O grupo Cidade Negra, em sua composição – A Estrada, assim diz:
Você
não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui
Percorri
milhas e milhas antes de dormir
E
eu nem cochilei
Os
mais belos montes escalei
...
Esta
caminhada teve início no dia 26/12/1967, às 23h 12 min, na Casa de Saúde e
Maternidade Pio XII, onde sua mãe dera à luz pela segunda vez, dos cinco filhos
que gerou (Rita, Cássia, Urgel, Rosimere e Gabriela).
Seus
pais, Renaldo Silveira e Maria Luiza da Silva Silveira, sempre se esforçaram
muito para oferecer o melhor, a ela e a seus irmãos. De família católica,
as saudosas irmãs Dulce e Ilda são referências na sua formação Cristã.
Lembra-se
com saudade, que todo sábado, tia Dulce passava de porta em porta pegando
crianças para o catecismo. E brincando, cantando e rezando iam felizes para a
capela de São Sebastião, localizada no bairro Dezessete, onde fez a primeira
comunhão, juntamente com outras pessoas que a vida e o tempo se encarregaram de
afastar de seu convívio.
Desde
cedo sabia que seria professora, pois por diversas vezes ouvira de sua mãe o
relato de que quando nasceu, vô Bastião, seu saudoso avô do coração, dissera:
“Nasceu uma professorinha”!
Com
uma infância enfeitada de muitas alegrias, brincadeiras, rezas, procissões e
poucas travessuras, pouco a pouco, nos corredores, salas e carteiras da extinta
E. E. Dep. Salim Simão, onde concluiu o Ensino Primário, descobriu, ao som do
piano da professora Sheila, sob o olhar carinhoso da professora Santa e sob o
comando da diretora carinhosamente chamada de Aldinha, que queria sim, ser
professora. “Uma boa professora”, ela afirma com brilho nos olhos.
Cursou
o Ensino Fundamental II e Médio no extinto Colégio Cenecista Caribé da Rocha.
De lá, só boas recordações e amizades que perduram até hoje. “ Basta
fechar os olhos e consigo me ver naquele uniforme, indo para a escola. Ah, que
saudade daquela linda saia verde plissada... Quanto orgulho meu pai
sentiu ao ver sua filha formada!” Ela confidencia.
Em
1988, indicada por uma grande amiga da escola, começou a trabalhar. Sua
primeira experiência profissional se deu na primeira e extinta Creche Vovô
Henrique - Instituição filantrópica dirigida por Lydia Maria de Castro Martins,
que, por uma feliz coincidência, também é agraciada com a Medalha Thereza
Caldas, nesta mesma edição de 2020. Lá permaneceu por seis anos. Ao lado de
pessoas extraordinariamente comprometidas com o bem-estar e a formação integral
da criança, aprendeu a trabalhar com amor, dedicação, em equipe e a pensar em
formar cidadãos para a vida.
Em
1994, após concurso público municipal, foi trabalhar na E. M. PROFª, Lélia
Leite de Faria, localizada em Santa Cruz, terceiro distrito de Pádua, atuando
na Educação Infantil e no Fundamental I.
Em
março de 1997 foi remanejada para E. M. Dep. Armindo Marcílio Doutel de Andrade
– EMDAMDA - e lá assumiu pela primeira vez uma classe de
alfabetização. “Quando assumi a turma pela primeira vez, pensei que ia
enlouquecer e como toda iniciante pedi ajuda aos colegas e alguns cadernos
também. E não é que comecei a gostar daquela loucura!? Dia a dia observando,
percebendo os avanços, as dificuldades, se encantando, construindo junto, se
renovando”.
Buscou
ajuda na UFF – fazendo um curso de extensão em Alfabetização, depois, com o PCN
Alfabetização mais uma luzinha se acendeu.
“Amo
minha profissão e sei da importância da formação continuada para a prática
docente, por isso, tenho orgulho de dizer que participei de todas – PROFA, ALÉM
DAS LETRAS, PRÓ LETRAMENTO, PNAIC (este como cursista e três anos como
formadora – 2016, 2017 e 2018) e outros oferecidos pela Secretaria Municipal
de Educação e Cultura”, ela relata com
disfarçado orgulho.
