ensino Fundamental do Centro Educacional Professor Rui
Azevedo; Membro do Conselho Municipal de Educação por 06 anos, tendo ajudado na
elaboração do Plano Municipal de Educação no ano de 2015.
Participou
de mais de 30 Fóruns de Educação e Cultura do Estado do Rio, entre eles o do
Programa da Reforma Educativa para a América Latina.
Foram
42 anos dedicados à Educação, vindo a se aposentar após ter-se submetido à
mastectomia, tratamento quimioterápico e radioativo. Hoje curada!
Sempre
esteve envolvida com a cultura e vida social da Cidade. Foi Diretora Social do
Campestre Pádua Clube e do Clube Social de Pádua.
É
membro efetivo da Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências – APLAC – onde
ocupa a Cadeira nº 45 que tem como Patrono Caribé da Rocha. Tendo presidido a
mesma no período de 11 de janeiro a 28 de setembro de 2018 com o falecimento de
sua Presidente, Maria Thereza Caldas Velasco.
Ela
juntamente com Mariinha Almeida e Evaldo Xavier e inspirados nos Festivais da
Canção que “bombavam” no Rio de Janeiro e eram transmitidos pela mídia
televisa, criaram o “Festival da Canção Popular de Pádua – FECAP. O primeiro foi em 1975
seguidos de muitos outros. Eram realizados no Campestre Pádua Clube por 3 dias
de muitas festas e com a participação de músicos paduanos, cidades adjacentes e
outros Estados.
No
campo cívico, no Tribunal de Justiça/RJ foi jurada de vários Júris Populares. E
no Tribunal Regional Eleitoral foi mesária, atuando por diversas vezes como
Presidente de Mesa e também escrutinadora de várias eleições.
No campo pessoal, permaneceu solteira, porém,
sem solidão, pois além dos seus irmãos e sobrinhos, tem “um milhão de amigos”
que a enchem de alegria e carinho. Mas como a vida não é só alegria, teve suas
grandes perdas: sua mãe em 1968, seu irmão, Eduardo, em 1974, seu pai em 1987 e
mais recentemente seu cunhado, Luiz Felipe Haddad, em 2020.
Hoje
aposentada, dedica-se à viagens, leitura, filmes e seriados televisivos.
Uma
vida tão rica... Legado para diversas gerações... Muitos aqui presentes nesta
Cerimônia foram seus alunos. Parabéns, Eleane! Você não poderia deixar de ser
homenageada com a ilustre Medalha Thereza Caldas. Pádua lhe deve enorme
gratidão!
(Memorial
fornecido pela própria homenageada, com finalização de Alessandra Barros
Cretton).
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