Formada
em Pedagogia, Pós-graduada em Supervisão e Orientação Educacional é professora
regente há trinta e dois anos, dos quais, vinte e um anos são dedicados
exclusivamente à missão de alfabetizar.
Toda
essa dedicação foi recompensada com dois prêmios (2006 e 2009) no Projeto
Desafio para Mudança – Professor Nota 10, organizado pela Secretaria Municipal
de Educação e Cultura (SMEC).
Em 2006, alcançou o 2º lugar com o Projeto
“Semeando”.
Em 2008, alcançou o 1º lugar no projeto Estadual
organizado pelo Instituto Avisa Lá, com o projeto denominado “Projeto Poesia”.
Em 2009, alcançou o primeiríssimo lugar com o
Projeto “Minha escola, meu bairro, meu vizinho, minha vida”.
“Sinto
que minha trajetória como alfabetizadora trilhou pelos sólidos caminhos da
pesquisa, da alegria pela descoberta, do cuidado, da persistência, e acima
de tudo pelo respeito aos pequeninos a mim confiados e em sua capacidade de aprender
e ensinar”, ela confidencia mais uma vez.
Em
2014, foi convidada para compor a equipe de elaboração do Currículo Estruturado
da Rede Municipal de Ensino, colaborando na construção do currículo do 1º ano,
juntamente com a professora Rosimeri Franklin Dias.
Passados
27 anos, a vida a surpreende mais uma vez. A amiga que a indicara para o
primeiro emprego, a indica novamente, agora para compor a equipe PROAMA-
Professor Articulador e Monitor da Aprendizagem, uma ação do Departamento
Pedagógico da SMEC, com o objetivo de acompanhar o trabalho realizado nas
escolas e o desenvolvimento dos alunos.
Com
o fim do PROAMA, continuou no Departamento Pedagógico da SMEC, como coordenadora
do Fundamental l (1º ao 3º ano até o ano de 2020).
“Ser
convidada para compor a equipe de elaboração do Currículo e para ser um dos
membros do PROAMA, foi muito marcante em minha vida”, ela diz.
Em
sua jornada, fez parte de Conselho Municipal do Fundeb e do Conselho Municipal
de Nutrição. Hoje, tem o privilégio de ser membro Conselho Municipal de
Políticas Culturais e também do Conselho Municipal de Educação, eleita
presidenta para a gestão junho de 2021 a março de 2023.
Segundo
ela, o conselheiro exerce um papel muito importante, visto que atua como
mediador e articulador da relação entre a sociedade e os gestores da Educação e
da Cultura.
Em
2020 atuou como Coordenadora Pedagógica na Escola Municipal João Jazbik,
vivenciando as dificuldades de coordenar o trabalho pedagógico remoto, a
alegria de poder compartilhar um pouco de sua experiência e a expectativa de
experimentar o novo. E que novo! “Precisei me alfabetizar nas
tecnologias, aprender a me conectar”, ela relata.
Aposentada
numa matrícula, trinta e dois anos depois, ainda atua como alfabetizadora na
mesma escola. Hoje, ao visitar sua história, se depara com um caminho
percorrido com responsabilidade, disciplina, comprometimento e muito amor. Um
caminho onde afirma que as alegrias foram e são infinitamente maiores que as
tristezas. Onde cada sementinha foi cuidadosamente regada e preparada para
florir, cada uma em seu tempo. Porque somos assim; crianças, adolescentes,
jovens, adultos, idosos; todos florimos.
Esta é uma pequena parte da vida profissional de nossa homenageada, Cássia Maria Silveira Souza, professora, casada com Cristiano da Silva Souza, mãe de duas meninas lindas, Nicolly Silveira Souza (15 anos) e Emily Silveira Souza (13 anos), eternamente apaixonada pela alfabetização e muito a grata a todos que fizeram e fazem parte desta história. E é por esse legado, Cássia, que hoje você recebe a Medalha de Mérito Educacional Thereza Caldas, com imensa gratidão de toda a rede municipal de Santo Antônio de Pádua. Parabéns!
Nenhum comentário:
Postar um comentário